'Outro' Jayme Cortez...
Outra vez Jayme Cortez, depois de O Terror Negro, no volume inicial da colecção que a Polvo achou por bem - e muito bem! - dedicar-lhe, organizada por Fabio Moares.
Depois do terror puro, agora é a vez do super-herói Zodiako, já parcialmente publicado entre nós na Riquiqui, da Portugal Press, no longínquo ano de 1979. Ou talvez não propriamente super, mas indiscutivelmente herói.
Herói clássico, no visual, inspirado numa estátua grega vista por Cortez no Louvre, e no traço, inspirado na art nouveau como o autor já experimentara em partes da segunda versão de O retrato do mal. E herói clássico também, no espírito de missão e de completa entrega à tarefa que lhe é entregue.
Aquele tipo de desenho, de pendor realista, detalhado, tinha bastantes cultores na altura de publicação de Zodiako (meados da década de 1970), assim como a sua temática pacifista, mostrando a atenção à actualidade por parte do criador luso-brasileiro.
Como premissa, Cortez utiliza aprimeira explosão nuclear no planeta Terra, como fonte de preocupação dos titulares zodiacais, que surgem aqui como noutros registos surgem os deuses gregos do Olimpo, numa dupla missão de observação e correcção de desvios por parte dos habitantes do nosso planeta. Depois de muita discussão - a humanidade latente em deuses e signos… - é tomada a decisão de enviar ao nosso planeta Zodiako, um ser de coração puro que recebe como ‘armas’ uma dádiva de cada um dos signos: discernimento, paciência, força, poesia, bom-senso… com o senão de que só poderá usar uma vez cada uma delas.
Chegado ao seu destino, descobre que o planeta está sob domínio de um tirano, a quem terá de depor para começar a sua tarefa.
Com uma forte componente mística e para-religiosa, Zodiako é fruto do seu tempo e mais uma prova da versatilidade de um grande autor, sendo de lamentar que uma segunda parte, anunciada, nunca tenha sido concretizada por Cortez.
Nota final
Se no texto anterior referi como senão o menor formato da edição da Polvo - embora com interessantes extras - tenho de reiterar a ‘queixa’ agora, acrescentando também o facto de a prancha 31 ter sido duplicada - sem no entanto faltar nenhuma outra. Algo que está a ser corrigido em nova edição do livro.
E, uma vez que estou neste registo, manifestar o lamento por a(s) obra(s) de Jayme Cortez ainda não ter(em) sido distribuída(s). Não basta editar, é necessário tornar as obras acessíveis aos potenciais leitores...
Zodiako
Biblioteca
Jayme Cortez #1
Organização
e edição: Fábio Moraes
Polvo
Portugal,
Outubro de 2022
180
x 240 mm, 56
p., pb, capa dura
12,99
€
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Só um pequeno reparo, se não me levar a mal. O Zodiako não foi parcialmente publicado no Riquiqui. Foi Totalmente: as primeiras 20 pranchas no Riquiqui 9 e o restante no Riquiqui 12. Não retirando o interesse dos extras do livro da Polvo, o texto introdutório, da responsabilidade de Álvaro de Moya, que aparece no Riquiqui 9 é muito bom.
ResponderEliminarLetrée
Agradeço a correcção. Não tenho a Riquiqui, baseei-me em informações recebidas.
EliminarBoas leituras