20/02/2025

Napoleão #1-#3 (de #3)

Ascensão e queda

O acaso, mais uma vez, juntou no tempo - nas minhas leituras e na sua expansão através dos textos que aqui escrevo - duas obras de temática similar: ambas são aproximações biográficas a dois dirigentes políticos e ditadores.
A primeira, Hitler, está aqui em As Leituras do Pedro, desde a passada terça-feira; a outra, Napoleão, sob a forma de tríptico, entra agora.

Um e outro, separados no tempo por cerca de dois séculos, apresentaram características de alguma forma comuns: procurar o (que achavam ser) melhor para o seu país e o seu povo, um olhar visionário e, como todos aqueles que aspira(ra)m a dominar o mundo no seu tempo, um pouco de loucura e um pouco megalomania. Demasiada, nos dois casos. E, ambos, quase atingido o cume do seu poderio e império, começaram a longa e estrepitosa queda no mesmo local: o território russo.

Napoleão, objecto do texto de hoje, revela-nos um estratega de primeira água e, apesar da formação militar, também um hábil político, capaz de fazer, desfazer e refazer alianças, segundo os seus próprios interesses e momentos da História, procurando nos gabinetes do poder o apoio que (quase) sempre teve do povo, ávido de lideranças fortes e fácil de seduzir por feitos fora do comum.

Num percurso único e assinalável, impiedoso com os inimigos, doce - até certo ponto.... - com as mulheres que amou e que tanto o traíram, incapaz de abandonar ou esquecer aqueles que combateram ao seu lado, fosse qual fosse a sua patente, Bonaparte conseguiu derrotar os jacobinos e os monárquicos, seus adversários internos, bem como os que eram exteriores: ingleses, austríacos, prusssianos, os que se opunham aos seus sonhos de conquistas. 

Dessa forma a Holanda, a Suíça, a Itália, a Alemanha, a Áustria, a Espanha ou... Portugal - bem como parte das Américas, a Síria e o Egipto de onde vislumbrou a sua grandeza pessoal e um futuro risonho que não se cumpriria - fizeram parte de um imenso império francês que ele sonhou maior e mais forte sob a sua direção, evitando o regresso à monarquia e defendendo a república e a constituição, pelo menos perante os teus próprios olhos.

Durante uma década intensa e única, sensivelmente um quinto da sua vida, Napoleão mudou a fase do mundo civilizado tal como o entendemos hoje.

[E se a História - em BD - é hoje, de novo, uma variante em crescimento - e dentro dela as biografias, tanto mais apaixonantes quanto o homem abordado nos toca - é pena que tão pouco se aprenda com ela...]

Desta abordagem da série Eles fizeram História, que conta com um dossier final que aprofunda o que a banda desenhada narrou e continua a ser aposta da Gradiva, inegável sinónimo do sucesso (comercial) que tem alcançado, fica a condensação em menos de 150 páginas de uma vida repleta, o que por vezes obrigou a demasiado enunciamento de factos sem o devido apoio gráfico e um desenho apenas cometente, que o tema merecia mais cuidado.


Napoleão #1 a #3
Noël Simsolo (argumento)
Jean Tulard (historiador)
Fabrizio Fiorentino e Alessio Cammardello (desenho)
Gradiva
Portugal, Abril e Agosto de 2024 e Janeiro de 2025
244 x 318 mm, 64 p. (cada), cor, capa dura
20,99 (cada)

(imagens disponibilizadas pela Gradiva; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

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