Ascensão
e queda
O
acaso, mais uma vez, juntou no tempo - nas minhas leituras e na sua
expansão através dos textos que aqui escrevo - duas obras de
temática similar: ambas são aproximações biográficas a dois
dirigentes
políticos e ditadores.
A
primeira, Hitler,
está
aqui em As
Leituras do Pedro, desde
a passada terça-feira; a outra,
Napoleão,
sob
a forma de tríptico, entra agora.
Um e outro, separados no tempo por cerca de dois séculos, apresentaram características de alguma forma comuns: procurar o (que achavam ser) melhor para o seu país e o seu povo, um olhar visionário e, como todos aqueles que aspira(ra)m a dominar o mundo no seu tempo, um pouco de loucura e um pouco megalomania. Demasiada, nos dois casos. E, ambos, quase atingido o cume do seu poderio e império, começaram a longa e estrepitosa queda no mesmo local: o território russo.
Napoleão, objecto do texto de hoje, revela-nos um estratega de primeira água e, apesar da formação militar, também um hábil político, capaz de fazer, desfazer e refazer alianças, segundo os seus próprios interesses e momentos da História, procurando nos gabinetes do poder o apoio que (quase) sempre teve do povo, ávido de lideranças fortes e fácil de seduzir por feitos fora do comum.
Num percurso único e assinalável, impiedoso com os inimigos, doce - até certo ponto.... - com as mulheres que amou e que tanto o traíram, incapaz de abandonar ou esquecer aqueles que combateram ao seu lado, fosse qual fosse a sua patente, Bonaparte conseguiu derrotar os jacobinos e os monárquicos, seus adversários internos, bem como os que eram exteriores: ingleses, austríacos, prusssianos, os que se opunham aos seus sonhos de conquistas.
Dessa forma a Holanda, a Suíça, a Itália, a Alemanha, a Áustria, a Espanha ou... Portugal - bem como parte das Américas, a Síria e o Egipto de onde vislumbrou a sua grandeza pessoal e um futuro risonho que não se cumpriria - fizeram parte de um imenso império francês que ele sonhou maior e mais forte sob a sua direção, evitando o regresso à monarquia e defendendo a república e a constituição, pelo menos perante os teus próprios olhos.
Durante uma década intensa e única, sensivelmente um quinto da sua vida, Napoleão mudou a fase do mundo civilizado tal como o entendemos hoje.
[E se a História - em BD - é hoje, de novo, uma variante em crescimento - e dentro dela as biografias, tanto mais apaixonantes quanto o homem abordado nos toca - é pena que tão pouco se aprenda com ela...]
Desta abordagem da série Eles fizeram História, que conta com um dossier final que aprofunda o que a banda desenhada narrou e continua a ser aposta da Gradiva, inegável sinónimo do sucesso (comercial) que tem alcançado, fica a condensação em menos de 150 páginas de uma vida repleta, o que por vezes obrigou a demasiado enunciamento de factos sem o devido apoio gráfico e um desenho apenas cometente, que o tema merecia mais cuidado.
Napoleão
#1 a #3
Noël
Simsolo
(argumento)
Jean
Tulard (historiador)
Fabrizio
Fiorentino e Alessio Cammardello
(desenho)
Gradiva
Portugal,
Abril
e Agosto de 2024 e Janeiro de 2025
244
x 318
mm, 64
p.
(cada),
cor, capa dura
20,99
€
(cada)
(imagens disponibilizadas pela Gradiva; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
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