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06/07/2012

Homem-Aranha #118








Mudança – partes 2, 3 e 4
Zeb Wells (argumento)
Chris Bachalo e Emma Rios (desenho)
Towsend, Mendonza, Olazaba, Irwin e Bachalo (arte-final)
Antonio Fabela (cor)
Panini Comics (Brasil, Outubro de 2011)
170 x 260 mm, 76 p., cor, comic-book mensal
R$ 6,50 / 2,80 €



1.       Confesso que achei uma aberração, quando a Marvel, num passe místico, decidiu acabar com o casamento de Peter Parker e Mary Jane, para aproximar o herói aracnídeo do seu público-alvo.
2.      Não só porque a situação em si é absurda e pouco consistente no universo em que se move a personagem, mas também porque, ao fazê-lo, apagou décadas de (boas) histórias e inviabilizou um potencial narrativo que não me parece de todo desprezável
3.      Mas, como a minha opinião não passa disso – mesmo quando partilhada por muitos mais – só me restavam duas opções: desistir das histórias do Aranha (um dos poucos super-heróis que realmente aprecio) ou continuar a lê-las.
4.      A opção que tomei foi esta última e, dando o braço a torcer, reconheço que a “nova fase” tem tido histórias bastante interessantes...
5.      (…mesmo quando a opção é recontar pela enésima vez confrontos - já “clássicos” - com vilões originais, algo em que a Marvel se especializou e faz recorrentemente).
6.      É o que acontece neste “Homem-Aranha” #118, actualmente distribuído nas bancas e quiosques portugueses, numa história introduzida no #117 e que agora se conclui
7.      (e que embora possa ser lida de forma autónoma, é parte de um arco bem mais longo, há vários meses a decorrer nesta revista).
8.     O vilão de serviço é o Lagarto/Curt Connors, numa história densa e movimentada, bem explanada e com tudo para prender mesmo leitores que geralmente não apreciam super-heróis, ao mesmo tempo que é também uma metáfora sobre as lutas interiores que quotidianamente temos de enfrentar para moldarmos a personalidade e seguir em frente.
9.      Mas, o que realmente faz a diferença em “Mudança”, e me fez ampliar este "fim-de-semana aracnídeo" aqui em As Leituras do Pedro, é a soberba arte de Chris Bachalo – um dos meus desenhadores de comics favoritos – que transformou o Lagarto – agora inteligente e mais manipulador do que violento - num ser imenso, algures entre a forma humanóide (de Connors) e a reptilínea do animal, tanto  mostrado integralmente (apesar de não conseguirmos definir exactamente a sua forma…) como em incomodativos close-ups de tal pormenor que quase sentimos a sua pele viscosa e o seu hálito agoniante.
10.  A par disso, Bachalo usa com mestria uma planificação original, diversificada e extremamente dinâmica, com recurso frequente a vinhetas verticais inseridas numa imagem maior, para realçar expressões, detalhar a acção ou acelerar ou abrandar o seu ritmo.
11.   A paleta de cores utilizada, maioritariamente composta por tons frios, contribui também para acentuar o ambiente opressivo e hostil que envolve toda a narrativa.
12.  O resultado, são pranchas magníficas que, o papel baço e mais absorvente da edição brasileira não permite desfrutar em todo o seu esplendor, daí também a opção por previews da edição original norte-americana para ilustrar este texto.



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