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05/10/2010

Os Meninos Kin-Der

Lyonel Feininger (argumento e desenho)
Libri Impressi (Portugal, Maio de 2010)
330 x 440 mm, 40 p., cor, brochada


Resumo
Os meninos Kin-Der (o letrado Daniel Webster, o comilão insaciável Bocadetorta e o forte Teddy Enérgico), na companhia do seu bassset Sherlock Bones e do autómato Japansky, partem em viagem a bordo de uma banheira (sic). No seu encalço, utilizando um aeróstato, seguem a Tia Jim-Jam e o Primo Gussie, com o objectivo de lhes darem a dose diária de óleo de rícino.

Desenvolvimento
Num mundo ideal não seria preciso dizer que esta é uma obra datada de 1906 - não, não é gralha” – e que o seu autor, Lyonel Feininger, é um célebre artista ligado ao Cubismo e à Bauhaus, de que alguns elementos já podem ser encontrados nesta sua curta (muito curta, para quem gosta de BD…) incursão pelas histórias aos quadradinhos. Todos o saberiam.
Num mundo ideal, não seria necessário falar da história simples e ingénua, ao ritmo de um episódio por pranchas semanal, nem dos episódios de uma simplicidade desarmante, embora com um interessante e conseguido sentido de humor e um ritmo narrativo muito assinalável. Todos os conheceriam.
Num mundo ideal, faria parte do senso comum que o deslumbramento provocado por “Os meninos Kin-Der” se deve essencialmente à sua componente gráfica. Por isso, seria desnecessário referir que cada prancha, embora encaixada na necessária sequência narrativa, funciona como um todo. Ou que a sua planificação varia de semana para semana, entre pranchas de imensa vinheta única aquelas multi-divididas, com vinhetas horizontais e/ou verticais.
Num mundo ideal, seriam por todos reconhecidas pranchas mais experimentais, como a da página 27 em que a acção decorre a dois tempos, no telhado da casa e no seu interior, funcionando a janela do edifício como uma segunda (mini-) prancha integrada no conjunto maior das vinhetas típicas, com formas regulares (quadrados, rectângulos). Ou a divisão da terceira tira (e da respectiva acção) da página 32 em duas vinhetas para prolongar o tempo em que decorre.
Num mundo ideal, o experimen-talismo, a liberdade gráfica, o sentido de composição da prancha de Feininger seriam atributos desta banda desenhada que alimentariam as conversas de todos.

A reter (tanto neste mundo como no ideal)
- A originalidade e modernidade da obra que hoje, mais de um século após a sua criação, se lê com o mesmo prazer e sentimento de descoberta.
- A magnífica restauração dos originais levada a cabo por Manuel Caldas.
- O imponente tamanho da edição e a gramagem do seu papel.
- A excelente e completa introdução de Rubén Varillas que dificultou sobremaneira a escrita deste texto.
- A reprodução de uma prancha em tamanho original incluída na edição para quem a encomendar directamente ao editor, o que aconselho vivamente.

Menos conseguido
- Num mundo ideal, este texto já teria sido escrita e publicada aqui há mais tempo. As minhas desculpas, ao Manuel Caldas e aos leitores de As Leituras do Pedro, em especial àqueles que só após a lerem vão comprar o livro.
- Num mundo ideal, Lyonel Feininger não teria alimentado esta série durante uns poucos meses apenas, mas teria feito dela – e de outras que se lhe seguiriam – o trabalho de toda a sua vida. - Num mundo ideal, a edição incluiria também o integral de Wee Willie Winkie’s World, outra série de Feininger, e teria uma bela capa cartonada em vez de ser uma edição agrafada.
- Num mundo ideal, os jornais norte-americanos (e os dos outros países também…) teriam continuado a publicar bandas desenhadas estimulantes e graficamente arrojadas como esta, neste mesmo imenso formato.
- Num mundo ideal, uma edição como esta não seria uma excepção mas sim a regra nas livrarias portuguesas.
- Num mundo ideal, os exemplares desta edição não seriam apenas umas poucas centenas; ela seria um autêntico “best-seller”. Como não estamos num mundo ideal, longe disso, mas num país chamado Portugal, a única hipótese que temos de nos aproximarmos daquele é comprar e desfrutar desta soberba edição. Futuras edições ideais, como esta, também dependerão disso.
- Num mundo ideal, haveria muitas edições como esta e, por isso, também estantes à sua medida. No nosso mundo real, este é um livro bem difícil de arrumar!

Curiosidade
- Apesar dos seus 33 x 44 cm, maior do que o A3 (!), esta edição reproduz as pranchas apenas a 68 % do seu tamanho original.

08/07/2010

Os Meninos Kin-Der

Lyonel Feininger (argumento e desenho)
Libri Impressi (Maio de 2010)
330 x 440 mm, 40 p., cor, brochada


Não é hábito de As Leituras do Pedro, mas no caso das edições de Manuel Caldas, através do selo Libri Impressi, (quase sempre) assinamos de cruz por baixo, por isso, guardando para mais tarde a apreciação da obra, aqui fica o comunicado a propósito da sua mais recente loucura editorial:

À espécie em vias de extinção dos que ainda compram livros de papel e ao número ainda mais reduzido dos que ainda gostam de banda desenhada
Manuel Caldas tem o prazer de comunicar que já está impressa e acabada a sua última edição: "Os Meninos Kin-Der", a mítica obra (do início do século XX), com o colorido completamente restaurado, de Lyonel Feininger, célebre artista ligado ao Cubismo e à Bauhaus.
Trata-se de um álbum de 40 páginas a cores impressas em papel de 225 gramas e com o enorme tamanho (maior do que o A3) de 33 por 44 centímetros!
É portanto precisamente o tipo de excentricidade que actualmente nenhum editor no seu perfeito juízo comete o arrojo de fazer.
Ainda não está marcada a data para a sua distribuição pelas livrarias, onde custará 22 Euros, no entanto será enviado de imediato (muito bem empacotado) a quem o pedir directamente ao editor. Sem custos de envio e com direito ainda a um poster de tiragem limitada reproduzindo uma das pranchas de Feininger no tamanho (62 cm de altura!) em que se publicou nos jornais de 1906.
Caso esteja interessado na edição e em contribuir para a sobrevivência de um editor que há muito deveria já ter-se rendido, faça prontamente o seu pedido. Além disso, pode aproveitar para encomendar algum dos outros livros do mesmo
editor”.
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