Capitão América:
Teatro de Guerra
Paul Jenkins
(argumento)
Gary Erskine, John McCrea, Fernando Blanco e Elia Bonetti (desenho)
Allen Martinez, Victor Olazaba, James Hodgkins (arte-final)
Panini (Brasil, Novembro de 2011)
170 x 260 mm, 148 p., cor, brochada, revista bimestral
R$ 14,90 / 6,20 €
1.
Não deixa de ser curioso que aqui em As Leituras
do Pedro, onde os comics de super-heróis são minoria, no espaço de uma semana
marquem presença duas vezes.
2.
E em ambos os casos, em títulos protagonizados
pelo Capitão América.
3. Assim,
depois de “El hombre fuera del tiempo”, surge esta colectânea de quatro histórias (cujos títulos originais são “America
The Beautiful”, “A Brother In Arms”, “To Soldier On” e “Ghosts Of My Country”) que
assinala os 50 números da revista “Avante, Vingadores!”, actualmente disponível
nas bancas e quiosques nacionais
.
4. Curiosamente,
se no título referido era o lado humano do Capitão América que mais imperava no
relato, neste Teatro de Guerra ele surge (perfeitamente) integrado em cenários
de batalhas/guerras que os Estados Unidos travaram ao longo dos tempos - desembarque
da Normandia, missão secreta no interior da Alemanha Nazi, Guerra do Golfo,
batalhas pela independência dos EUA em relação à soberania inglesa – em contextos
que ajudam a compreender/consolidar o mito em torno daquele que é,
provavelmnete, o mais norte-americano de todos os super-heróis.
5. Mas,
se o capitão América – numa visão bem americana e maniqueísta – surge como o combatente
por excelência, como (o verdadeiro) super-herói de guerra, ele divide o
protagonismo com os soldados com quem combate/a quem salva, o que serve de pretexto
a Jenkins para explorar alguns aspectos menos espetaculares das guerras: o medo
em combate, os feridos, os estropiados, os mortos, os heróis involuntários, a
(incómoda) proximidade entre os integrantes das várias forças que se combatem (até
à morte)…
6. Ou
seja: as (re)acções, sentimentos e emoções (bem humanas) dos seres (humanos) de
carne e osso que travam as guerras reais.
7. Até porque, algumas destas histórias
inspiram-se em casos reais e estão dedicadas a esses protagonistas.
8. Se, apesar disto, o peso
distorcido do patriotismo (norte-americano) é evidente, e as eventuais
propostas de análise e discussão são abafadas ou aligeiradas pelos feitos do
protagonista, esta não deixa de ser uma leitura aconselhável…
9. … também pela arte dos
desenhadores envolvidos, bastante realista, bem trabalhada e detalhada…
10. … mesmo que a qualidade inferior
do papel da edição não permita desfrutá-la em todo o
esplendor que ela merecia…
11. …
embora seja esse um do factores que permite um preço que não deixa de ser
simpático…
12. …
sendo também positivo – e não me canso de o realçar – a possibilidade de ver
explorado, numa temática que revela alguma originalidade, o universo Marvel em
histórias fechadas, que dispensam o conhecimento/acompanhamento de sagas
intermináveis.