Max Tilmann (argumento e desenho)
Campo das Letras (Portugal, Outubro de 2006)
170 x 237 mm, 128 p., cor, cartonado
Memória. A capacidade de retermos/recordarmos. Independentemente da nossa vontade. Porque tanto recordámos o que nos agrada, como, ironicamente, aquilo que mais queríamos esquecer…
Assim é a memória de cada um. A memória colectiva não funciona bem assim. É mais condicionada. Pelo que nos querem fazer lembrar e pelo que nos querem fazer esquecer - são sucessivos os "branqueamentos" históricos, políticos, religiosos, promovidos pelas mais diversas instituições, partidos, credos, e que ainda hoje existem, mais subtis, às vezes - pelo que nos querem apresentar como verdade…
As memórias são fundamentais para sabermos quem somos, quem fomos - para nos ajudar a definir o que queremos ser e fazer, apesar dos condicionalismos, das imposições. Por isso, recordar o passado é fundamental para construir o futuro - adivinhando-o, antecipando-o…
Por isso, também recordar Auschwitz é fundamental. Pelos branqueamentos/apagamentos cada vez mais frequentes que alguns (demasiados) querem fazer a um dos maiores actos de barbárie de que a espécie humana foi capaz - como foi capaz de queimar nas fogueiras da inquisição, de exterminar civilizações nas Américas, de tratar seres humanos como animais em África, como mata aos milhares - aos milhões - nos dias de hoje.
Max Tilmann (ou apenas M.T., que também se pode ler como Terry Morgan, ou Tom McCay, ou Murai Toynobu, ou …, tantos são os múltiplos heterónimos em que se tem desdobrado Manuel Tiago) em "este céu cheio de terra" recorda Auschwitz de A a Z (as letras inicial e final do local onde os nazis gasearam e cremaram milhões de judeus), através de um conjunto de aguarelas. Aguarelas imprecisas como que se dissolvidas por uma brisa, um vento ligeiro (o branqueamento que alguns pretendem?).
Mas aguarelas que, mesmo assim, ficam como uma névoa incómoda (o fumo dos fornos crematórios?) que não deixa esquecer, que acirra as nossas memórias e as faz voltar.
Aguarelas que, mesmo imprecisas - talvez não o sejam tanto assim… - nos contam uma história, uma história terrível e terrífica, em contraponto com as belezas naturais desta Terra não cheia de céu, muitas vezes um autêntico inferno. Como foi Auschwitz.
Aguarelas que nos mostram como fica esse céu, enevoado e sujo, cheio de terra, cheio das barbáries humanas desta terra.
Aguarelas que, parecendo desenhos soltos - podendo ser vistas assim - postas em sequência - uma vaga banda desenhada…? - contam uma história, em que soldados nazis, apenas vagos contornos, sem consistência (sem alma?), guardam e conduzem, presos (a cheio - gente, portanto…), quais animais em rebanho ordenado, para o inexorável final. Uma sequência narrativa sem palavras, sem mais palavras do que aquelas que a nossa memória for capaz de lhe apor, acreditando que a nossa memória - cada memória - ainda é capaz de as identificar e relacionar.
Durante quanto tempo mais, num mundo em que o momentâneo, o acessório, o imediato, são senhores e reis, e em que a tendência para a desculpabilização, a todos os níveis, é assustadora? Não sei responder, mas acredito que este livro possa contribuir para prolongar estas memórias mais um pouco. Menos, com certeza, infelizmente, do que era necessário. Mas mais algum, o que já fará com que cumpra a sua missão.
(Texto publicado originalmente no BDJornal #17, de Fevereiro/Março de 2007)
20/08/2010
Este céu cheio de terra
Leituras relacionadas
Campo das Letras,
Manuel Tiago,
Tilmann
18/08/2010
Filme “A Origem” inspirado em BD Disney?
O filme A Origem (Inception) , actualmente em exibição, realizado por Chris Nolan e com Leonardo DiCaprio no papel principal, poderá ser inspirado numa banda desenhada Disney protagonizada pelo Tio Patinhas.
A notícia, que circula na internet, aponta as coincidências entre os argumentos do filme e de “The Dream of a Lifetime”, uma BD com 26 páginas, originalmente publicada na Noruega, em 2002. E que em Portugal, sob o título “Uma vida de sonho”, integrou o volume 2 da colecção “Obras-Primas da BD Disney”, “Episódios Extraordinários”. O seu autor é Keno Don Rosa, um dos mais conceituados autores Disney, responsável por estabelecer uma cronologia detalhada da vida do Tio Patinhas, na multipremiada história “The Life and Times of Scrooge McDuck” (de 1992), que em Portugal foi publicada como “A Saga do Tio Patinhas”. Aliás, o episódio agora em causa, que pode ser lido gratuitamente no site da Disney.
é um capítulo extra da biografia do pato mais rico do mundo.
Nele, os Irmãos Metralha roubam uma máquina inventada pelo professor Pardal, para entrarem nos sonhos do Tio Patinhas e descobrirem o segredo para entrar na caixa-forte. Para os impedir, Donald utiliza o mesmo equipamento, numa perseguição atribulada pelas memórias do Tio Patinhas, em cenários em constante mudança, como o velho oeste, as planícies australianas ou o Titanic.
No filme, também escrito por Nolan, um bando de assaltantes invade os sonhos das suas vítimas para se apoderar dos seus segredos. O realizador norte-americano já contestou a notícia, afirmando que começou a desenvolver a ideia há cerca de dez anos, mas a verdade é que alguns sites já colocam em causa uma eventual nomeação do filme ao Óscar de Melhor Argumento Original.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 10 de Agosto de 2010)
A notícia, que circula na internet, aponta as coincidências entre os argumentos do filme e de “The Dream of a Lifetime”, uma BD com 26 páginas, originalmente publicada na Noruega, em 2002. E que em Portugal, sob o título “Uma vida de sonho”, integrou o volume 2 da colecção “Obras-Primas da BD Disney”, “Episódios Extraordinários”. O seu autor é Keno Don Rosa, um dos mais conceituados autores Disney, responsável por estabelecer uma cronologia detalhada da vida do Tio Patinhas, na multipremiada história “The Life and Times of Scrooge McDuck” (de 1992), que em Portugal foi publicada como “A Saga do Tio Patinhas”. Aliás, o episódio agora em causa, que pode ser lido gratuitamente no site da Disney.
é um capítulo extra da biografia do pato mais rico do mundo.
Nele, os Irmãos Metralha roubam uma máquina inventada pelo professor Pardal, para entrarem nos sonhos do Tio Patinhas e descobrirem o segredo para entrar na caixa-forte. Para os impedir, Donald utiliza o mesmo equipamento, numa perseguição atribulada pelas memórias do Tio Patinhas, em cenários em constante mudança, como o velho oeste, as planícies australianas ou o Titanic.
No filme, também escrito por Nolan, um bando de assaltantes invade os sonhos das suas vítimas para se apoderar dos seus segredos. O realizador norte-americano já contestou a notícia, afirmando que começou a desenvolver a ideia há cerca de dez anos, mas a verdade é que alguns sites já colocam em causa uma eventual nomeação do filme ao Óscar de Melhor Argumento Original.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 10 de Agosto de 2010)
17/08/2010
Leituras Bonelli de Agosto
Com as edições previstas para Julho a chegarem só agora às bancas nacionais, devido a um atraso alfandegário, eis a lista dos títulos Bonelli da Mythos Editora (Brasil) que deverão ser distribuídos no final do corrente mês.
Tex 458
Tex Colecção #250
Grandes Clássicos de Tex #21
Tex Edição Histórica #76
Zagor Especial #24
Zagor Extra #71
Zagor #107
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #64
Mágico Vento #93
Leo Pulp #2 (de 2)
Tex 458
Tex Colecção #250
Grandes Clássicos de Tex #21
Tex Edição Histórica #76
Zagor Especial #24
Zagor Extra #71
Zagor #107
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #64
Mágico Vento #93
Leo Pulp #2 (de 2)
16/08/2010
Leituras da Turma da Mónica de Julho
Títulos da Turma da Mônica editados pela Panini Comics (Brasil) distribuídos este mês nas bancas portuguesas:
Mônica #38
Cebolinha #38
Cascão #38
Chico Bento #38
Magali #38
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #38
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #38
Almanaque da Magali #19
Almanaque do Chico Bento #19
Almanaque Temático – Magali #13
Turma da Mônica - Clássicos do Cinema #18 – Homem-Aranho
Turma da Mónica – Saiba mais #29 – Oswaldo Cruz
Turma da Mónica – Historinhas de uma página #5
Turma da Mônica Jovem #20
Mônica #38
Cebolinha #38
Cascão #38
Chico Bento #38
Magali #38
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #38
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #38
Almanaque da Magali #19
Almanaque do Chico Bento #19
Almanaque Temático – Magali #13
Turma da Mônica - Clássicos do Cinema #18 – Homem-Aranho
Turma da Mónica – Saiba mais #29 – Oswaldo Cruz
Turma da Mónica – Historinhas de uma página #5
Turma da Mônica Jovem #20
Leituras relacionadas
Agosto,
Maurício de Sousa,
Turma da Mônica
13/08/2010
Leituras DC Comics de Julho
Títulos da DC Comics editados pela Panini Comics (Brasil) distribuídos este mês nas bancas portuguesas:
Batman #86
Superman #86
Superman & Batman #54
Liga da Justiça #85
Batman #86
Superman #86
Superman & Batman #54
Liga da Justiça #85
12/08/2010
Leituras Marvel de Agosto
Títulos da Marvel editados pela Panini Comics (Brasil) distribuídos este mês nas bancas portuguesas:
Homem-Aranha #97
Os Novos Vingadores #72
X-Men #97
Avante Vingadores #36
Universo Marvel #54
Wolverine #61
Homem-Aranha #97
Os Novos Vingadores #72
X-Men #97
Avante Vingadores #36
Universo Marvel #54
Wolverine #61
11/08/2010
Hägar
Um vicking de sorriso inofensivo e feliz – Ano 1
Um pai desiludido e amargurado – Ano 2
Dik Browne (argumento e desenho)
Libri Impressi (Portugal, Julho e Novembro de 2008)
170 x 235 mm, 128 p. e 144 p., pb, brochado com badanas
Manuel Caldas, em paralelo com a notável restauração das pranchas originais dos primeiros volumes do “Príncipe Valente”, do western humanista “Lance”, do “Tarzan” original de Hal Foster, tudo obras realistas, e de selecção de clássicos como “Krazy Kat” e “Os Meninos Kin-Der”, propõe também o humor de “Ferd’nand” e de “Hägar, o horrendo”, este um clássico das tiras diárias norte-americanas. Comum a todos estes projectos é o cuidado apaixonado posto nas edições e o grande respeito pelas obras originais e (consequentemente) pelos autores.
Hägar é um vicking atípico, ou não divida ele o tempo entre as actividades inerentes à sua “profissão” – invadir, pilhar, saquear – e as banais tarefas domésticas quotidianas a que Helga, a sua mulher – que usa cornos maiores, símbolo do poder entre os vickings de Browne - o obriga.
Com um universo reduzido - inspirado na sua família e amigos – que junta a Hägar e Helga, Hamlet, o filho letrado, Honi, a filha que sonha com proezas guerreiras, Lute, o trovador pacifista que aspira ao seu coração, Eddie (nada) Felizardo, companheiro de batalhas, um médico/curandeiro charlatão e poucos mais, Browne explana um humor simples mas eficaz, assente num traço arredondado, simpático, expressivo e desprovido de pormenores desnecessários, com divertidos anacronismos e desfechos sempre surpreendentes, parodiando não só a época de Hägar mas também o quotidiano de todas as épocas, mostrando que dentro de cada um de nós há um pouco deste vicking permanentemente insatisfeito e rude mas também submisso, e transformando as pilhagens e massacres cometidos pelos vickings, um dos mais violentos povos da História, em algo divertido por que ansiamos página após página.
Menos conseguido
- Expliquem quem for capaz, mas a verdade é que os leitores portugueses não aderiram a Hägar e as vendas destes dois tomos foram muito baixas. Por esse motivo, dificilmente mais verão a luz do dia…
Curiosidade
- Não é vulgar, mas quando Dik Browne (1917-1989) imaginou Hägar, em 1973, já passara os 55 anos. Até aí, tivera uma carreira mediana, com um Prémio Reuben (1963) para a tira familiar “Hi and Lois”, criada e escrita por Mort Walker, como ponto alto.
E sem alguns problemas de visão, que o levaram a querer precaver o futuro da família, talvez Hägar nunca tivesse saltado duma folha de papel para 1900 jornais de todo o mundo, privando-o do Reuben de 1973, da fama e dinheiro que nunca tivera e da completa realização pessoal e artística.
(Versão revista e actualizada do texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 21 de Julho de 2008)
Um pai desiludido e amargurado – Ano 2
Dik Browne (argumento e desenho)
Libri Impressi (Portugal, Julho e Novembro de 2008)
170 x 235 mm, 128 p. e 144 p., pb, brochado com badanas
Manuel Caldas, em paralelo com a notável restauração das pranchas originais dos primeiros volumes do “Príncipe Valente”, do western humanista “Lance”, do “Tarzan” original de Hal Foster, tudo obras realistas, e de selecção de clássicos como “Krazy Kat” e “Os Meninos Kin-Der”, propõe também o humor de “Ferd’nand” e de “Hägar, o horrendo”, este um clássico das tiras diárias norte-americanas. Comum a todos estes projectos é o cuidado apaixonado posto nas edições e o grande respeito pelas obras originais e (consequentemente) pelos autores.
Hägar é um vicking atípico, ou não divida ele o tempo entre as actividades inerentes à sua “profissão” – invadir, pilhar, saquear – e as banais tarefas domésticas quotidianas a que Helga, a sua mulher – que usa cornos maiores, símbolo do poder entre os vickings de Browne - o obriga.
Com um universo reduzido - inspirado na sua família e amigos – que junta a Hägar e Helga, Hamlet, o filho letrado, Honi, a filha que sonha com proezas guerreiras, Lute, o trovador pacifista que aspira ao seu coração, Eddie (nada) Felizardo, companheiro de batalhas, um médico/curandeiro charlatão e poucos mais, Browne explana um humor simples mas eficaz, assente num traço arredondado, simpático, expressivo e desprovido de pormenores desnecessários, com divertidos anacronismos e desfechos sempre surpreendentes, parodiando não só a época de Hägar mas também o quotidiano de todas as épocas, mostrando que dentro de cada um de nós há um pouco deste vicking permanentemente insatisfeito e rude mas também submisso, e transformando as pilhagens e massacres cometidos pelos vickings, um dos mais violentos povos da História, em algo divertido por que ansiamos página após página.
Menos conseguido
- Expliquem quem for capaz, mas a verdade é que os leitores portugueses não aderiram a Hägar e as vendas destes dois tomos foram muito baixas. Por esse motivo, dificilmente mais verão a luz do dia…
Curiosidade
- Não é vulgar, mas quando Dik Browne (1917-1989) imaginou Hägar, em 1973, já passara os 55 anos. Até aí, tivera uma carreira mediana, com um Prémio Reuben (1963) para a tira familiar “Hi and Lois”, criada e escrita por Mort Walker, como ponto alto.
E sem alguns problemas de visão, que o levaram a querer precaver o futuro da família, talvez Hägar nunca tivesse saltado duma folha de papel para 1900 jornais de todo o mundo, privando-o do Reuben de 1973, da fama e dinheiro que nunca tivera e da completa realização pessoal e artística.
(Versão revista e actualizada do texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 21 de Julho de 2008)
09/08/2010
Astroboy #3
Osamu Tezuka (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Agosto de 2010)
127 x 182 mm, 208 p., pb, brochada
Se a recensão dos tomos #1 e #2 já deixou diversas pistas de leitura, a presença nas livrarias do terceiro tomo de Astroboy justifica mais estas curtas linhas em período de férias (também aqui nas Leituras).
Porque se trata de (mais) Tezuka – em português – um autor de referência e incontornável, que todos devem conhecer, sejam fãs de manga ou não, e porque significa que a ASA cumpriu o programa editorial que se tinha proposto. O que (infelizmente) tem sido algo raro entre nós na edição de BD, mas não deixa de ser um sinal positivo para os leitores, mais a mais tendo em vista o lançamento – previsivelmente em Outubro – do primeiro volume de Dragon Ball, uma série de outro fôlego para a qual a periodicidade será factor fundamental para agarrar (o seu) público.
ASA (Portugal, Agosto de 2010)
127 x 182 mm, 208 p., pb, brochada
Se a recensão dos tomos #1 e #2 já deixou diversas pistas de leitura, a presença nas livrarias do terceiro tomo de Astroboy justifica mais estas curtas linhas em período de férias (também aqui nas Leituras).
Porque se trata de (mais) Tezuka – em português – um autor de referência e incontornável, que todos devem conhecer, sejam fãs de manga ou não, e porque significa que a ASA cumpriu o programa editorial que se tinha proposto. O que (infelizmente) tem sido algo raro entre nós na edição de BD, mas não deixa de ser um sinal positivo para os leitores, mais a mais tendo em vista o lançamento – previsivelmente em Outubro – do primeiro volume de Dragon Ball, uma série de outro fôlego para a qual a periodicidade será factor fundamental para agarrar (o seu) público.
06/08/2010
Mundo dos Super-Heróis #19
Editora Europa (Brasil, Novembro de 2009)
210 x 280 mm, 100 p., cor, brochada, 3,90 €
Já está disponível nas bancas e quiosques nacionais esta revista, especialmente dedicada aos comics de super-heróis, cujo dossier principal é dedicado a heroínas como Mulher-Maravilha, Fénix, Supergirl, Poderosa, Feiticeira Escarlate, Mary Marvel, Miss Marvel, Promethea, Mulher-Aranha, Tempestade, Mulher-Hulk ou Donna Troy.
Do sumário constam também artigos sobre a Vertigo, Arqueiro Verde, Zorro, os Heróis Disney ou Loki e uma entrevista com Ig Guara.
210 x 280 mm, 100 p., cor, brochada, 3,90 €
Já está disponível nas bancas e quiosques nacionais esta revista, especialmente dedicada aos comics de super-heróis, cujo dossier principal é dedicado a heroínas como Mulher-Maravilha, Fénix, Supergirl, Poderosa, Feiticeira Escarlate, Mary Marvel, Miss Marvel, Promethea, Mulher-Aranha, Tempestade, Mulher-Hulk ou Donna Troy.
Do sumário constam também artigos sobre a Vertigo, Arqueiro Verde, Zorro, os Heróis Disney ou Loki e uma entrevista com Ig Guara.
Leituras relacionadas
Bancas,
Editora Europa,
Mundo dos Super-Heróis,
revistas
04/08/2010
Hans, o cavalo inteligente
Miguel Rocha (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Maio de 2010)
230 x 165 mm, 96 p., 2 cores, brochado com badanas
Desengane-se quem adivinha neste livro, por se tratar de uma banda desenhada, facilidade de leitura ou entretenimento ligeiro, pois uma das suas principais características é exigir ao leitor esforço e participação na elaboração, melhor, na interpretação da narrativa. Porque Miguel Rocha, mais do que contar uma história linear, optou por avançar algumas pistas, cabendo-nos interpretá-las e compô-las de acordo com a nossa sensibilidade, capacidade de interpretação e formação social e cultural. Porque, de cada leitura de “Hans”, facilmente resultará uma história diferente, muitas vezes díspar, até.
Na sua génese está o caso verídico, datado do final do século XIX, do equídeo alemão Der Kluge Hans (Hans inteligente), pertença do frenólogo Wilhelm Van Hostens, supostamente capaz de realizar operações matemáticas - incluindo o cálculo de raízes quadradas - que dava a resposta batendo com a pata tantas vezes quanto o resultado pretendido. Rapidamente transformado num popular fenómeno circense, originou a criação de uma comissão – a Hans Kommission - para avaliar se se tratava ou não de um embuste, que acabou por concluir que o animal era especialmente sensível à linguagem corporal dos espectadores, conseguindo pelas suas reacções “adivinhar” os resultados.
Adaptada da peça homónima de Francisco Campos para o Projecto Ruínas, estreada em Setembro de 2006, em Montemor-o-Novo, a banda desenhada de Miguel Rocha, assume uma forte componente teatral e dramática, até porque, muitas vezes, as personagens comportam-se como se estivessem num palco. E, na realidade, é lá que elas muitas vezes estão, havendo mesmo uma cortina a abrir e fechar o livro…
No entanto, a história de Hans em si, é apenas acessória, ou melhor, um elemento de ligação entre várias histórias, pois este livro é sobre relações (dependências?) humanas – ou a dificuldade de relacionamento entre humanos. Pois Van Hostens engravidou a irmã da mulher que amava, não consegue assumir (nem libertar-se) da relação com Ângela (que também não o consegue deixar), falha a abordagem à psiquiatra que devia avaliar Hans – e que também teve um caso mal resolvido com um dos seus pacientes…
Histórias que vão sendo contadas em flash-backs constantes, ao longo dos cinco capítulos (actos) do livro (das suas divisórias e das magníficas “páginas publicitárias” finais, ao estilo das que Alan Moore e Kevin O’Neil criaram para “A Liga dos Cavalheiros Extrardinários”), com os diálogos entrecortados com textos (declamações?) que conferem um tom algo surreal ao todo. Com todos os elementos do livro objecto a fazerem parte do relato enquanto tal.
Para esse tom surreal contribui também o virtuoso grafismo “enevoado” (digitalmente) de Miguel Rocha, mais impressivo do que expressivo, povoado de sombras e indefinições, que (logicamente…) utiliza tons cinzentos/arroxeados – em lugar das cores quentes e vivas doutros relatos – o que leva o leitor, muitas vezes, a ter que adivinhar mais do que o desenhar quis revelar.
(Versão integral do texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 26 de Julho de 2010)
Polvo (Portugal, Maio de 2010)
230 x 165 mm, 96 p., 2 cores, brochado com badanas
Desengane-se quem adivinha neste livro, por se tratar de uma banda desenhada, facilidade de leitura ou entretenimento ligeiro, pois uma das suas principais características é exigir ao leitor esforço e participação na elaboração, melhor, na interpretação da narrativa. Porque Miguel Rocha, mais do que contar uma história linear, optou por avançar algumas pistas, cabendo-nos interpretá-las e compô-las de acordo com a nossa sensibilidade, capacidade de interpretação e formação social e cultural. Porque, de cada leitura de “Hans”, facilmente resultará uma história diferente, muitas vezes díspar, até.
Na sua génese está o caso verídico, datado do final do século XIX, do equídeo alemão Der Kluge Hans (Hans inteligente), pertença do frenólogo Wilhelm Van Hostens, supostamente capaz de realizar operações matemáticas - incluindo o cálculo de raízes quadradas - que dava a resposta batendo com a pata tantas vezes quanto o resultado pretendido. Rapidamente transformado num popular fenómeno circense, originou a criação de uma comissão – a Hans Kommission - para avaliar se se tratava ou não de um embuste, que acabou por concluir que o animal era especialmente sensível à linguagem corporal dos espectadores, conseguindo pelas suas reacções “adivinhar” os resultados.
Adaptada da peça homónima de Francisco Campos para o Projecto Ruínas, estreada em Setembro de 2006, em Montemor-o-Novo, a banda desenhada de Miguel Rocha, assume uma forte componente teatral e dramática, até porque, muitas vezes, as personagens comportam-se como se estivessem num palco. E, na realidade, é lá que elas muitas vezes estão, havendo mesmo uma cortina a abrir e fechar o livro…
No entanto, a história de Hans em si, é apenas acessória, ou melhor, um elemento de ligação entre várias histórias, pois este livro é sobre relações (dependências?) humanas – ou a dificuldade de relacionamento entre humanos. Pois Van Hostens engravidou a irmã da mulher que amava, não consegue assumir (nem libertar-se) da relação com Ângela (que também não o consegue deixar), falha a abordagem à psiquiatra que devia avaliar Hans – e que também teve um caso mal resolvido com um dos seus pacientes…
Histórias que vão sendo contadas em flash-backs constantes, ao longo dos cinco capítulos (actos) do livro (das suas divisórias e das magníficas “páginas publicitárias” finais, ao estilo das que Alan Moore e Kevin O’Neil criaram para “A Liga dos Cavalheiros Extrardinários”), com os diálogos entrecortados com textos (declamações?) que conferem um tom algo surreal ao todo. Com todos os elementos do livro objecto a fazerem parte do relato enquanto tal.
Para esse tom surreal contribui também o virtuoso grafismo “enevoado” (digitalmente) de Miguel Rocha, mais impressivo do que expressivo, povoado de sombras e indefinições, que (logicamente…) utiliza tons cinzentos/arroxeados – em lugar das cores quentes e vivas doutros relatos – o que leva o leitor, muitas vezes, a ter que adivinhar mais do que o desenhar quis revelar.
(Versão integral do texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 26 de Julho de 2010)
02/08/2010
As Melhores leituras de Julho
Moby Dick, a baleia branca (C.M. Moura), de Fernando Bento
O Cortiço (Editora Ática), de Rodrigo Rosa (argumento) e Ivan Jaf (desenho)
Le Fils D’Hitler (Glénat), de Pieter De Poortere
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #62 e #63 (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi, Lorenzo Calza e Maurizio Mantero (argumento) e Roberto Zaghi, Ernesto Michelazzo e Laura Zuccheri (desenho)
Gaston #1 – Os arquivos do Lagaffe (ASA + Público) , de Franquin
Astroboy #2 (ASA), de Osamu Tezuka
Corps de Pierre (Delcourt), de Joe Casey (argumento) e Charlie Adlard (desenho)
Hans, o cavalo inteligente (Polvo), de Miguel Rocha
Murena #1 e #2 (ASA) e #4 (Dargaud), de Dufaux (argumento) e Delaby (desenho)
Pérolas a Porcos #8 (Bizâncio), de Stephan Pastis
O Cortiço (Editora Ática), de Rodrigo Rosa (argumento) e Ivan Jaf (desenho)
Le Fils D’Hitler (Glénat), de Pieter De Poortere
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #62 e #63 (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi, Lorenzo Calza e Maurizio Mantero (argumento) e Roberto Zaghi, Ernesto Michelazzo e Laura Zuccheri (desenho)
Gaston #1 – Os arquivos do Lagaffe (ASA + Público) , de Franquin
Astroboy #2 (ASA), de Osamu Tezuka
Corps de Pierre (Delcourt), de Joe Casey (argumento) e Charlie Adlard (desenho)
Hans, o cavalo inteligente (Polvo), de Miguel Rocha
Murena #1 e #2 (ASA) e #4 (Dargaud), de Dufaux (argumento) e Delaby (desenho)
Pérolas a Porcos #8 (Bizâncio), de Stephan Pastis
30/07/2010
Bugs Bunny, 70 anos irrequietos
Há 70 anos, Bugs Bunny – ou Pernalonga como entre nós foi conhecido durante muitos anos – fazia a sua primeira aparição, garantindo desde logo boa disposição.
A sua estreia, com o nome que o celebraria como uma das maiores estrelas da animação – ou mesmo a maior de sempre, segundo a “TV Guide”, em 2002 - foi a 27 de Julho de 1940, em “A Wild Hare”, curta-metragem de 8 minutos, dirigida por Tex Avery, em que pela primeira vez faz a cabeça em água ao também estreante caçador Elmer J. Fudd (a quem dá também o primeiro e sonoro beijo). A imagem que hoje lhe reconhecemos, da responsabilidade de Robert McKimson, só chegaria mais tarde, mas a sua voz inimitável já se devia a Mel Blanc, que a definiu como “uma mistura do sotaque do Bronx e de Brooklyn”.
No entanto, o protótipo de Bugs Bunny, um certo Happy Rabbit (Coelho Feliz) aparecera pela primeira vez a 30 de Abril de 1938, em “Porky’s Hare Hunt”, com o pêlo completamente branco e uma personalidade quase paranóica, semelhante à de Daffy Duck, tendo sido figurante de mais quatro filmes, em que apresentou ainda uma gargalhada muito semelhante à que viria a ficar como imagem de marca de Woody Woodpecker (Picapau).
No entanto, segundo alguns historiadores, a sua linha genealógica deveria começar a ser traçada mais atrás, pois a personagem teria sido inspirada em Max Hare, um outro coelho animado, criado por Walt Disney em 1935. Outros, no morder da cenoura, apontam-lhe influências de Groucho Marx e do seu charuto, bem como na repetição de uma frase que aquele popularizou: “Of course you know, this means war!”.
Independentemente destas considerações, o seu “cartão de cidadão” aponta 27 de Julho de 1940 como data oficial de nascimento, embora não especifique se se trata de um coelho ou de uma lebre... Quem o conhece – e há quem não o conheça, afinal? -, tem dificuldade em limitar os adjectivos necessários para o caracterizar: inteligente, mordaz, sarcástico, rápido, decidido, irritante, provocador…
Da sua biografia constam participações na II Guerra Mundial, contra Mussolini, Hitler e os japoneses, e a presença nos aviões de diversas esquadrilhas, como mascote. A conquista de um Óscar – em 1958, por “Knighty Knight Bugs” – em três nomeações e uma estrela na calçada da fama de Hollywood, são alguns dos pontos altos da longa carreira de Bugs Bunny, a quem, após a morte de Blanc, em 1989, também emprestaram a voz Jeff Bergman, Greg Burson e Billy West. E Paulo Oom, na versão portuguesa.
Para lá das dezenas de curtas-metragens que fizeram a sua merecida fama, Bugs Bunny foi também inspiração ou modelo de um infindável número de artigos de merchandising e de uma emissão filatélica nos EUA e estrela de outros suportes, como os videojogos.
Mas muito antes disso, logo em 1941, o sucesso da versão animada transportou-o para os quadradinhos, no número inaugural da “Looney Tunes and Merrie Melodies” (da Dell Publishing), desenhado por Win Smith. Um ano depois estreava título próprio, com o grafismo a cargo de Carl Buettner e, em 1943, passava a protagonizar também tiras diárias de imprensa, que duraram até 1993, menos um ano que a sua revista. Nos quadradinhos conta-se ainda um estranho encontro com Superman, Batman e os outros membros da Liga da Justiça, em 2000.
No cinema que o viu nascer, participou também em longas-metragens como “Who Framed Roger Rabbit” (1988), “Space Jam” (1996), em que dividia o protagonismo com a estrela do basquetebol Michael Jordan, ou “Looney Tunes: Back to Action” (2003)
Se a passagem do grande para o pequeno ecrã foi pacífica e natural, este estreou duas curiosas versões: os Baby Looney Tunes (em 2002), que reúnem Bugs Bunny, Tweety, Silvester, Daffy Duck, Lola e Tazz ainda bebés, e “Loonatics Unleashed” (2005), uma visão futurista dos mesmos protagonistas, “travestidos” de super-heróis.
Hoje, apesar das suas setenta primaveras, o “velho Pernalonga” continua ágil e imprevisível, a soltar com o seu jeito inimitável o característico e sonoro “What’s up, doc?”, garantia infalível de boas gargalhadas.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Julho de 2010)
A sua estreia, com o nome que o celebraria como uma das maiores estrelas da animação – ou mesmo a maior de sempre, segundo a “TV Guide”, em 2002 - foi a 27 de Julho de 1940, em “A Wild Hare”, curta-metragem de 8 minutos, dirigida por Tex Avery, em que pela primeira vez faz a cabeça em água ao também estreante caçador Elmer J. Fudd (a quem dá também o primeiro e sonoro beijo). A imagem que hoje lhe reconhecemos, da responsabilidade de Robert McKimson, só chegaria mais tarde, mas a sua voz inimitável já se devia a Mel Blanc, que a definiu como “uma mistura do sotaque do Bronx e de Brooklyn”.
No entanto, o protótipo de Bugs Bunny, um certo Happy Rabbit (Coelho Feliz) aparecera pela primeira vez a 30 de Abril de 1938, em “Porky’s Hare Hunt”, com o pêlo completamente branco e uma personalidade quase paranóica, semelhante à de Daffy Duck, tendo sido figurante de mais quatro filmes, em que apresentou ainda uma gargalhada muito semelhante à que viria a ficar como imagem de marca de Woody Woodpecker (Picapau).
No entanto, segundo alguns historiadores, a sua linha genealógica deveria começar a ser traçada mais atrás, pois a personagem teria sido inspirada em Max Hare, um outro coelho animado, criado por Walt Disney em 1935. Outros, no morder da cenoura, apontam-lhe influências de Groucho Marx e do seu charuto, bem como na repetição de uma frase que aquele popularizou: “Of course you know, this means war!”.
Independentemente destas considerações, o seu “cartão de cidadão” aponta 27 de Julho de 1940 como data oficial de nascimento, embora não especifique se se trata de um coelho ou de uma lebre... Quem o conhece – e há quem não o conheça, afinal? -, tem dificuldade em limitar os adjectivos necessários para o caracterizar: inteligente, mordaz, sarcástico, rápido, decidido, irritante, provocador…
Da sua biografia constam participações na II Guerra Mundial, contra Mussolini, Hitler e os japoneses, e a presença nos aviões de diversas esquadrilhas, como mascote. A conquista de um Óscar – em 1958, por “Knighty Knight Bugs” – em três nomeações e uma estrela na calçada da fama de Hollywood, são alguns dos pontos altos da longa carreira de Bugs Bunny, a quem, após a morte de Blanc, em 1989, também emprestaram a voz Jeff Bergman, Greg Burson e Billy West. E Paulo Oom, na versão portuguesa.
Para lá das dezenas de curtas-metragens que fizeram a sua merecida fama, Bugs Bunny foi também inspiração ou modelo de um infindável número de artigos de merchandising e de uma emissão filatélica nos EUA e estrela de outros suportes, como os videojogos.
Mas muito antes disso, logo em 1941, o sucesso da versão animada transportou-o para os quadradinhos, no número inaugural da “Looney Tunes and Merrie Melodies” (da Dell Publishing), desenhado por Win Smith. Um ano depois estreava título próprio, com o grafismo a cargo de Carl Buettner e, em 1943, passava a protagonizar também tiras diárias de imprensa, que duraram até 1993, menos um ano que a sua revista. Nos quadradinhos conta-se ainda um estranho encontro com Superman, Batman e os outros membros da Liga da Justiça, em 2000.
No cinema que o viu nascer, participou também em longas-metragens como “Who Framed Roger Rabbit” (1988), “Space Jam” (1996), em que dividia o protagonismo com a estrela do basquetebol Michael Jordan, ou “Looney Tunes: Back to Action” (2003)
Se a passagem do grande para o pequeno ecrã foi pacífica e natural, este estreou duas curiosas versões: os Baby Looney Tunes (em 2002), que reúnem Bugs Bunny, Tweety, Silvester, Daffy Duck, Lola e Tazz ainda bebés, e “Loonatics Unleashed” (2005), uma visão futurista dos mesmos protagonistas, “travestidos” de super-heróis.
Hoje, apesar das suas setenta primaveras, o “velho Pernalonga” continua ágil e imprevisível, a soltar com o seu jeito inimitável o característico e sonoro “What’s up, doc?”, garantia infalível de boas gargalhadas.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Julho de 2010)
28/07/2010
Green Lantern: 70 anos
Corria o ano de 1940, Superman e Batman tinham posto os super-heróis na moda, a II Guerra Mundial em curso era terreno de eleição para a sua actuação contra as Forças do Eixo (do mal…) e em Julho, a revista “All-American Comics” #16 estreava mais um, de seu nome Green Lantern – Lanterna Verde, escrito por Bill Finger (também ligado à criação do Homem-Morcego) e desenhado por Martin Nodell.
Como principal marca distintiva ostentava um anel verde, que lhe permitia concretizar tudo o que a sua mente fosse capaz de imaginar. Na sua origem o anel era mágico mas, em vidas (aos quadradinhos) posteriores, seria uma criação tecnológica dos Guardiões do Universo, que em cada mundo habitado designavam o Green Lantern local. Como senão, o anel tinha que ser recarregado a cada 24 horas, numa (quase) cerimónia mística que incluía um juramento no qual o seu portador se comprometia a defender o bem contra as forças do mal.
O Green Lantern original era um engenheiro na vida civil, que esteve para se chamar Alan Ladd, num trocadilho com Aladin, o possuidor de uma lâmpada mágica com um génio dentro! O editor achou fraca ideia e mudou-lhe o nome para Scott. Perdeu uma bela oportunidade de, meses mais tarde aproveitar para fazer uma colagem para um novo actor que começava a brilhar em Hollywood chamado… Alan Ladd!
Com o fim da guerra, as vendas dos super-heróis entraram em declínio e as aventuras de Scott foram suspensas.
Em Outubro de 1959, por iniciativa do editor Julius Schwartz, nascia um novo Green Lantern, que na vida civil era Hal Jordan, piloto de testes da Força Aérea. As suas histórias eram assinadas por John Broome e desenhadas por Gil Kane, que fizeram dele um dos membros da Liga da Justiça.
Hal Jordan viveria os seus melhores momentos nos anos 70, quando Denny O’Neil e Neal Adams o associaram ao Arqueiro Verde (uma espécie de super-Robin Hood) levando-os numa viagem de costa a costa pelos Estados Unidos, na qual descobriram, revelaram e combateram a verdadeira criminalidade: assaltantes, políticos corruptos, promotores imobiliários à margem da lei, traficantes de droga…
O auge do realismo, patente também na abordagem da (complicada) vida sentimental dos dois heróis, foi atingido num arco em que descobriram que Speedy, o jovem pupilo do Arqueiro Verde, era ele próprio um drogado, numa história que marcou uma época e levou os super-heróis às páginas de publicações (sérias…) como o The New York Times, The Wall Street Journal ou a Newsweek. Foi também nesse período que surgiu John Stewart, um Green Lantern negro, o que permitiu uma abordagem à questão do racismo. Apesar do sucesso crítico e mediático as vendas não corresponderam e o título seria de novo suspenso.
Stewart seria mais um dos portadores do anel, tal como Kyle Rayner e Guy Gardner, entre outros. Posteriormente Jordan viria a transformar-se no vilão Parallax, morrendo e regressando como Spectre, ao mesmo tempo que as aventuras se tornavam mais cósmicas e místicas, perdendo o tom realista e apresentando como adversário recorrente Sinestro, um Green Lantern renegado, possuidor de uma anel de cor amarela.
Recentemente, Geoff Johns recuperou o herói como estrela de primeira grandeza do universo da DC Comics nas sagas “Green Lantern: Rebirth” (2004) e “Blackest Night” (2009).
Isso tornou-o um alvo apetecível face ao interesse crescente do cinema pelos super-heróis, estando, assim, em produção um filme realizado por Martin Campbell, escrito por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, que terá como principais protagonistas Ryan Reynolds, Black Lively, Peter Sarsgaard e Mark Strong. O lançamento deverá ocorrer dentro de sensivelmente um ano, em Julho de 2011, devendo seguir-se uma segunda longa-metragem de animação, depois da boa aceitação de “First Flight”, bem como uma série de desenhos animados para o Cartoon Network.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Julho de 2010)
Como principal marca distintiva ostentava um anel verde, que lhe permitia concretizar tudo o que a sua mente fosse capaz de imaginar. Na sua origem o anel era mágico mas, em vidas (aos quadradinhos) posteriores, seria uma criação tecnológica dos Guardiões do Universo, que em cada mundo habitado designavam o Green Lantern local. Como senão, o anel tinha que ser recarregado a cada 24 horas, numa (quase) cerimónia mística que incluía um juramento no qual o seu portador se comprometia a defender o bem contra as forças do mal.
O Green Lantern original era um engenheiro na vida civil, que esteve para se chamar Alan Ladd, num trocadilho com Aladin, o possuidor de uma lâmpada mágica com um génio dentro! O editor achou fraca ideia e mudou-lhe o nome para Scott. Perdeu uma bela oportunidade de, meses mais tarde aproveitar para fazer uma colagem para um novo actor que começava a brilhar em Hollywood chamado… Alan Ladd!
Com o fim da guerra, as vendas dos super-heróis entraram em declínio e as aventuras de Scott foram suspensas.
Em Outubro de 1959, por iniciativa do editor Julius Schwartz, nascia um novo Green Lantern, que na vida civil era Hal Jordan, piloto de testes da Força Aérea. As suas histórias eram assinadas por John Broome e desenhadas por Gil Kane, que fizeram dele um dos membros da Liga da Justiça.
Hal Jordan viveria os seus melhores momentos nos anos 70, quando Denny O’Neil e Neal Adams o associaram ao Arqueiro Verde (uma espécie de super-Robin Hood) levando-os numa viagem de costa a costa pelos Estados Unidos, na qual descobriram, revelaram e combateram a verdadeira criminalidade: assaltantes, políticos corruptos, promotores imobiliários à margem da lei, traficantes de droga…
O auge do realismo, patente também na abordagem da (complicada) vida sentimental dos dois heróis, foi atingido num arco em que descobriram que Speedy, o jovem pupilo do Arqueiro Verde, era ele próprio um drogado, numa história que marcou uma época e levou os super-heróis às páginas de publicações (sérias…) como o The New York Times, The Wall Street Journal ou a Newsweek. Foi também nesse período que surgiu John Stewart, um Green Lantern negro, o que permitiu uma abordagem à questão do racismo. Apesar do sucesso crítico e mediático as vendas não corresponderam e o título seria de novo suspenso.
Stewart seria mais um dos portadores do anel, tal como Kyle Rayner e Guy Gardner, entre outros. Posteriormente Jordan viria a transformar-se no vilão Parallax, morrendo e regressando como Spectre, ao mesmo tempo que as aventuras se tornavam mais cósmicas e místicas, perdendo o tom realista e apresentando como adversário recorrente Sinestro, um Green Lantern renegado, possuidor de uma anel de cor amarela.
Recentemente, Geoff Johns recuperou o herói como estrela de primeira grandeza do universo da DC Comics nas sagas “Green Lantern: Rebirth” (2004) e “Blackest Night” (2009).
Isso tornou-o um alvo apetecível face ao interesse crescente do cinema pelos super-heróis, estando, assim, em produção um filme realizado por Martin Campbell, escrito por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, que terá como principais protagonistas Ryan Reynolds, Black Lively, Peter Sarsgaard e Mark Strong. O lançamento deverá ocorrer dentro de sensivelmente um ano, em Julho de 2011, devendo seguir-se uma segunda longa-metragem de animação, depois da boa aceitação de “First Flight”, bem como uma série de desenhos animados para o Cartoon Network.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Julho de 2010)
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