18/10/2012

Astérix entre os Bretões

 

 

 

 

 
 

René Goscinny (argumento)
Albert Uderzo (desenho)
ASA (Portugal, Setembro de 2012)
22o x 290 mm, 48 p., cor, cartonado
12,90 €

  
 
1.       “Astérix e Obélix: Ao serviço de Sua Majestade”, o filme que hoje estreia em Portugal, tem como base “Astérix entre os Bretões”, oitavo álbum da série.

2.      Datado de 1966, transporta os gauleses para o outro lado do canal da Mancha, em resposta a um apelo de Jolitorax, primo de Astérix, cuja aldeia é a única da Bretanha que ainda resiste aos invasores romanos.

3.      Apesar de curta, a viagem, leva-os a descobrir uma realidade bastante diferente: a língua, com a construção frásica invertida, a condução pela esquerda, os esquisitos hábitos alimentares - cerveja morna, javali cozido, água quente com um farrapinho de leite – ou o invulgar hábito de pararem diariamente às cinco da tarde e dois dias por semana.

4.      A fleuma britânica a toda a prova, os Beatles, os estranhos sistemas métrico e monetário, o futuro túnel sob a Mancha (construído apenas 28 anos mais tarde) e a participação num (violento) jogo de râguebi são outros aspectos realçados por Goscinny e Uderzo para elaborarem uma caricatura mordaz e irresistível dos britânicos, revelando-se uma dupla em grande forma.

5.      Uderzo apresenta as qualidades que o distinguiram como um dos grandes desenhadores de humor: composição das páginas, legibilidade do traço, sentido de movimento, expressividade das personagens…

6.      Quanto a Goscinny, mordaz e observador, baseia-se na caricatura de motivos de fácil identificação, na repetição de gags e situações e nos bem conseguidos trocadilhos de palavras, para divertir o leitor.

7.      Entretanto, aproveitando a estreia do filme, a ASA acaba de lançar uma edição com uma capa nova, mais chamativa por ser diferente da habitual já conhecida dos leitores, mas de menor impacto relativamente ao conteúdo do livro.

8.     Esta edição apresenta também o traço preto restaurado e uma nova coloração digital, o que lhe confere um ar mais moderno e o torna mais legível.

9.      Por um lado, porque os pretos estão mais fortes e contrastados, o que é especialmente visível nas cenas mais preenchidas, como acontece nas páginas 46 e 47, e também na definição das fronteiras entre cenários e personagens, sendo este último aspecto reforçado pela utilização de cores mais vivas e fortes e com melhor definição – apesar de um ou outro excesso cromático pontual.

10.  Aliás, esta “actualização” das cores, na minha óptica – o que não significa que a defenda, apenas que a compreendo - só surpreende por ser tardia.

11.   Escrevo-o porque, pelas provas de grande sentido comercial já dadas por Uderzo – e por isso Astérix é o sucesso de vendas que todos sabemos - seria algo para já ter sido feito há mais tempo…

12.  … e o mesmo raciocínio se pode aplicar, aliás, ao redesenhar dos álbuns iniciais, para homogeneizar o traço…
 
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Outubro de 2012)
 
 

Pessoa & Cia - Exposição

Data: 18 de Outubro de 2012 a 31 de Dezembro de 2012
Local: Casa Fernando Pessoa, Rua Coelho da Rocha, 16 – Lisboa
Entrada livre no limite dos lugares disponíveis

 

 

 

 

 

Hoje, 18 de Outubro, pelas 18h30, tem lugar a inauguração da exposição NOVELA GRÁFICA: PESSOA & CIA, da autoria de Laura Pérez Vernetti, que na ocasião integrará uma mesa de discussão que coincide com o lançamento, pela Asa (Leya), da novela gráfica com o mesmo nome.
Participam também na conversa António Jorge Gonçalves, Filipe Abranches e Golghona Anghel, estando a moderação a cargo de Sara Figueiredo Costa.

 

(Texto da responsabilidade da organização)

17/10/2012

Heróis Marvel continuam no Público

 
 
 
 
 
 
Uma semana após a publicação do 15º e último volume da primeira série da colecção Heróis Marvel, os super-heróis da casa das Ideias regressam com o jornal Público já a partir de amanhã, para uma segunda série que contará 10 tomos.
Uma segunda série e não o prolongamento da primeira, por motivos legais, pois no início destes coleccionáveis é obrigatório indicar o número de volumes e o custo total da colecção.
Antes de apresentar a listagem dos novos títulos (baseada no suplemento que o Público incluiu na sua edição de domingo passado, quero destacar três aspectos que me parecem desde já positivos:
Em primeiro lugar, desta vez a selecção baseia-se em obras mais recentes, o que me parece que as torna mais apelativas.
Em segundo lugar, a inclusão de heróis "em falta" na primeira série, como Daredevil e Homem de Ferro.
Em terceiro lugar, ao contrário da série anterior, “importada” das colecções italiana e espanhola, alguns dos volumes foram pensados para Portugal, o que permitiu, entre outros aspectos, a inclusão no volume dedicado ao Homem de Ferro das histórias da colectânea Titanium, entre as quais duas desenhadas pelos portugueses Filipe Andrade e Nuno Plati.
A terminar fica o desejo que esta segunda vida dos Heróis Marvel – que merecia ter tido uma divulgação junto dos meios especializados - possa ter uma distribuição melhor que a anterior, aspecto que me parece absolutamente necessário para o seu sucesso.
 
18 de Outubro
Dinastia de M
Brian Michael Bendis (argumento)
Olivier Copiel e Tim Towsed (desenho)
 
25 de Outubro
X-Men: A Saga da Fénix Negra
Chris Claremont (argumento)
John Byrne (desenho)
 
1 de Novembro
Homem de Ferro: Extremis
Warren Ellis, Adam Warren, Mark Haven Britt, Matteo Casali, Tim Fish (argumento)
Adi Granov, Salva Espin, Nuno Plati, Steve Kurth e Filipe Andrade (desenho)
 
8 de Novembro
Surfista Prateado: Parábola
Stan Lee (argumento)
Moebius e John Buscema (desenho)
 
15 de Novembro
Wolverine: O velho Logan
Mark Millar (argumento)
Steve McNiven e Dexter Vines (desenho)
 
22 de Novembro
Dr. Estranho: o Juramento
Brian K. Vaughan, Stan Lee (argumento)
Marcos Martin e Steve Ditko (desenho)
 
29 de Novembro
Homem-Aranha: O Reino
Kaare Andrews (argumento e desenho)
 
6 de Dezembro
Demolidor: Renascido
Frank Miller (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
 
13 de Dezembro
Wolverine: Arma X
Barry Windsor-Smith, Chris Claremont (argumento)
Barry Windsor-Smith (desenho)
 
20 de Dezembro
Guerra Civil
Mark Millar (argumento)
Steve McNiven e Dexter Vines (desenho)

Huguinho, Zezinho e Luisinho já têm 75 anos

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Huguinho, Zezinho e Luisinho, os populares sobrinhos do Pato Donald apareceram pela primeira vez há 75 anos, na última vinheta de uma prancha dominical.
 
Criados por Ted Osborne e Al Taliaferro, antes da sua entrada triunfal em cena, pregando as primeiras partidas ao tio, foram antecedidos de uma carta de Della, irmã gémea de Donald, que os descrevia como brincalhões. Prometia também ir buscá-los logo que o pai - segundo Don Rosa, um irmão de Margarida, razão pela qual eles lhe chamam tia - recuperasse da explosão de uma bomba debaixo da sua cadeira, o que, no entanto, nunca aconteceu. Donald teve, assim, que assumir a sua educação e rapidamente passou a dividir com eles o protagonismo dos seus filmes e bandas desenhadas.
Os seus nomes originais, Huey, Dewey e Louie, teriam sido inspirados nos dos governadores da Luisiana e de Nova Iorque, Huey Long e Thomas E. Dewey, e no do trompetista Louis Armstrong.
Embora de início travessos e causadores de enormes (mas divertidas) confusões, com o tempo Huguinho, Zezinho e Luisinho passaram a ter uma postura mais lúcida e responsável, servindo de contraponto ao seu colérico e explosivo tio, a quem muitas vezes livraram de sarilhos, quer pelas suas aptidões naturais, quer graças ao manual do escoteiro-mirim que conheciam bem. E nalguns futuros alternativos, surgem mesmo como os herdeiros naturais e gestores da fortuna do tio Patinhas, em detrimento de Donald.
Como curiosidade, refira-se que se os três sobrinhos de Donald são sobejamente conhecidos de todos, poucos saberão da existência de um quarto sobrinho, que os fãs baptizaram como Phooey, que ao longo dos anos fez aparições numa ou noutra vinheta, fruto de desatenções de desenhadores que inadvertidamente incluíam quatro patinhos em lugar de três!
 
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Outubro)
 

16/10/2012

Capitán América - El hombre que compró América

 
 
 
 
 
Colecção Marvel Deluxe - Capitán América #8
Ed Brubaker (argumento)
Steve Epting, Mike Perkins, Roberto de la Torre, Rick Magyar, Fabio Laguna (desenho)
Frank D’Armata (cor)
Panini Comics (Espanha, Setembro de 2012)
175 x 265 mm, 152 p, cor, cartonado
16,00 €
 
 
Resumo
Compilação dos comics Captain America vol. 5, #37 a #42, da edição original norte-americana, consolida Bucky Barnes/o Soldado Invernal como o novo Capitão América, não sem que antes ele tenha de defrontar alguém com as mesmas aspirações, ao mesmo tempo que os planos urdidos pelo Caveira Vermelha são finalmente derrotados.
 
Desenvolvimento
Este tomo é o último do tríptico que narra o assassinato do Capitão América, no final da Guerra Civil que abalou o universo Marvel, e os acontecimentos subsequentes que levaram a ajustes importantes no seu seio.
Por isso, não deve ser lido isolado, mas como fecho de uma longa saga iniciada em “La muerte del Capitán América” (Colecção Marvel Deluxe - Capitán América #5) e que prosseguiu em “El peso de los sueños” (Colecção Marvel Deluxe - Capitán América #6), da mesma forma que este meu texto precisa também do complemento do que escrevi atrás sobre os outros dois tomos, até porque evitei repetir as ideias até agora expressas.
Nele, Brubaker continua a sua reconstrução do mito do Capitão América, revisitando ou evocando diversos momentos da sua cronologia para dar consistência à narrativa, que vai orientando entre o conflito com os seguidores do Caveira Vermelha e as cenas dialogadas em que Bucky tenta justificar a opção de vestir o uniforme do herói caído, num crescendo de tensão que culmina num confronto entre dois capitães América!
E se a linha condutora de Brubaker – e a sua mestria narrativa – se mantêm ao longo de toda a saga, bem pensada, delineada e exposta, pena é que a participação de Steve Epting tenha passado a ser intermitente, com a imagem gráfica a ressentir-se bastante e o traço a tornar-se rude e até indefinido, sem o cunho hiper-realista que o caracterizava e ajudava à ligação entre a ficção de super-heróis e a realidade, pois são vários os aspectos quotidianos nela incluídos.
Em jeito de resumo, como ideia central, fica a forma como Ed Brubaker destrói, justifica, releva e restaura o mito, encerrando um ciclo e abrindo as portas para outro novo. Porque, se este é concluído de forma no mínimo competente e, algumas vezes, mesmo brilhante, deixa também as pontas soltas suficientes para que tudo possa continuar.
 

15/10/2012

Dr. Kildare, 50 anos aos quadradinhos






 

A 15 de Outubro de 1962, nascia um novo herói dos quadradinhos, o Dr. Kildare cujas tiras diárias marcaram presença regular nas páginas do Jornal de Notícias nas décadas de 1970 e 1980.
Esta série de banda desenhada, escrita por Elliot Caplin e desenhada por Ken Bald, seguia as pisadas de uma série televisiva com o mesmo nome, estreada um ano antes na NBC. A colagem era evidente, com os heróis de papel a assumirem os rostos dos protagonistas, Richard Chamberlain e Raymond Massey, cujas fotos muitas vezes ilustraram as capas das revistas de BD. Curiosamente, a série da TV por sua vez fazia reviver um velho sucesso do cinema, o drama “Interns can’t take Money”, de 1938, que deu origem a mais uma dezena de películas.
O protagonista era James Kildare, um jovem médico, ambicioso e dotado, cujo espírito de iniciativa e idealismo com frequência chocavam com as ideias do seu próprio pai e com os métodos e normas mais tradicionais impostos pelo mais idoso Dr. Leonard Gillespie, director do hospital.
Embora decorrendo maioritariamente em meio clinico, com os dramas humanos inerentes à situação dos doentes em primeiro plano, o enredo incluía também momentos de acção – nomeadamente quando havia feridos de tiroteios – e breves ligações sentimentais entre o protagonista e as diversas beldades femininas com quem se ia cruzando.
A série televisiva, que a RTP chegou a exibir, manter-se-ia no ar até 1965, mas a banda desenhada, que contou também com prancha dominical a partir de 1964, sobreviver-lhe-ia quase mais vinte anos, até 1984.
Para além da publicação diária no Jornal de Notícias, o Dr. Kildare não teve grande visibilidade em Portugal, contando-se apenas uma presença no nº3 da revista “O Tico”, da Portugal Press, e cinco números de uma revista própria, das edições H. Pimenta, todas datadas de 1979.

 

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2012)
 

 

 

14/10/2012

Selos & Quadradinhos (88)

Stamps & Comics / Timbres & BD (88)

 
Tema/subject/sujet: Caricatura Costarricense
País/country/pays: Costa Rica
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2011

13/10/2012

BD ao Forte

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No âmbito da primeira edição da Trienal Movimento Desenho DESENHA’12, um evento partilhado por dezenas de instituições com iniciativas acerca da temática do desenho nas suas mais variadas vertentes e abordagens, ocorrerá BD AO FORTE, o certame que se centrará sobretudo no universo da banda desenhada.
Em parceria com a Liga do Combatente, todas as actividades decorrerão no Forte do Bom Sucesso em Belém, durante os dois meses do festival. No fundo, consistirá num conjunto de propostas para promover e divulgar a BD no nosso país, com workshops, exposições, lançamentos de projectos e apresentações variadas. Além disso, no lançamento e encerramento haverá uma feira de banda desenhada com a presença de alguns autores.
 
OUTUBRO
13
das 17h às 20h
 Inauguração
Abertura das exposições
Feira de BD
Programa em directo da TVL (televisão online) com a temática “O desenho na BD”.
 
14
das 14h às 17h
Masterclass “Banda Desenhada – do esboço à arte final” com Fil
5€ (mínimo 4 pessoas)
 
 
NOVEMBRO
17
das 10h às 17h
Masterclass “Análise formal de BD” com Pedro Moura
50€ (mínimo 6 pessoas)
 
24
das 10h às 17h
Masterclass “Escrita para BD – Linguagem e Forma” com Mário Freitas
20€ (mínimo 5 pessoas)
 
 
DEZEMBRO
1
Das 14h30 às 17h30
Sessão “Animação à Leitura” com Pedro Leitão
12€ (mínimo 20 crianças, cada uma acompanhada por um adulto)
 
das 17h30 às 20h
Apresentação Zona Desenha (Associação Tentáculo)
 
2
das 10h às 17h
Masterclass “A legendagem na BD – um importante instrumento narrativo” com Mário Freitas
20€ (mínimo 5 pessoas)
 
8
das 10h às 17h
Masterclass “BD Experimental” com Pedro Moura
50€ (mínimo 6 pessoas)
 
15
das 17h30 às 20h
Encerramento
Feira de BD
Apresentação/Actividade Kingpin Books
 
(Texto da responsabilidade da organização)

Iberanime OPO 2012

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O pavilhão Multiusos de Gondomar acolhe este fim-de-semana o Iberanime OPO 2012, um evento dedicado a todos os fãs e interessados pela cultura pop japonesa.
Já na sua 6ª edição, este certame acompanha uma curiosidade crescente de jovens e adolescentes por uma cultura e uma filosofia diferentes, normalmente despertada pela leitura de BD japonesa (manga) e a visualização de desenhos animados nipónicos (anime).
O Iberanime OPO 2012, aberto das 10h30 às 20h (no sábado) e às 19h30 (domingo) anuncia videojogos, torneios de cartas, uma zona comercial e muita animação, bem como os cada vez mais populares concursos de cosplay, no qual os participantes se vestem e actuam como os seus heróis favoritos.
Do programa fazem também parte uma oficina com Kamui, uma famosa cosplayer internacional, que ensinará as suas técnicas de confecção de fatos e utilização de materiais, e concertos com Keisho Ohno e Yoshi, o puto dragão.
Para mais informações consultem o site oficial do Iberanime OPO 2012.
 
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Outubro de 2012)

12/10/2012

AmadoraBD 2012 (II)

Programa actualizado


AmadoraBD 2012 - Autobiografia
26Out-11Nov
23º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora 2012
Câmara Municipal da Amadora
 

A Festa da BD em Portugal
Entre os dias 26 de Outubro e 11 de Novembro, o Fórum Luís de Camões, na Amadora, é o ponto de encontro internacional da Banda Desenhada.
 

Fórum Luís de Camões
Núcleo Central de Exposições
Destaques

A Autobiografia na Banda Desenhada
Exposição central

Estaremos pois dispostos a entrar nesse jogo,
a perceber o que subjaz à calma aparência da chamada realidade das coisas,
a discernir o que envolve um eu e o seu ensejo auto-biográfico?
Pedro Santos Maia
Da Autobiografia. Em torno de Luigi Pirandello e Manuel Gusmão,
 

(…) depois de ter enviado os seus heróis para Marte
ou ter empregue até ao limite os ingredientes do romance de aventuras para a infância,
a banda desenhada apraz-se, nos nossos dias, a colocar em cena a vida daqueles, e mais raramente, enfim, daquelas que a produzem.
Jan Baetens

 

Autobiografias e bandas desenhadas
Nota do editor: título e edição original,
“Autobiographies et bandes dessinées” in Belphégor, Littérature Populaire et Culture Médiatique, Vol. IV, no. 1,
2004 (disponível online; URL: http://etc.dal.ca/belphegor/vol4_no1/articles/04_01_Baeten_autobd_fr.html). Tradução portuguesa de Pedro Moura, autorizada pelo autor e pelo editor da revista, Vittorio Frigerio.
Os nossos agradecimentos a ambos.
 

O tema central da 23ª edição do AmadoraBD é a Autobiografia.
Este assunto será, devidamente, abordado no catálogo oficial do Festival e objeto de uma exposição comissariada por Pedro Moura, no Fórum Luís de Camões, o núcleo central do evento.
Na exposição serão apresentadas documentos, publicações, pranchas e ilustrações originais dos vários autores que têm trabalhado este tema e que foram gentilmente cedidas
por museus, galerias de arte e coleccionadores particulares.
Por isso um agradecimento especial ao Museu de Banda Desenhada de Angoulême (França), aos Achives Szukalski, Los Angeles (EUA), à Fantagraphics e a Bernard Mahé (França).
 

A Autobiografia
por Pedro Moura
A autobiografia é um género que no modo de expressão da banda desenhada se consolidou por volta dos anos 1960, quer nos Estados Unidos, sobretudo com os autores afectos ao movimento dos underground comix, quer em França com pequenas experiências pelo humor irrisório de Gotlib, Mandryka, Gire ou mesmo Jean Giraud.
Existem exemplos que podem ser colhidos ao longo da história da banda desenhada, e no caso português a menção de Rafael Bordalo Pinheiro não seria, como sempre, descabida. Contudo, enquanto género próprio, ou até possibilidade de criação,
apenas emerge na contemporaneidade. Autores como Justin Green, Robert Crumb, Aline Kominsky, Edmond Baudoin, Carlos Giménez, Keiji Nakazawa e Harvey Pekar
são fundamentais e influentes na abertura dessa possibilidade.
Os anos 1990, mais uma vez nos três pólos principais da produção de banda desenhada global (França, Estados Unidos e Japão) marcariam uma viragem e exposição substancial: aí poderíamos destacar nomes tais como Seth, Chester Brown, David B., Julie Doucet, Jean-Christophe Menu, James Kochalka, Fabrice Neaud, Debbie Drechsler, Howard Cruse, Marjane Satrapi, Craig Thompson, Alison Bechdel,
entre tantas outras possíveis referências num universo muito alargado.
Portugal, por todas as vicissitudes e especificidades da sua história particular da banda desenhada, tem uma presença no campo da autobiografia mais tímida, mas não seria errado pensar nos nomes de Fernando Relvas, Alice Geirinhas e Ana Cortesão nesse balanço. Mais recentemente, autores como Marcos Farrajota e Marco Mendes
exploram esse território de um modo explícito e criativo.
Tendo em conta que a história da banda desenhada, sobretudo no século XX, foi ocupada sobretudo por géneros infanto-juvenis e associados a géneros fantasiosos, escapistas ou delimitados por regras de expectativas mercantis, a autobiografia foi um dos géneros que mais e melhor contribui para uma sua abertura e desenvolvimento cultural.
Quer dizer, a paulatina mas assegurada consolidação da banda desenhada como uma arte ou modo de expressão passível de ser empregue para quaisquer fins, narrativos, artísticos, estilísticos, políticos ou filosóficos, que sejam desejados pelos autores, encontrou nesse género em particular uma das vias de expansão. É aí que encontramos um contributo decisivo para o aparecimento de editoras alternativas dedicadas à produção não apenas de revistas mas de livros (a canadiana Drawn & Quarterly e a francesa L'Association poderão servir de exemplos maiores), e que influenciariam igualmente editoras mais tradicionais, assim como é graças a esses novos autores e essas obras que a banda desenhada ganha um espaço mais digno e crítico na recepção crítica cultural, levando mesmo à sua inclusão em prémios literários prestigiados, bolsas de desenvolvimento artístico, residências, convites aos autores para participarem em encontros transdisciplinares, já para não falar do enorme ímpeto que deram aos estudos académicos de banda desenhada.
A mostra que o AmadoraBD agora leva a cabo tentará fazer um retrato do desenvolvimento deste género, dar conta da sua diversidade interna, revisitar alguns dos seus nomes principais e revelar alguns dos novos artistas. Sendo um dos principais campos da banda desenhada contemporânea, o Festival apresenta assim, a um só tempo, um balanço do que se passou e um relançar das questões para o futuro.
 

Spiderman
O Homem Aranha faz 50 Anos e a capital da Banda Desenhada recebe mais um super-herói
e seus amigos. Uma exposição que não vai querer perder.
Co-produção: Marvel, Fundação Franco Fossati e Museo del Fumetto, dell’illustrazione
e dell’immagine animata, Milão.
 

Paulo Monteiro
AUTOR DA ILUSTRAÇÃO ORIGINAL DO AMADORABD
O autor de O Amor Infinito que te Tenho premiado em 2011 com o troféu Melhor Álbum Português do AmadoraBD foi o convidado do Festival para criar a ilustração original que serve de base à imagem global da edição deste ano.
Paulo Monteiro é assim o autor em destaque do 23º AmadoraBD 2012 com uma exposição sobre a sua obra e sobretudo com álbum vencedor do troféu.
Para que fique a conhecê-lo melhor aqui fica uma breve biografia.
 

BIOGRAFIA
Paulo Monteiro nasceu em Vila Nova de Gaia em 1967. A partir dos 13 anos começou a ilustrar fanzines de poesia, cartazes e murais. Depois de desistir da admissão às Belas-Artes, matriculou-se em Letras, na Universidade de Lisboa, em 1987. Durante esse período estudou Pintura e Cenografia para Teatro. Quando se licenciou, em 1991, foi viver para Beja, onde ainda vive. Tem um filho: Manuel.
Teve (e tem) interesses e actividades muito diferentes: trabalhou nas vindimas, passou filmes de Buster Keaton e Charlot de terra em terra, escreveu para a rádio e para os jornais, trabalhou no Cais Marítimo de Alcântara, compôs músicas, tocou guitarra em lares, foi professor de Geografia e Ciências da Natureza, fez cenários e figurinos para teatro, fez teatro de sombras chinesas e teatro de fantoches, participou em escavações arqueológicas, etc., etc. Também fez a curadoria de dezenas de exposições de escultura, ilustração, pintura antiga e contemporânea, etc.
Escreveu e publicou três fanzines de poesia: Poemas (1988), Poemas a andar de carro (2003) e Poemas Japoneses (2005).
Viaja regularmente pelo Sul de Portugal visitando escolas em pequenas vilas e cidades para falar de banda desenhada.
Desde 2005 que faz a direcção da Bedeteca de Beja e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, por onde têm passado alguns dos mais excitantes autores de banda desenhada da actualidade como Craig Thompson, Dave McKean, David B., Gipi, Lorenzo Mattotti ou Miguelanxo Prado, entre muitos outros.
Foi também a partir de 2005 que se começou a dedicar essencialmente à banda desenhada, como autor…
A partir dessa altura publicou várias bandas desenhadas curtas em Portugal, no Brasil, na Colômbia e em Espanha. Realizou e participou em várias exposições de banda desenhada, essencialmente em Portugal, mas também no Brasil, Espanha, França, Itália e Roménia.
O seu primeiro livro, O Amor Infinito que te tenho, publicado pela Polvo em 2010, ganhou o Prémio Melhor Álbum Português Amadora BD 2011, e o Prémio Melhor Publicação Independente Central Comics 2011.
O Amor Infinito que te tenho será publicado em 2013 pela Blank Slate Books, no Reino Unido e na Irlanda, pela Balão Editorial, no Brasil, e pela Timof, na Polónia.
Neste momento encontra-se a trabalhar no segundo livro, que deverá estar concluído no final de 2015.
 

Ricardo Cabral
O livro Newborn 10 Dias no Kosovo,
que conquistou o troféu para Melhor Desenho de Álbum Português, em 2011,
será o ponto de partida para esta exposição que apresenta o processo criativo
deste livro e uma retrospetiva da sua obra.
 

Ana Afonso
Uma nova geração de autores portugueses, com trabalhos publicados em Portugal
e no Estrangeiro, espera por si no Fórum Luís de Camões. Apareça.
 

Cyril Pedrosa
O álbum Portugal deste autor com ascendência portuguesa foi prémio FNAC em França.
O lançamento da obra em português,
com a chancela das Edições ASA/Leya terá lugar no AmadoraBD.
A primeira vez que Pedrosa visitou o país de seus pais foi em 2006 a convite de Luís Beira,
Director do Salão de BD da Sobreda da Caparica.
Mais tarde, e já em fase de produção do álbum “Portugal”,
o autor fez parte importante da sua pesquisa sobre BD portuguesa no CNBDI.
Em França Portugal foi prémio FNAC e no AmadoraBD será lançada a versão portuguesa, com a chancela das Edições ASA.
O autor estará presente nos dias 26 e 27 de Outubro.
 

Victor Mesquita
Eternus 9
Um dos decanos da BD Portuguesa, Victor Mesquita, viu o seu álbum Eternus 9 A Cidade dos Espelhos ser premiado em 2011 com o troféu Melhor Argumento de Álbum Português.
Em exposição estará, naturalmente, este seu último trabalho assim como o anterior
Eternus 9 Um Filho do Cosmos.
Distando 30 anos entre os 2 álbuns,
esta mostra permite ver como se mantém a identidade de uma série
com métodos de trabalho completamente diferentes. 

Ana Afonso
O Lobo Prateado
A Melhor Ilustração de Livro Infantil de Autor Português, foi atribuída a O Lobo Prateado, de Ana Afonso com texto de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.
Ana Afonso tem um currículo artístico onde se incluem o desenho, a ilustração, a pintura e a gravura e é um pouco de todos estes trabalhos que será possível conhecer nesta exposição.
 

José Carlos Fernandes
Agencia de Viages Lemming
Premiado com o troféu Melhor Álbum de BD de Autor Português Editado no Estrangeiro,
A Agencia de Viages Lemming é um exemplo notável de talento e versatilidade,
uma inspiração nascida em plena silly season.
Feita para alegrar o Verão de um jornal,
libertou-se das amarras do calor e condensou em livro.
As suas portas estão agora abertas a todos os que através dela
quiserem continuar a viajar, pela vida fora.
 

Infante Portugal
Deriva de um fascínio pessoal de José de Matos-Cruz pelas histórias em quadradinhos que, liado ao apelo da escrita acabou por gerar um universo múltiplo e peculiar.
Conjugando fenómenos lúdicos e fantasistas com matrizes heróicas e simbólicas
da qual se evidencia uma alusão crítica e irónica à sociedade vulnerável mas global.
Participam neste projecto um conjunto tão vasto quanto
diverso de ilustradores e desenhadores de BD.
 

ZEP
Titeuf e Happy Sex
É um autor suiço, de seu nome Philippe Chapuis. Como apaixonado que é pela música em geral e o rock em particular, adoptou o seu nome artistico em homenagem à banda Led Zeppelin. No AmadoraBD apresenta-se no com duas das suas obras mais emblemáticas Titeuf, dedicado aos mais jovens e Happy Sex para um público adulto. 
 

Ano Editorial Português
Apresentação de todas as edições de banda desenhada de autores portugueses em 2012

 
AmadoraBD Júnior
Sábados e Domingos de manhã, no Fórum Luís de Camões.
 

Oficinas
Pinturas Faciais
É só escolher a pintura que mais gostas e o resto fica por nossa conta.
Todos os produtos são adequados e anti-alérgicos.
 

Modelagem de Balões
De todos os tamanhos e feitios em forma de flores, espadas, cães, chapéus, corações…
para distribuir às crianças.
 

Cinema de Animação
Vem conhecer e experimentar os jogos ópticos e as técnicas do cinema de animação.
Vais ver como é divertido fazer um filme.

 

Música Digital
Para criar os sons dos filmes de animação.
Com recurso a um computador e aparelhos electrónicos, os mais novos podem compor a música que dará vida aos filmes.
 

Oficina de Origami
A partir de uma folha de papel podes criar as figuras que quiseres.
Vem conhecer o origami, uma arte ancestral japonesa.
 

Fórum Luís de Camões
Núcleo Central de Exposições
 
Rua Luís Vaz de Camões – Brandoa — T (+351) 214 948 642
Coord GPS: LAT 38°45’52.84”N / LONG 9°12’49.60”O

Seg a Qui, Dom e Feriado — 10:00h-20:00
Sex e Sab — 10:00-23:00

Autores Nacionais e Estrangeiros

Sessões de Autógrafos

Exposições

Debates e Colóquios

Feira do Livro

Novidades Editoriais

Espectáculos Musicais

Animação Infantil

 

O Festival pela Cidade
Para além do núcleo central do AmadoraBD, no Fórum Luís de Camões, existem outros espaços expositivos na Amadora e que são de acesso gratuito.
 

— Na Amadora
Maria João Worm
Prémio Nacional de Ilustração 2011
Constelations
Os dez anos da Maison des Auteurs, em Angoulême
Casa Roque Gameiro
Largo 1º de Dezembro 54 — Venteira — T (+351) 214 369 058
Seg a Sab 10:00-12:30 e 14:00-17:30 / Encerrado Dom e Feriados.

 

A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto
Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem
Av. do Brasil 52 A — Falagueira — T (+351) 214 369 057
Seg a Sex — 9:30-12:30 e 14:00-18:00 / Sab e Dom — 14:00-19:00
 

A Pintura de Vitor Mesquita
Galeria Municipal Artur Bual
Av. MFA – Edifício dos Paços do Concelho — Mina — T (+351) 214 369 059
Ter a Sex — 10:00-12:30 e 14:00-18:00 / Sab, Dom e Feriados 15:00-18:00
 

Amadora Cartoon
Recreios da Amadora
Av. Santos Matos 2 — Venteira — T (+351) 214 927 315
Ter a Dom — 14:00-17:30 / Encerrado Seg

 

— Em Lisboa
Comic-Transfer
UrbanSketches Till Laßmann e Ricardo Cabral
ORG: Goethe Institute
Campo dos Mártires da Pátria 37 — 1169-016 Lisboa — T (+ 351) 218 824 510
 

BDs Autobiográficas Francesas
Cyril Pedrosa e Mathieu Sapin
Instituto Francês em Portugal
Avenida Luís Bívar 91 — 1050-143 Lisboa — T (+ 351) 213 111 400
 

Intervenções de grafiters e artistas de BD Amadora e Lisboa
Galeria de Arte Urbana da C. M. Lisboa
 

(Texto da responsabilidade da organização)

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