
Dargaud (França, Janeiro de 2008)
240 x 130 mm, 80 p., cor, cartonado
Mia é uma adolescente que sofre de bulimia. Desde pequena, sente uma necessidade imperiosa de vomitar tudo o que come. Por isso, apesar de bonita e sensual (tem as medidas de uma top-model…) - e também porque os pais não a compreendem - sente-se só e abandonada por todos, e sente inacessível aquele por quem se apaixonou, por quem vai todos os dias à biblioteca da universidade (que ainda não frequenta) tentando ganhar coragem para lhe falar.
Ele, é Dany. Que parece ter tudo para ter sucesso na vida: atraente e rico, que mais desejar? A atenção do pai, que lhe dá tudo menos aquilo que ele deseja: companhia, solidariedade, interesse.



Porque apesar do aparente happy end, a verdade é que o catalão Man deixa bem claro que todos os problemas continuam. E somos obrigados a pensar que, às vezes, é mais fácil encarar situações extremas do que viver o dia-a-dia, igual e monótono, aceitando as diferenças dos outros. Porque num relato aparentemente de tom policial, é às relações humanas - e de cada um consigo mesmo - que o autor dá todo o destaque, arrastando-nos até ao âmago de Mia e Dany.

Graficamente atraente, com um traço limpo de pormenores desnecessários, em que as expressões fisionómicas são o mais marcante, com uma planificação multifacetada e dinâmica, a obra trilha um caminho que muitos, possivelmente, vão seguir nos próximos tempos: o cruzamento entre o grafismo asiático e a construção narrativa ocidental, embora sejam claramente inspirados naquele género algumas sequências mudas (ou quase), em que a imagem ganha toda a força da narração.
(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Janeiro/Fevereiro de 2008)
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