
Guido Nolitta (argumento)
Aurelio Galleppini (desenho)
Mythos (Brasil, Março e Abril de 2007)
133 x 177 mm, 100 p., pb, brochado, mensal
Resumo
Esta aventura começa quando Jack Tigre e outro navajo regressam de uma viagem com cobertores e provisões

Tex não tem qualquer lembrança de se ter cruzado com a estranha personagem, mas dispõe-se a comparecer ao encontro.
Desenvolvimento

Considerada uma das melhores histórias de Tex, “El Muerto”, originalmente datada de Agosto/Setembro de 1976, faz jus à sua fama.
Como quase sempre acontece nestes casos, apresenta um Tex menos infalível – por isso mais humano – que tem que correr atrás dos acontecimentos, desconhecendo quem orquestra tudo e porque o faz. E dando a ideia que chega sempre um pouco tarde ou que não consegue virar o rumo aos acontecimentos, mesmo quando consegue antecipar os movimentos do seu misterioso adversário, como na chegada a Sunsetville. Nessa “falibilidade”, Tex vê os seus amigos serem feridos espancados ou mesmo mortos, sem conseguir inverter as situações, algo raro nas suas histórias.
Mesmo a forma como, a caminho do lugar do encontro final, consegue derrotar os capangas de El Muerto – apenas cinco… -, após a emboscada que eles lhe prepararam, precisando para isso da ajuda providencial de Tigre, apenas reforça esse (estranho e incomum) lado humano do ranger e cria mais expectativa para o duelo final, aumentando a estranha aura de El Muerto.
Este, é uma personagem bem delineada, um dos mais marcantes vilões que Tex enfrentou, não tanto pelos seus actos, mas pela forma como se impõe ao ranger quase até final. Um vilão movido por um insano (?) desejo de vingança, que nem as explicações do ranger, no cemitério, conseguem demover. O que só contribui para acentuar o seu lado trágico e, surpreendentemente, para lhe dar consistência e credibilidade.

E se a explicação é longa, que dizer do duelo final que ocupa três (demoradas) pranchas e finalmente possibilita o aliviar da tensão acumulada. Pelo menos para o leitor, porque Tex, se obtém o esperado resultado final, ainda precisa de se libertar dela contra o relógio que testemunhou o dramático confronto…
Guido Nolitta, construiu com mestria a trama, que prima em conduzir num crescendo, sem pontas soltas nem incongruências, encaixando nela perfeitamente a narrativa “antiga”, afastando quase completamente o Tex heróico e infalível que tantas vezes custa a “engolir”.
A seu lado, esteve um Galep na posse de todas as suas (muitas) qualidades, com um traço vibrante e dinâmico como sempre, especialmente detalhado e completamente à vontade cenários interiores ou nas paisagens do velho oeste, no retrato de homens ou animais, de cenas calmas ou de acção intensa.
A reter

- A manutenção do mistério da identidade de El Muerto ao longo de 130 das quase 200 páginas da narrativa.
- A forma como Tex é desta vez um peão na história, seguindo o curso dos acontecimentos, não o impondo como é habitual.
- A consistência e a credibilidade de El Muerto.
Menos conseguido
- A história ganharia ainda mais se a presença de Paço Ordoñez na fatídica cabana fosse revelada apenas no final da narrativa em flashback.
Curiosidade
- O Tex Colecção #242 (ainda) está disponível nas bancas portuguesas, devendo a edição seguinte chegar ainda durante este mês.
- Existe uma versão semi-animada desta banda desenhada que pode ser vista aqui (http://texwillerblog.com/wordpress/?p=7366).
- Guido Nolitta é pseudónimo de Sergio Bonelli.
- Tex Colecção republica, por ordem cronológica, todas as histórias de Tex.
(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, a 13 de Janeiro de 2010)
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