22/07/2025

Zorro, um regresso de entre os mortos

Um herói de todos os tempos


Os heróis nunca morrem. Podemos passar algum tempo sem eles, podem parecer desaparecidos ou fora do combate mas, a verdade é que, quando são necessários, voltam a aparecer, qual Fénix por entre as cinzas, renascidos realmente ou apenas de forma simbólica, reacendem o fogo da paixão, gritam vivas aos ideais de liberdade e justiça e guiam os necessitados no caminho da revolução e da recuperação do que era seu, dando de novo sentido às suas vidas.

Zorro - "raposa" no original espanhol, com esta obra também explora - é um desses casos. Criado em 1919 pelo escritor pulp norte-americano Johnston McCulley, chegou ao cinema dois anos depois e teve também vida longa na banda desenhada. Nesta, a versão mais recente intitula-se Zorro, um regresso de entre os mortos e está nas livrarias numa edição da ASA.

Curiosamente, ao contrário do também aconselhável Don Vega (Ala dos Livros, 2020), de Pierre Alary, que de alguma forma recuava ao passado da personagem, nesta versão do norte-americano Sean Murphy, reencontramos o Zorro no nosso tempo, numa pequena cidade mexicana, não por acaso chamada La Vega que, honrando as suas tradições, a par do Dia de los Muertos, também celebra o célebre justiceiro de capa espada, afirmando que o mito existiu mesmo. Ou melhor, fazia-o até ao dia em que um cartel de droga invadiu a povoação e decidiu que todos trabalhariam para si no cultivo de papoilas, assassinado um figurante que fazia de Zorro e os tentou enfrentar.

Anos mais tarde, por caminhos diferentes, como diferentes foram os seus trajectos, serão os seus filhos, Rosa e, naturalmente, Diego, que farão o mito reviver e lutar pela libertação daquele povoado.

Murphy, claramente rendido à lenda, recria em todo o seu esplendor, em pranchas plenas de ação e movimento, muitas vezes de imagem quase única, com o justiceiro ou aquele que o encarna em poses épicas que evocam uma herança que encheu os sonhos de milhões ao longo de muitas gerações.

Para além originalidade da transposição para o presente, o que não é de somenos pelas novas roupagens que a revestem, este Zorro tem outros pontos distintivos relevantes, mas as lendas e a paixão que despertam não precisam de ser originais, precisam apenas de (re)encontrar, neste caso no coração dos leitores, o caminho para dar largas à grande aventura.


Zorro, um regresso de entre os mortos
Sean Murphy
ASA
Portugal, Junho de 2025
214 x 326 mm, 128 p., cor, capa dura
24,90 €

(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Julho de 2025 ; imagens disponibilizadas pela ASA; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

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