Novas aventuras para público infantil já estão nas livrarias
Os pequenos seres azuis estão de regresso às livrarias portuguesas. Dias bons e felizes e Juntos somos melhores! são os primeiros títulos disponibilizados pela Nuvem de Letras, uma das chancelas da Penguin Random House.
Ao contrário do que os leitores mais antigos poderiam esperar, as capas ostentam a designação 'Smurfs' e não 'Schtroumpfs'.
Baptizados 'Schtroumpfs' na sua Bélgica natal, um pouco por todo o mundo os simpáticos seres azuis tiveram designações próprias. Se em Portugal foram apenas 'schtrumpfs' ou 'estrumpfes' nas versões em álbum da União Gráfica (em que se estrearam por cá, em 1969), da Pública ou do Círculo de Leitores, já em Espanha tornaram-se 'pitufos', na Itália 'puffis' ou 'schlümpfes' na Alemanha. Depois, o seu sucesso na BD originou uma série animada nos Estados Unidos, em 1981, da responsabilidade dos estúdios Hanna-Barbera, onde se tornaram 'smurfs'. As sucessivas animações, a crescente implantação da língua inglesa e os três filmes de imagem real já neste século, com o quarto a estrear entre nós hoje, acabaram por tornar o termo inglês praticamente universal. Por isso, esta colecção intitula-se Somos os Smurfs.
Os Schtroumpfs apareceram pela primeira vez na revista Spirou #1047, de 8 de Maio de 1958, na história La flûte à Six Schtroumpfs, uma aventura de Johan e Pirlouit, publicada em álbum pela União Gráfica e na revista Jacaré. Neste relato medieval de aventura e humor, a certa altura começam a aparecer sinais de estranhas personagens que, na ‘célebre’ prancha 37, se revelam como os pequenos seres azuis que hoje bem conhecemos e fizeram o sucesso do seu criador Peyo (aliás Pierre Culliford).
Encaradas geralmente como histórias divertidas, as aventuras originais também traçavam retratos críticos e mordazes de situações como o racismo (em Os Schtrumpfs Negros), os totalitarismos (Estrumpfíssimo) ou até o machismo (Estrumpfina).
As novas edições, também em BD, são escritas por Falzar e Thierry Culliford (filho do criador da série) e desenhadas por Antonello Dalena e Paolo Maddaleni. Ao Jornal de Notícias, Rita Santos, a editora responsável afirmou que "a Penguin Random House fica muito feliz de fazer parte do universo Smurfs e de trazer as histórias destas personagens icónicas para o nosso mercado."
Estas edições são claramente destinadas a um público infantil, não surpreendendo por isso que o grafismo esteja mais próximo das recentes versões animadas do que da banda desenhada clássica. Tematicamente, estas aventuras exploram situações do dia-a-dia, como a impaciência, a poluição, as diferenças ou a perda de um animal de estimação, proporcionando aos pais, num dossier final, tópicos de abordagem destas questões actuais e sensíveis para os mais novos.
Essa é uma das razões desta escolha editorial, refere Rita Santos, ao vincar que "apesar de ter uma vida já longa, a marca mantém-se forte e fiel aos seus valores. No mundo dos Smurfs, cada um tem uma personalidade e função, mas são todos únicos e fundamentais para uma sociedade coesa e poderosa, onde cada um se aceita (e aos outros) exatamente como é."
Reencontro com o Grande Smurf, o Smurf Valentão, o Smurf de Óculos, a Smurfina e os outros habitantes da aldeia, "estes dois primeiros livros da marca pela Penguin Random House no mercado português são só o início", reforça Rita Santos que, num piscar de olho também aos antigos leitores, conclui desejando que seja "uma longa parceria que se poderá traduzir em muitos outros livros desde as primeiras aventuras às histórias mais recentes".
A linguagem Schtroumpf
Diz a lenda que durante um almoço entre Peyo e André Franquin (desenhador de Spirou e criador de Gastin Lagaffe), querendo o saleiro, aquele pediu: "passa-me o... o schtroumpf". A brincadeira pegou e durante a refeição tudo passou a ser 'schtroumpf', termo que nas conversas entre os seres azuis, tanto substitui nomes como verbos, tornando-as originais e muito divertidas.
(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Julho de 2025; imagens disponibilizadas pela Nuvem de Letras; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
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