É sabido que Johan et Pirlouit era a série preferida
de Peyo, pela qual sentia especial carinho.
Neste terceiro - e
penúltimo - volume integral, tudo parecia indicar um momento de viragem.
No entanto. a entrada
em cena de uns conhecidos anõezinhos azuis, originalmente baptizados como
Schtroumpfs, viria a alterar os planos do criador belga.
La Fléche Noire, primeira das três histórias deste tomo, sobre
um bando de ladrões que utiliza um infiltrado no castelo para aplicar grandes
golpes e desaparecer, para além de mostrar a súbita paixão - e a total
inaptidão - de Pirlouit para a música - como base para mais uma série de gags -
denota também a sua chamada para a boca de cena, com maior protagonismo, suplantando
mesmo Johan.
Essa dupla
premissa prossegue em Le Sire de
Montrésor, com o pequeno Pirlouit a ser confundido com o herdeiro de um
território dominado por gente com poucos escrúpulos.
A grande mudança -
menos na série do que na vida de Peyo, viria no entanto com La flûte à Six Schtroumpfs, onde, a cerca
de um terço do relato, começam a aparecer aqui e ali sinais de estranhos
personagens, que na ‘célebre’ página 37 se revelam como os pequenos seres azuis
que hoje bem conhecemos. Introduzidos como criadores da tal flauta de seis
buracos, mágica por fazer dançar até à exaustão todos os que a ouçam tocar,
acabam por ser eles também a auxiliar Johan e Pirlouit na resolução do problema
surgido quando a flauta cai nas mãos de um bandido que a utiliza para assaltar
toda a região.
Bom humor, alguma
ingenuidade, muita imaginação, o achado da linguagem schtroumpf e um claro domínio da arte de contar aos
quadradinhos são os ingredientes de um livro que vale igualmente pela estreia
dos Schtroumpfs, cujo sucesso seria tão grande que obrigaria mesmo Peyo a abandonar
a sua série favorita em seu favor.
Como habitualmente
nos integrais franco-belgas, há um interessante dossier introdutório, que situa
a obra no seu tempo e na carreira do autor, para além de diversas curiosidades
e factos interessantes - mas onde não se compreende a falha (muito grave) que
refere a primeira aparição de um Schtroumpf na página 57 (mesmo que a numeração
de Pyeo não seja muito legível) quando ela acontece na página 37 (!) da
história, e que menos ainda se acrescente que isso acontece a três páginas do
fim, quando os pequenos seres ainda vão aparecer em mais 14 páginas!
Johan et Pirlouit: L’intégrale
#3 (de #4)
Peyo
Dupuis
Bélgica, Dezembro de 2014
218 x 230 mm, 202 p., cor,
cartonado
24,00 €
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua
extensão)
Para quando, em Portugal, as nossas editoras de BD, também começam a publicar obras integrais de Heróis bem como de Autores?
ResponderEliminarJá não é sem tempo, que comecem aparecer obras de heróis famosos ou não, como de autores pouco conhecidos ou desconhecidos.
Como neste momento há uma espécie de boom de editoras, como de obras, para quando uma arrisque.
Boas leituras.