Petzi de regresso às livrarias portuguesas
Clássico da banda desenhada fez as delícias de milhares de
crianças na década de 80.
Ler continuação da nota de imprensa já a seguir.
Os saudosos livrinhos
azuis de 32 páginas, originalmente editados em Portugal pela Difusão Verbo e há
muito fora do mercado, estão de volta para conquistar uma nova geração de
leitores e despertar muitas recordações nos mais graúdos. As novas edições, que
constituem a primeira aposta da editora independente Ponto de Fuga, são
traduzidas directamente a partir do original dinamarquês por Susana Janic. Para
já vão estar disponíveis os três primeiros volumes: ‘Petzi Constrói um Barco’,
‘Petzi e a Baleia’ e ‘Petzi e a Mãe Peixe’.
Criadas pelo casal dinamarquês Vilhelm (1900-1992) e Carla
Hansen (1906-2001) – ele autor das ilustrações, ela dos textos – as histórias,
temperadas com um humor suave mas certeiro, divertem ao mesmo tempo que
promovem valores como a amizade, a bondade, a entreajuda, o trabalho e o
espírito de aventura.
Vestido de jardineiras vermelhas às bolas brancas e
característico gorro azul, o ursinho Petzi marcou muitas infâncias em todo o
mundo, sempre acompanhado por uma trupe de amigos inseparáveis: Pingo, o leal
pinguim; Riki, o pelicano de cujo grande bico saíam a voz da razão e os
objectos mais inacreditáveis; Almirante, a foca indolente e conhecedora de
todos os segredos dos mares e dos marinheiros.
Sobre o Petzi
Quando começou a desenhar o ursinho Petzi, Vilhelm Hansen
tinha 51 anos e era já um ilustrador experiente, com créditos firmados na área
da publicidade (as suas ilustrações de automóveis Ford, nos anos 30, tinham-lhe
valido elogios do fundador da marca, Henry Ford). Mas apesar de algumas
incursões na banda desenhada, a meias com a mulher, Carla, que concebia as
histórias, foi com o aparecimento do Petzi que Hansen se impôs definitivamente
nessa área.
No final da década de 40, o Presse Illutrations Bureau
(PIB), com sede em Copenhaga, tivera um enorme sucesso a vender aos jornais a
série de tiras de banda desenhada infantil ‘Strudsen Rasmus’. Quando o autor
decidiu colocar um ponto final na série, o PIB contactou Vilhelm e Carla, com
quem já trabalhara em diversos projectos, pedindo-lhes que criassem uma nova
personagem e fazendo uma única exigência: que o protagonista se chamasse
Rasmus.
No Verão de 1951, o casal apresentou uma primeira versão da
nova série, protagonizada por uma tartaruga com esse nome. Embora gostando do
resultado, o PIB entendeu que um protagonista tão pequeno e lento como uma
tartaruga não oferecia grandes possibilidades. Vilhelm e Carla acederam a
pensar em alternativas e, em Agosto de 1951, apresentaram o tão celebrado
ursinho de jardineiras vermelhas com bolas brancas. A tartaruga também não
ficou esquecida: permaneceu na versão final e protagonizou, ao longo de toda a
série, pequenas histórias paralelas nos mesmos quadradinhos em que decorre a
acção principal.
À partida, o ursinho esteve para se chamar ‘Bjørnen Rasmus’
(Rasmus, o Urso), mas Carla Hansen opôs-se, alegando que devia ter um apelido
como toda a gente, além de que o nome era demasiado violento para o público
infantil. O apelido ‘Klump’, que acabou por prevalecer, ficou a dever-se a um
Golden Retriever homónimo que vivia no apartamento abaixo do dos Hansen, em
Copenhaga. Na Alemanha, França, Itália e Portugal, ‘Rasmus Klump’ ficaria
conhecido como Petzi.
A primeira tira diária saiu no vespertino Berlingske
Aftenavis a 17 de Novembro de 1951 e a série rapidamente se tornou popular, não
só pelo seu estilo de desenho inconfundível (Vilhelm Hansen foi reconhecido
pela Biblioteca Nacional Francesa como um dos 100 maiores cartunistas europeus
do século XX), mas também pelo facto, facilitador para as crianças mais novas,
de os textos não surgirem em balões de diálogo, mas em legendas abaixo das
ilustrações – foi assim até 1959, altura em que as histórias passaram a ser
contadas com recurso a balões.
A ideia era que a narrativa pudesse funcionar o mais
possível em termos visuais, minorando a necessidade de ler os textos, embora
com o tempo estes tenham ganho uma importância cada vez maior. Talvez por isso,
Carla só tenha passado a ser creditada como co-autora ao terceiro álbum, ‘Petzi
e a Mãe Peixe’ (o primeiro, ‘Petzi Constrói um Barco’, saiu em 1952).
Desde a estreia, as tiras do Petzi foram publicadas em mais
de 400 jornais e os seus livros editados em quase 30 países, tendo vendido
outros tantos milhões de exemplares. Para o pequeno ecrã foram produzidos, até
à data, 52 episódios de desenhos animados, com crescente êxito global.
Mas por mais popular que o Petzi seja em várias partes do
mundo, na Dinamarca é praticamente um símbolo nacional. Em 2011, um estudo de
mercado promovido pelo grupo editorial que detém os direitos da série apurou
que a taxa de reconhecimento do Petzi, junto das crianças e jovens
dinamarqueses entre os três e os 18 anos, era de 99 por cento. No ano anterior,
a personagem tornara-se uma das principais atracções do Tivoli, em Copenhaga –
um dos parques de diversões mais antigos e populares do mundo (abriu em 1843 e
recebe actualmente mais de quatro milhões de visitantes por ano). Em 2001, o
50.º aniversário da personagem foi assinalado com a emissão de quatro selos
comemorativos.
Em 1998, Carla Hansen criou o Rasmus Klump Prisen (Prémio
Petzi), para distinguir personalidades ou instituições que, através das suas
iniciativas, espelhem a filosofia da série, provendo a amizade e a lealdade e
constituindo um bom exemplo para os dinamarqueses. O prémio (um desenho
original do Petzi, uma estatueta do Pingo e 25 ou 50 mil coroas dinamarquesas -
cerca de 3350 ou 6700 euros, soma normalmente doada pelos vencedores a
instituições de caridade) é entregue todos os anos numa cerimónia na Câmara
Municipal de Copenhaga, no fim da qual são servidas as inevitáveis panquecas. O
vencedor da primeira edição foi o herdeiro do trono dinamarquês, Príncipe
Frederico, que em tempos integrou o Corpo de Mergulhadores (uma Força de
Operações Especiais do Comando Naval Dinamarquês), onde, nem de propósito,
ficara conhecido como ‘Pingo’ – nome que lhe ficou literalmente marcado na
pele, numa tatuagem.
Sobre a Ponto de Fuga
A Ponto de Fuga é uma nova editora independente que tem por
objectivo publicar obras e autores de qualidade nos diferentes géneros –
ficção, não ficção, poesia e infanto-juvenil –, assumindo também a missão de
reeditar títulos que, tendo desaparecido das livrarias, mereçam regressar ao
convívio com os leitores. É o caso da colecção Petzi, um clássico da banda
desenhada infantil, que marca a estreia da editora.
No domínio da não ficção, a Ponto de Fuga está a preparar,
para o início de 2015, uma nova edição de ‘Não Percas a Rosa’, o diário que
Natália Correia manteve entre Abril de 1974 e Dezembro de 1975, no qual a
escritora disseca, com a sua lucidez e brilho habituais, as idiossincrasias do
Processo Revolucionário iniciado com o 25 de Abril (a obra foi originalmente
publicada em 1978).
Além da vertente editorial, a Ponto de Fuga aposta também
numa pequena loja instalada na sua sede, na Rua de Ponta Delgada, em Lisboa,
onde, além dos livros e produtos próprios, disponibilizará uma selecção
criteriosa de títulos de outros editores, seguindo uma lógica de ‘se não editámos,
gostávamos de ter editado’. Nessa espécie de ‘mercearia cultural’ haverá ainda
espaço para uma selecção de discos em vinil. A loja abre ao público no próximo
dia 17 de Novembro, data em que se assinala o 63º aniversário da publicação da
primeira tira do Petzi na Dinamarca.
(Texto e imagens fornecidos pela editora)
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