Clássico da literatura infanto-juvenil brasileira, em boa
altura editado (finalmente) em português pela Booksmile, O Menino Quadradinho é uma alegoria da passagem da infância para a
juventude, transportada para o papel como uma passagem da imagem para a
palavra.
Por isso, a obra está dividida em duas partes: na primeira,
temos a vida do protagonista (o tal menino Quadradinho) dentro dos quadradinhos
(que lhe deram nome) cheios de cor e sons, cujos heróis ele tanto admira e onde
deseja viver (para sempre), para os mimetizar; depois, surge a (indesejada)
transição, quando é “arrancado” das vinhetas para um mundo (a preto e branco,
cores da tinta e do papel, menos alegre e divertido…) onde imperam – exclusivamente
– as palavras. Que, no entanto, progressivamente, ele aprende também a amar (e
a viver) como pontos de partida para (outras tantas) vivências (diferentemente?)
estimulantes.
Numa primeira parte homenagem a (grandes) autores de banda
desenhada que Ziraldo – também ele autor de BD (ou HQ?) – aprecia - como Will Eisner,
Milton Caniff, Burne Hogarth ou Hal Foster - na minha imodéstia recuso-me a
partilhar o que Ziraldo nele expressa, pelo não retorno do protagonista aos
quadradinhos (sem deixar a 'nova amiga' literatura), pois nada na vida impede – deve impedir – que qualquer leitor
possa ao mesmo tempo – na mesma idade… - desfrutar de BD e literatura (como de teatro,
cinema, TV, poesia…) - e todas estas artes – ou expressões da Arte? – possam coabitar
numa mesma vida.
O que não retira, de alguma forma, o convite à sua leitura e
à apreensão de (boa parte) da sua mensagem, pois é também importante que ‘cada
menino’ vá sendo alimentado (intelectualmente) com aquilo que o possa fazer
crescer e desenvolver-se, seja – não resisto a escrevê-lo de novo – literatura,
BD, teatro…
O Menino Quadradinho
Ziraldo
Booksmile
Portugal, Março de 2015
210 x 280 mm, 44 p., cor, cartonado
12,99 €
Sem comentários:
Enviar um comentário