07/04/2015

Juiz Dredd Megazine #8













Já por várias vezes presente nas minhas listas de melhores leituras mensais, por uma razão ou por outra ainda não tinha escrito mais especificamente sobre a Juiz Dredd Megazine aqui no blog, lacuna que finalmente é suprida.


Esta revista, por diversas razões, recorda-me outras que existiam há duas ou três décadas atrás – em especial a espanhola CIMOC e a portuguesa Mosquito (5.ª série) - cuja leitura fiz avidamente e nas quais conheci muitos dos autores que aprendi a admirar e descobri diferentes formas de narrar aos quadradinhos, quer gráfica, quer tematicamente.
Esse horizonte já vasto é agora alargado pela Juiz Dredd Megazine, editada no Brasil – onde já vai na edição #20, para além de vários especiais – pela Mythos Editora, que traz o melhor da sua homónima britânica e também da 2000 AD, publicações cuja história, de alguma forma tem vindo a ser feita na edição brasileira em artigos de Pedro Bouça que complementam as bandas desenhadas publicadas.
Estas últimas, combinam de forma original e feliz a temática fantástica – decorram os relatos num passado pré-histórico ou num hipertecnológico futuro distante - com humor negro e muita violência, conseguindo com frequência criações que encaixam no conceito (deixem-me chamar assim) de “história que vale uma edição”, que aqui utilizei a propósito de edições tão díspares (desta) como a Hiper #26 ou Batman: Detective. Neste último aspecto, distinguem-se as Distorções Temporais de Alan Moore que, de forma bem-humorada e inesperada exploram os mais conhecidos conceitos de ficção-científica.
Este é outro dos trunfos desta publicação, dar a conhecer alguns dos grandes mestres britânicos da BD – sem sair deste número, para além de Moore poderia citar John Wagner, Dan Abnett, Chris Weston ou Pat Mills – antes de se tornarem famosos como autores de super-heróis nos Estados Unidos.
Dentro dos parâmetros acima citados, a par de Distorções Temporais, Juiz Dredd é outra criação cuja leitura aconselho vivamente. Tenho igualmente lido com agrado Área Cinzenta e o bárbaro Sláine e pessoalmente apenas dispensaria Nikolai Dante, mas é desta diversidade que também se faz a riqueza de uma publicação como Juiz Dredd Megazine.
Igualmente interessante é ver como estas diferentes séries, quase sempre com histórias curtas ou episódios auto-conclusivos, podem ser ‘encaixadas’ em números temáticos, como é o caso deste em que todas as narrativas se regem pela temática sexo – embora em proporções bem menores do que a sugestiva capa promete… - e que podem passar pela combinação de um rapto de uma criança com a tentativa de influenciar o Campeonato Mundial de Sexo, pela possessão de um membro da força policial por um extraterrestre sedento de sexo ou pelo tráfico de bonecas (e bonecos) destinados ao prazer...
Por tudo isto – e pelo mais que cada um usufruirá da sua leitura – acredito que vale a pena o esforço de procurar nos (poucos) quiosques e bancas nacionais que a recebem, a Juiz Dredd Megazine, quanto mais não seja para que cada um possa formar a sua própria opinião.

Juiz Dredd Megazine #8
Edição Especial 100% Sexo
Vários autores
Mythos Editora
Brasil, Janeiro de 2014
205 x 275 mm, 68 páginas, cor, brochada, mensal
R$ 10,90/5,00 €

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