Este número (duplo) das aventuras de J. Kendall, mostra uma
criminóloga algo diferente daquela que já conhecemos, uma faceta (estrnha?) que
tem vindo à tona uma e outra vez em relatos mais recentes.
Ela revela-se em Sequestrada!,
em que o rapto da irmã, recém-chegada, a Garden City, como moeda de troca para
pagamento de uma dívida relacionada com contrabando de droga, leva Julia aos
locais menos recomendáveis da cidade e a correr riscos impensáveis.
Com a motivação de libertar a irmã, tão depressa recuperada
quanto perdida (?), a protagonista abandona o habitual papel de seguimento à
distância, o papel dedutivo que a leva a tentar compreender as motivações por
trás das acções criminosas, para assumir um papel – mais físico? - muito mais
interventivo. Para o leitor, fica uma sensação de estranheza, desconcertado
pelo ‘desaparecimento’ da frágil Julia habitual, substituída por uma (quase)
heroína de acção. E a sensação, após releitura e meditação, que há momentos na
vida que (nos) revelam o que realmente somos. Ou não…
Na segunda BD, O
dinheiro mata, com a Julia mais tradicional de volta, um assalto a uma
carrinha de transporte de dinheiro revela-se uma história muito bem escrita, em
que as surpresas e as traições surgem emolduradas com muitas mortes e violência
à mistura, sendo o desfecho, surpreendente quanto baste, revelado apenas nas
páginas finais.
J. Kendall #113
Aventuras de uma criminóloga
Sequestrada!
Berardi e Mantero (argumento)
Antonio Marinetti e Steve Boraley (desenho)
O dinheiro mata
Berardi e Calza (argumento)
Marco Fodera e Thomas Campi (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Novembro/Dezembro de 2014
135 x 180 mm, 260 p., pb, capa mole, mensal
R$ 20,50 / 10,00 €
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