19/09/2022

La Isla de las Mujeres

Mesma equipa, temática similar




Pele de Homem, na edição nacional de A Seita, deixou-me curioso quanto a outras criações dos seus autores, Hubert e Zanzim.
A descoberta - e leitura! - de La Isla de las Mujeres permitiu que satisfizesse alguma dessa curiosidade.

...embora, deva dizê-lo já, neste álbum os seus papéis não sejam os mesmos, uma vez que Zanzim surge como autor completo e Hubert apenas como colorista.

Isso não invalida, no entanto, que em termos formais haja muitos pontos de contacto entre as duas obras, nomeadamente a abordagem da sexualidade num contexto a um tempo sensível e bem humorada, quase um ensaio para o título que depois os elevou aos píncaros.

Em La Isla de las Mujeres, cuja acção decorre na segunda década do século passado, o protagonista é Céleste, um fabuloso aviador acrobático, com grande saída junto do belo sexo.

No entanto, o espoletar da I Guerra Mundial, interrompe a sua carreira, vendo-se transformado em piloto-correio, para transportar as cartas dos soldados que estão na frente, para as suas esposas ou namoradas.

Durante a primeira viagem, é atingido, acabando por se despenhar junto a uma ilha. Transformado em Robinson Crusoé, começa por se convencer que é o único habitante da ilha, mas um dia, uma queda casual numa abertura do solo leva-o até uma zona interior povoada por belas e sensuais mulheres.

Acreditando estar no paraíso, Céleste acabará por descobrir que aquelas amazonas apenas o desejam como reprodutor - e mesmo assim só quando lhes apetece - numa curiosa inversão de papéis que ele tentará contornar com um jogo de sedução baseado noutras qualidades: cozinheiro, contador de histórias...

Narrativa leve, com um quê de trágico, mas muito humor, La Isla de las Mujeres, com recurso mínimo ao texto escrito, para estimular a imaginação dos leitores, assenta na bela linha clara de Zanzim, muito bem servida pelas cores quentes e planas de Hubert, e na sua grande capacidade narrativa. É com essa base que nos transporta numa viagem entre sonho e realidade, que pisca descaradamente um olho ao sexo, à sexualidade e ao que se costuma dar por adquirido neste campo do relacionamento humano, levando-nos a repensar estereótipos e comportamentos padrão, ao mesmo tempo que nos diverte e dispõe bem.


La Isla de las Mujeres
Zanzim (argumento e desenho)
Hubert (cor)
Dib>buks
Espanha, 2015
240 x 320 mm, 80 p., cor, capa dura

(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

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