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25/03/2024

O Mundo sem Fim

A corrida energética contra o relógio


Sabemos que o sistema antigo não resultará muito mais tempo”
In O Mundo sem Fim

Dentro do novo paradigma que vive a banda desenhada em Portugal, já aqui referido anteriormente, e que passa por mais editoras a apostar no género e por uma maior diversidade temática, O Mundo sem Fim, edição recente da Ala dos Livros, é uma das apostas mais arrojadas.

Afirmá-lo não questiona a qualidade intrínseca da obra, a sua actualidade ou o seu interesse, mas destaca a sua temática, pois aborda questões como as alterações climáticas, os vários tipos de energia, a limitação dos recursos energéticos e as opções necessárias para garantir a continuidade da espécie humana neste planeta, que muitos não esperariam ver tratados em banda desenhada.

Já com mais de um milhão de exemplares vendidos em França, onde foi o livro mais vendido em 2022, considerando todos os géneros e não apenas a BD, ultrapassando mesmo a concorrência de uma novidade Astérix, tem por base uma longa conversa entre Jean-Marc Jancovici, um renomado especialista em questões energéticas e alterações climáticas, e Christophe Blain, um dos grandes autores de BD actuais.

Se o tema se poderia ter tornado maçador, pesado e até desinteressante, Blain conseguiu transformar a exposição numa narrativa viva e dinâmica, com pequenos apontamentos de humor gráfico, referências que todos podem compreender e uma capacidade de expor graficamente perante os olhos do leitor as questões tratadas, proporcionando uma leitura fluída e apaixonante que custa interromper. Para aqueles que gostam de apontar a banda desenhada como modelo de virtudes didáticas este é um ótimo exemplo, tanto capaz de seduzir aqueles que já lêem esta arte regularmente, quanto os que muitas vezes ainda continuam a olhar para ela de lado.

Em O Mundo sem fim, somos confrontados com problemas incontroláveis, questões inadiáveis, soluções aparentemente miraculosas que não o são, a ilusão das energias renováveis ou aquelas que hoje parecem o truque de magia saído da manga, questões que são polémicas, assustam e obrigam a pensar sobre o rumo que queremos tomar.

Num tom que não é catastrofista, mas apenas profundamente realista e não tem medo de opiniões fortes e pouco consensuais, este livro mostra claramente que, ao contrário do que o seu título parece indicar, não vivemos num mundo sem fim; tem limitações e recursos finitos e, em nome da nossa sobrevivência, convém estarmos alertados e tomarmos medidas, mesmo que incómodas, para não termos de assistir ao seu ocaso.


E mesmo não sabendo se o sucesso pode ser importado para um mercado que não tem os mesmos hábitos de leitura - e ainda menos de leitura de BD - esta aposta da Ala dos Livros é mais um marco num catálogo rico e distinto.


O Mundo sem Fim
Jean-Marc Jancovici (argumento)
Christophe Blain (desenho)
Ala dos Livros
Portugal, Fevereiro de 2024
235 x 310 mm, 196 p., cor, capa dura, fita marca-páginas
35,00 €

(versão revista do texto publicado na página online do Jornal de Notícias de 8 de Março de 2024 e na versão em papel do dia seguinte; imagens disponibilizadas pela Ala do Livros; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

08/12/2023

Passatempo: Gus







As Leituras do Pedro e a Gradiva juntam-se neste Natal para oferecerem um exemplar do álbum Gus #1 Nathalie, da autoria de Christophe Blain, cuja leitura atempadamente foiaconselhada neste blog.

Para o receberem em casa, basta que comentem esta entrada, indicando:

- o vosso western preferido, dos que a Gradiva tem no seu catálogo, através do link que lhe corresponde no site da editora;

- o ano em que eu, Pedro Cleto, comecei a escrever sobre banda desenhada.


O primeiro item valida a participação, o segundo servirá de desempate.

O vencedor será o primeiro que, cumprindo o primeiro item, acertar no ano correcto ou ficar mais próximo dele.

Este passatempo termina no dia 14 de Dezembro, às 13h13.

27/05/2021

Gus #1 Nathalie

Outra vez







Num ano em que as editoras nacionais têm apostado recorrentemente no western, regresso a Gus, que temo tenho passado despercebido aqui no blog. Injustamente.

21/11/2019

Tenente Blueberry: Amertume Apache

 
Mas que Blueberry é este?
Alguém questionava recentemente a (quase) obsessão franco-belga pela retoma das suas séries mais carismáticas - Spirou à cabeça, claro, mas também Blake & Mortimer, Astérix, Corto Maltese, Lucky Luke e um largo etc. - e dava como primeira resposta - sem questionar a invejável qualidade de algumas dessas retomas - o dinheiro que cada uma delas rende - às editoras e aos autores.
Amertume Apache - com lançamento a preto e branco na próxima sexta-feira e e a cores a 6 de Dezembro - é mais um um exemplo - um dos cada vez mais numerosos exemplos - por ter como protagonista um certo tenente Blueberry. ‘O’ tenente Blueberry em que todos estamos a pensar? A resposta - difícil de dar - variará de leitor para leitor…
...que de certeza serão muitos e garantirão muito do tal dinheiro.

21/09/2010

Gus, #1 – Nathalie

Christophe Blain (argumento e desenho)
Dargaud (França, Janeiro de 2007)
245 x 298 mm, 80 p., cor, cartonado

Christophe Blain, como outros autores da sua geração (Sfar, Guibert…). encara a BD, antes de tudo, como um meio para contar histórias. Isso era já notório em "Le Réducteur de Vitesse", com que se revelou em 1999, ou em "Isaac, o pirata", de que a Polvo editou em português três tomos.
E é visível também em "Gus, #1 - Nathalie" (Dargaud), um western, desconcertante e atípico (no bom sentido), que poderia igualmente ser um conto medieval, actual ou de ficção-científica, pois o seu propósito é divagar sob a forma como os homens se relacionam (ou não…) com as mulheres.
Para isso, apresenta-nos Gus, Clem e Gratt, três salteadores (pontualmente xerifes!) bem sucedidos na sua vida de pilhagens, mas insatisfeitos na busca das suas "almas gémeas".
Numa história sensível mas irónica (que se adivinha) nascida ao correr da pena, que combina habilmente o real com os pensamentos, sentimentos e desejos dos intervenientes, Blain concede-se (e a nós) uma imensa liberdade gráfica, esquecendo questões "clássicas" como as proporções do corpo humano ou a constância da aparência das personagens, para colocar o seu traço simples e nervoso, parco em pormenores mas admiravelmente expressivo, sensual no tratamento das personagens femininas e capaz até de ser evocativo, ao serviço de uma total eficácia narrativa, que prende e carrega o leitor até à última e significativa prancha.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Janeiro de 2007)
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