Volto
a pedir emprestada uma frase de uma entrevista do Luís Louro que já utilizei por aqui: "sempre
gostei mais de ler aventuras de heróis que já conhecia, do que
histórias isoladas… Permite irmos conhecendo e desenvolvendo as
personagens de um modo mais consistente." Mas
o ideal,
acrescento eu,
é quando herói que (re)conhecemos se apresenta de modo completamente
diferente
e nos surpreende, sem deixar de ser ele. Como acontece, desta vez, com o Corvo.
Dia
15
de Abril
é o dia do Desenhador, em homenagem a Leonardo Da Vinci, e
foi esse o pretexto,
juntamente com os 30 anos de O
Corvo,
para uma entrevista com Luís Louro publicada no Jornal
de Noticias. A
versão integral, bem mais extensa, pode ser lida já a seguir.
Há
quase 30 anos, em 1994, para ser exacto, a banda desenhada portuguesa
assistia ao nascimento do Corvo na colecção Estórias
de Lisboa.
Prevista como história única, tinha como protagonista um
adolescente lisboeta órfão, seduzido pela utopia do mundo dos
super-heróis de que se alimentava nas revistas de quadradinhos,
apostado assim em esquecer o mundo real, assustador e triste em que
vivia.
Termino a leitura - e
a releitura também… - com um sentimento
ambíguo. Se
compreendo o caminho escolhido - qualquer super-herói tem um passado
traumático que precisa de ser (mais) explorado - fiquei com a
sensação que faltou unidade a este álbum do Corvo, não
inocentemente o V (quinto) de Vicente…
Vamos lá tentar explicar.
Com
a tranquilidade da BD nacional desfeita pela chegada de um herói
inconsciente – toma lá o trocadilho, Luís Louro! – urgia falar com o
seu autor para que se pudesse justificar. Se o fez ou não, cabe aos
leitores decidir, após desfrutarem da entrevista que se segue, feita
por meios electrónicos.
O Corvo está de regresso, ‘mais inconsciente do que nunca…’
lê-se na contracapa, desconhecendo a sombra ameaçadora que paira
sobre ele, a do Combustão, seu inimigo jurado… numa
cidade em que impera a traição, a perversão e o tráfico.