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10/05/2017

Tex Edição em Cores #31

Mal menor


Tex Edição em Cores, a colecção da Mythos Editora que se propôs (re)editar todas as histórias de Tex a cores, por ordem cronológica, numa colagem à colecção do jornal La Repubblica e do semanário L'Espresso que fez furor em Itália, não tem tido vida fácil.
Sucessivas suspensões - temporárias - eram até agora a marca mais evidente nesta vida atribulada, agora reforçada - em novo regresso - pela diminuição do número de páginas e da qualidade do papel.
Um mal menor (?) para assegurar a continuidade.

24/09/2009

Morte e vida dos Dalton

Os Grandes Clássicos de Tex #8
Gianluigi Bonelli (argumento)
Galep (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Abril de 2007)
135 x 177 mm, 274 p., pb, brochado

Lucky Luke #06 – Hors la Loi
Morris (argumento e desenho)
Dupuis (Bélgica, Janeiro de 1987)
215 x 299 mm, 48 p., cor, cartonado

Lucky Luke #53 – Os primos Dalton
René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
Edições ASA (Portugal, Maio de 2009)
222 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado

Se a relação entre banda desenhada e História, assume as mais variadas formas, desde a total independência – quando a ficção impera - até ao retratar rigoroso e documental daquela, passando por obras ficcionais com base histórica, casos há, em que a verdade dos acontecimentos reais é adulterada – quando não completamente deturpada. Um daqueles acasos em que a vida é fértil – apesar de gostarmos de dizer que não para os valorizarmos – fez com que em poucas horas, na leitura de duas obras díspares, assistisse à morte e ressurreição dos tristemente célebres irmãos Dalton.


No primeiro caso, vi-os morrer às mãos de Tex, então ainda não pertencente ao corpo dos Rangers, na história “A Quadrilha dos Dalton”, originalmente publicada em 1951, em Itália, e uma das duas incluídas no oitavo tomo de “Os Grandes Clássicos de Tex” – a outra é “Os chacais do Kansas”.
Com o traço inconfundível de Aurelio Galleppini, é uma história típica de Bonelli, escrita ao correr da pena, com as situações limite a multiplicarem-se ao longo da narrativa, rica em confrontos e, neste caso, com uma grande liberdade no tratamento de factos históricos comprovados. Marcante pelo facto do índio Jack Tigre fazer nela a sua estreia absoluta, é um western tradicional em que Tex Willer assume mais uma vez o papel de juíz e carrasco, matando os chefes e alguns elementos da célebre quadrilha liderada por Bob, Emmett e Grat Dalton.

Curiosamente, poucos anos depois, corria o ano de 1954, esses mesmos irmãos Dalton - Bob, Grat e Emmett, mas também Bill – eram de novo mortos, num dos mais lamentáveis assassinatos que a banda desenhada já conheceu: isso aconteceu no álbum “Hors-la-loi”, sexto título das aventuras de Lucky Luke, então ainda assinado a solo pelo seu criador, Morris, com os fora-da-lei a perderem a vida às mãos do cowboy que viria a “disparar mais rápido que a própria sombra”, durante o ataque ao banco de Coffeyville, assim acompanhando (de longe…) a realidade histórica, como sempre aconteceu no mais célebre dos westerns humorísticos.

Entre estas duas interpretações, fica no ar a pergunta: quem os terá realmente abatido? Lucky Luke ou Tex Willer? E – talvez inspirado em Goscinny – acrescento: em que ano morreram, afinal?

Mas a história dos Dalton, no que a Lucky Luke diz respeito, não se ficaria por aqui. Quatro anos depois, em 1958, René Goscinny, argumentista do cowboy de fresca data, intuindo o enorme potencial cómico dos quatro irmãos feios, burros e maus, aparentemente gémeos mas de alturas diferentes, corrigia o erro de Morris, ressuscitando-os… sob a forma dos seus primos – Joe, Jack, William e Averell, no álbum “Os primos Dalton”.
Eram igualmente feios e maus e tornaram-se os grandes inimigos de Lucky Luke. E eram muito, mas muito mais burros, de uma imbecilidade a toda a prova, o que os tornou uma fonte inesgotável de gags e piadas irresistíveis, que começam logo na vinheta em que fazem a sua primeira aparição e se prolongam ao longo de todo este álbum – em que multiplicam os esquemas e estratagemas para tentar abater Lucky Luke e fazer jus ao nome de família que herdaram dos primos falecidos.
Neste álbum, em que Lucky Luke ainda fumava e bebia Coca-Cola, sinais de tempos idos e de uma doce ingenuidade que (também) a banda desenhada entretanto perdeu, como nos muitos mais em que viriam a participar, terminam atrás das grades, após muitas e boas gargalhadas proporcionadas ao leitor.

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 22 de Setembro de 2009)
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