A
mudança de paradigma em relação à banda desenhada, em Portugal,
nos últimos anos, é evidente e só isso explica, por um lado, a
multiplicação de edições que fogem à oferta mais óbvia e, por
outro, a aposta neste género por parte de editoras que ainda há
poucos anos não incluíam esta forma narrativa nos seus catálogos. Patos,
de Kate Beaton, é um dos exemplos recentes que comprova o escrito
atrás.
Na actual
tendência para a adaptação de obras literárias em BD - num
curioso regresso a um certo passado, conforme já referido por aqui -
a oferta (estrangeira) é grande e as opções são muitas. Não são
todas para os
mesmosleitores
e nem todas são especialmente felizes.
A
chegada recente às livrarias de duas adaptações de 1984,
de George Orwell, juntando-se a uma terceira com quase um ano,
inevitavelmente levanta duas questões: porquê tantas adaptações
da mesma obra e qual escolher. Se
a primeira é de resposta fácil, a segunda obriga a um exercício de
análise mais extenso.
A
banda desenhada (também) vive de modas e, uma das actuais, é a
adaptação de obras da literatura. Porque
os originais entraram no domínio público, porque pode ser uma forma
de levar os clássicos aos mais novos ou simplesmente... porque sim. Em
Portugal, temos também assistido a este ‘fenómeno’, sendo o
exemplo mais recente - mas não último - esta nova leitura do
clássico de Ray Bradbury, por Tim Hamilton.