27/10/2011

O tesouro Tintin

Com a estreia (hoje, em Portugal) do filme de Steven Spielberg, que adapta as aventuras de Tintin, os fãs de Tintin, em especial os coleccionadores (que são muitos) aproveitarão para tirar a barriga de misérias pois os últimos anos, não tendo sido isentos de novidades nesta área, obrigavam a puxar bastante os cordões à bolsa, devido à política seguida pela Moulinsart, que detêm os direitos da personagem, apostada em produtos mais luxuosos para fazer de Tintin uma marca de eleição. Por isso, aliás, quando Nick Rodwell assumiu a direcção da Fundação Moulinsart, após casar com Fanny Remi, viúva de Hergé, uma das suas prioridades foi a não renovação ou o cancelamento das muitas licenças relacionadas com Tintin então existentes, pois o desenhador nunca colocou grandes entraves na sua concessão.Essa mesma política explica, também, porque é que a maioria dos produtos agora disponibilizados se baseia nos visuais do filme, pertencentes à Sony Pictures Releasing, e não nos desenhos originais de Hergé, pertencentes á Moulinsart. O que, segundo alguns especialistas de marketing, na perspectiva de serem realizados mais dois filmes, pode levar a que o Tintin do cinema “canibalize” o de Hergé. Ou seja, exactamente o contrário do que Moulinsart pretendia.Duma ou doutra forma, a verdade é que nunca foi possível encontrar produtos com Tintin com tanta facilidade e mesmo os fãs portugueses terão direito a uma “percentagem deste tesouro”. Desde logo, nos brindes coleccionáveis que a McDonalds começou a distribuir na Europa (Portugal incluído) na semana passada ou através da campanha que a Peugeot também trouxe até nós.
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Antes disso, de forma surpreendente, no final do Verão a Oysho disponibilizou quatro conjuntos de baby-dolls, desenhados em parceria com a Moulinsart, o que constituiu a primeira investida de Tintin na intimidade feminina...










Outros produtos onde dificilmente se adivinhava a efígie do repórter são, por exemplo, embalagens de comida para cães da Purina, nos EUA, e os brioches Pitch, disponíveis na Bélgica, França e Inglaterra, em ambos os casos associados a “caças ao tesouro” via internet.


Mais vulgares e também acessíveis, são os copos oferecidos pela gasolineira Total, na Bélgica, ou as figuras em PVC da Plastoy.






Já em França, há duas colecções em fascículos da Hachette, uma com figuras das personagens e outra com a caravela Licorne para construir em madeira. Uma terceira, um xadrez com as personagens do filme, está em fase de teste.



Vulgares baralhos de cartas, uma versão Tintin do “Mille Bornes”, um jogo de sociedade popular em França, um jogo de tabuleiro, construções Mecanno com os veículos utilizados por Tintin e até bilhetes de raspadinhas, na Bélgica, são outros artigos ao alcance de todas as bolsas.





Como é evidente, nos tempos que correm, também não podiam faltar as adaptações em videojogos das aventuras cinematográficas de Tintin, disponibilizadas já para consolas e telemóveis.

Os dois filmes de Tintin com actores de carne e osso, protagonizados por Jean-Pierre Talbot, "O Mistério do Tosão de Ouro" e "Tintim e as Laranjas Azuis, serão relançados numa edição conjunta em Blu-Ray.
Em termos de livros, se são vários os países a disponibilizar uma edição conjunta dos álbuns em que o filme se baseia, no mercado francófono multiplicam-se as edições que, entre: o romance e o álbum do filme, livros de jogos e mais estudos em torno da obra de Hergé e do seu herói, deverão rondar o milhão de exemplares.








Já nos Estados Unidos, onde o filme só estreia em Dezembro, os álbuns de Tintin, que até à data venderam apenas 5 milhões em mais de 30 anos, regressarão às livrarias com novas capas, mais actuais e chamativas.


Em Portugal, a ASA, que no próximo mês termina a reedição integral da colecção, em formato menor e com novas traduções, anunciou o lançamento de um álbum de grande formato intitulado “A Arte das Aventuras de Tintin”, baseado no filme de Spielberg.
Filme que valeu ao herói de Hergé chegar pela primeira vez à capa da Time distribuída esta semana...
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Outubro de 2011)

26/10/2011

J. Kendall #77

Ameaça em domicílio
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Enio (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Abril de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €


Resumo
Um assalto falhado a um banco, transforma-se num sequestro que a polícia de Garden City, encabeçada pelo procurador Robson e o tenente Webb, com a ajuda da criminóloga Julia Kendall, vai tentar resolver da melhor forma.

Desenvolvimento
Eu sei que Julia tem marcado presença regular (quase mensal) aqui, mas garanto que não tenho qualquer tipo de comissão por parte da Mythos. Isso deve-se apenas à qualidade das histórias, geralmente bem acima da média, às quais não tenho conseguido resistir e cuja leitura me tem inspirado estas reflexões. Não sei se com os meus textos já consegui seduzir algum leitor, mas acredito que quem aceitar o desafio de se embrenhar nos casos de polícia que vão surgindo em Garden City não dará o seu tempo por mal empregue.
Partindo de um universo credível e bem estruturado, que em cada episódio vai sendo desenvolvido e aprofundado, Berardi faz de Julia, mais do que uma série policial, uma crónica sobre o quotidiano das grandes cidades, através da introspecção e das reacções de cada um dos seus protagonistas regulares e daqueles que, geralmente criminosos, marcam individualmente cada edição, mas também dos figurantes anónimos que dão corpo e consistência a todas elas.
Este número, ia a escrever “não é uma excepção”, mas na verdade é bem mais do que isso. È um exemplo perfeito do que atrás afirmei, pela forma como o quotidiano de cada um dos intervenientes que foi/vai ser afectado pelo roubo e pelo sequestro, se enquadra na narrativa e é afectado pelo acontecimento central que serve de base à história. De base, sim, embora surja quase como menor, porque o enriquecedor do argumento de Berardi e Calza são os pequenos dramas – e alegrias – das várias pessoas – bem reais - que vamos conhecendo – e com as quais encontramos pontos de contacto. Mesmo que nalguns casos a sua participação seja apenas acessória ou passageira, deixando no leitor a vontade de conhecer mais acerca da sua vida ou do momento concreto que a história abordou.
O que não retira mérito ou interesse à trama central, de forma alguma, bem narrada e explanada, a dois tempos.
Por um lado a acção das autoridades a tentarem gerir da melhor forma o acontecimento, por outro a acção em si, na relação entre o assaltante/sequestrador e as suas vítimas, com vários momentos de suspense em que o frágil equilíbrio criado parece prestes a ser rompido, o que contribui para acentuar a tensão e prender o leitor. Que, no final, uma vez tudo resolvido (?...) ainda tem direito a um surpreendente revelação…

A reter
- A elevada qualidade média dos argumentos de Julia Kendall.
- A forma como a trama central se esbate para dar lugar à crónica do quotidiano.

25/10/2011

Les Ignorants

Étienne Davodeau (argumento e desenho)Futuropolis (França, 6 de Outubro de 2011)
200 x 270 mm, 272 p., pb, cartonado
24,50 €

Resumo
Como diz o subtítulo deste livro, este é o “relato de uma iniciação cruzada”. A iniciação de Richard Leroy, vinhateiro, no mundo da banda desenhada. E a iniciação de Étienne Davodeau, autor de BD, nos meandros do fabrico de vinho.
Em tom documental, o livro abarca quase um ano e meio da vivência em comum dos dois homens.


Desenvolvimento
O título dá o mote. Étienne Davodeau, um dos mais interessantes autores dos nossos dias, ignora tudo o que diz respeito às vinhas e ao vinho. É um ignorante.
Ricahrd Leroy, proprietário de uma vinha na região da Loire, ignora tudo o que diz respeito ao mundo das histórias aos quadradinhos. É um ignorante.
Este livro narra na primeira pessoa e num registo documental, como cada um deles vai iniciar o outro no seu universo próprio. Mesmo se Étienne tem dificuldade em distinguir vinhos, mesmo se Richard adormece quando tenta ler BD.
Porque este é um mergulho naqueles dois universos, díspares mas sedutores, potenciado pela paixão comum dos protagonistas pelo trabalho bem feito.
Por isso, ao longo do livro, acompanhando o trabalho dpos dois homens na vinha, acompanhando as suas escapadas ao mundo dos quadradinhos, vamos conhecer os segredos para a obtenção de um bom vinho: a poda, os cuidados a ter com o solo, a adubação, o sol, a (não) utilização de químicos, o fabrico das pipas, o controle do crescimento das videiras, as vindimas, a fermentação, o repouso, o engarrafamento, a degustação, as visitas de críticos…
E também saber pormenores sobre o desenvolvimento do argumento e do desenho, o fabrico físico dos livros, a importância do papel, a função do editor, vamos visitar as casas de Jean-Pierre Gibrat, Marc-Antoine Mathieu e Emmanuel Guibert (vendo os autores como raramente os vemos, no seu ambiente próprio, na sua mais simples condição de seres humanos normais… e descobrindo as suas concepções da BD, razões para as opções formais, temáticas e estéticas, formas de trabalhar), descobrimos porque Trondheim se retrata com um grande bico (numa explicação desenhada pelo próprio…), visitamos os festivais Quai des Bulles e de Bastia ou a exposição Moebius na Fundação Cartier…
Mas se o registo é documental, o tom é profundamente humano, cativante e sereno, em especial graças aos diálogos credíveis, verdadeiros e sinceros como só Davodeau sabe, pontuados aqui com humor, ali com fúria, depois com dúvida, mais à frente com surpresa, e através dos quais – como os protagonistas - somos iniciados naqueles dois mundos, aprendemos com as dúvidas de cada um que, em muitos casos, podem ser também as nossas. Acompanhamo-los no campo e nas exposições, provamos vinho e descobrimos bandas desenhadas como Watchmen, Maus ou Le Photographe (conhecemos mesmo dois co-protagonistas desta última, igualmente vinhateiros!), ouvimos as suas opiniões, os seus pensamentos, os seus desabafos…
Por isso, no final do livro, encontramos duas listas: os vinhos bebidos e as bandas desenhadas lidas…
Numa vintena de capítulos e quase 300 pranchas – vivas, dinâmicas, baseadas no essencial, retratando com rigor mas liberdade os locais por onde os dois passaram, transmitindo a paixão de Richard pela sua terra, descrevendo sem palavras as diferenças (de solo, irrigação, clima, vegetação) entre as diversas vinhas visitadas – Davodeau mostra a amizade forte que une os dois homens e transmite a paixão que cada um sente pela sua actividade, a honestidade com que cada um a encara e com as quais tenta conquistar o outro.
No fim, ganha o leitor - qualquer leitor, seja ele apreciador de vinhos, amante de BD, ambos ou nenhum dos dois - pois aprende sobre aquelas duas ocupações artesanais – criar BD, fabricar vinho - desfruta de uma história sensíuvel e humana e (re)descobre (outr)as potencialidades narrativas da banda desenhada.

A reter
- A superior capacidade narrativa de Davodeau.
- A honestidade apaixonada (e apaixonante) dos dois protagonistas em relação à respectiva arte.
- O belo objecto livro.

24/10/2011

Portugal

Collection Aire Libre
Cyril Pedrosa (argumento e desenho)
Dupuis (Bélgica, 16 de Setembro de 2011)
235 x 330 mm, 264 p., cor, cartonado
35 €

Resumo
Simon Muchat é um autor de banda desenhada cuja relação com Claire e a carreira estão em crise. Durante uma visita a Portugal, como convidado de um festival de BD, sente-se estranhamente familiarizado com o país, as pessoas e a língua, partindo daí para a descoberta das suas raízes lusas, pois o seu avô era português.

Desenvolvimento
Portugal é a história de três gerações. Melhor, são histórias de três gerações. Histórias contada a três tempos por Simon - o neto -, Jean – o pai -, Abel – o avô – em cada um dos capítulos do livro. Embora o protagonista seja (quase) sempre Simon na sua busca pelas raízes familiares e de si próprio.
Com eles, através deles, Pedrosa – também ele neto de emigrantes portugueses, por isso o livro tem uma forte componente auto-biográfica, embora ficcionada – traça retratos distintos que se vão cruzar a vários níveis.
O retrato das relações (degradadas ou pelo menos descuidadas) de Simon com a sua arte, a sua companheira, o seu pai, a sua família. Simon, a quem a tal vinda a Portugal força, empurra, obriga a colocar ordem na sua vida. A reencontrar-se para se encontrar com os outros. Para isso terá de fazer opções, abraçando uns, afastando outros, tudo numa busca (por vezes em desespero) de si próprio, das suas origens, das motivações perdidas, de um sentido para a sua existência.
Para o conseguir, terá que fazer uma longa introspecção, reatar a relação com o pai e a família, relembrando ou descobrindo histórias passadas, quando o nome da família ainda era Mucha, percebendo os motivos para tantos choques familiares, para tantos silêncios, para tantas ausências.
E terá também que partir em busca do Portugal que o seu avô deixou, de descobrir porque ele nunca voltou à aldeia de Marinha da Costa de onde era natural e onde deixou família.
Uma procura íntima, com muito de iniciático, durante a qual, com uma mestria que só a experiência directa permite, Pedrosa traça um retrato notável de um certo Portugal e de uma certa forma de ser português. O retrato de uma geração (ou mais?) que teve de abandonar o seu país – por razões diversas – e encontrar longe das raízes formas de subsistência ou razões para viver. Mas também o retrato de uma geração mais próxima no tempo, perdida entre a ruralidade natural e a urbanidade forçada, que, na ausência de terreno, por viver na cidade, faz da varanda terreno de cultivo e é capaz de percorrer dezenas de quilómetros apenas para ir à terra buscas as batatas ou as pencas. Mas que é também uma geração dada e prestável - ainda não imbuída da maldade, da frieza citadina? – capaz de se dar e de dar o pouco que tem por um (primo afastado) desconhecido…
Um retrato terno, um retrato sincero, um retrato sentido, um retrato íntimo, sem nada de bilhete postal, cliché ou estereótipo, que não julga nem parodia, mostra apenas, com uma sinceridade desarmante e um realismo inegável.
Obra madura e complexa, profunda e muito pessoal, que a espaços se adivinha sofrida, grave na temática e no conteúdo mas também ligeira na forma desarmante como expõe, como se expõe, Portugal, ao longo das suas intensas 260 páginas, que ocuparam Pedrosa durante quase três anos, revela um autor de excelência, que brilha a vários níveis. Desde logo graficamente, pelo soberbo uso de cores directas, em aguarelas com efeitos de transparências, pontuadas aqui e ali por um traço fino, que, sem se impor ou sobrepor, ajuda à sua definição, pelo grafismo que parece dotado de movimento constante e que parece transportar o leitor através das páginas, obrigando os seus olhos a seguir a acção e os protagonistas.
Cores com as quais não só traça as suas personagens e os cenários em que elas evoluem, mas também define a língua em que falam, os seus estados de espírito e as ambiências que as rodeiam, tão capazes são de recriar as sombras da noite, um dia cinzento ou o sol português, e, acima de tudo, a própria evolução de Simon, do seu sentir.
A par disso, Pedrosa construiu, de forma linear mas elaborada, com base em diálogos, credíveis, sinceros, fortes, (mais uma vez) sentidos, um longo romance gráfico – sem princípio nem fim definidos – que prende o leitor ao mesmo tempo que o vai introduzindo no seio dos segredos – ou simplesmente omissões – da família Mucha/Muchat.

A reter
- A força deste soberbo romance, de razões difíceis de definir, mas inegável. Se há obras que deviam ser traduzidas em português, esta é uma delas.
- O magnífico trabalho gráfico de Pedrosa.
- A edição da Dupuis, que faz do livro um objecto desejável por si só.

Menos conseguido
- Alguns erros nos diálogos em português, sem dúvida evitáveis mas mesmo assim menores.

Trailer

Making-off

23/10/2011

Tintin em Lisboa

Exposição de coleccionadores
Data: 24 de Outubro e 5 de Novembro de 2011
Local: Galerias Saldanha Residence, Av. Fontes Pereira de Melo, 42-E - 1050-250 LISBOA
Horário: todos os dias, das 10h00 às 23h00

Entre os dias 24 de Outubro e 5 de Novembro, decorrerá nas Galerias Saldanha Residence, em Lisboa, a exposição “TINTIN EM LISBOA”, que estará patente ao público entre as 10h00 e as 23h00.
A exposição “TINTIN EM LISBOA” narra as aventuras deste personagem através de uma exposição de coleccionadores onde serão apresentadas peças particulares diversificadas que integram o universo Tintin, desde livros, edições especiais, carros, figuras, colecções em cerâmica, miniaturas e ainda objectos em tamanho real.
O objectivo é dar a conhecer ao público em geral e apresentar aos fãs da marca uma mostra de um universo intemporal que conta já com 80 anos de existência.

No âmbito da Exposição “TINTIN EM LISBOA”, o Saldanha Residence irá promover também uma Tarde Cultural no próximo dia 29 de Outubro, com início previsto para as 15H00, na zona lounge das Galerias. A sessão será iniciada com a “Tertúlia Infantil”, um programa destinado ao público infantil e juvenil, conduzido pela Escritora Maria Inês Almeida.
Segue-se uma“Tertúlia Tintinófila”, na qual os fãs tintinófilos e seguidores da obra de Hergé poderão também participar. A Tertúlia Tintinófila começará às 17H00, e terá como oradores Jorge Macieira e António Monteiro, ambos especialistas no universo Tintin que irão abordar temáticas relacionadas com a famosa obra de Hergé.
De seguida, pelas 18H00, convidamo-los a participar numa actividade lúdica, um momento de construção com os jogos Meccano, que acaba de lançar um conjunto de jogos baseados no filme “As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne”.

A Meccano é uma marca inglesa fundada em 1901 baseada num sistema de construção que se baseia em placas de metal, ângulos e rodas, as quais são presas entre si com pequenos parafusos e porcas. A simplicidade do sistema sempre foi a principal razão do seu sucesso, o qual também chegou a Portugal nos anos 60 e 70.
Em 2011, a Meccano deu um novo e importante passo, o lançamento de um conjunto de jogos baseados no filme “As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne”, baseados no tradicional sistema Meccano.Em Novembro, os fãs desta marca podem encontrar à venda o Jipe Vermelho do Tintin, o Hidroavião e o navio Licorne. Estes jogos estarão à venda nas lojas FNAC, na loja Cool People, em Lisboa e ainda em todas as lojas da especialidade. Os artigos da Meccano relacionados com o filme do Tintin vão ser distribuídos em exclusivo pela empresa SmartBabies.

(Texto da responsabilidade da organização)

21/10/2011

AmadoraBD 2011 (II)

21 a 23 de Outubro
Hoje, às 21h30, é inaugurado o AmadoraBD - 22º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que decorre no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, até 6 de Novembro. Antes, às 18h30, tem lugar uma recepção na Galeria Municipal Artur Bual, com a inauguração da exposição de Fernando Relvas.
Se a crise cortou quase um terço do orçamento e levou à redução do número de exposições, o grande destaque este ano vai para a produção portuguesa, que tem demonstrado uma assinalável vitalidade.
Por isso, o AmadoraBD expõe o trabalho de Filipe Andrade e Filipe Pina, Filipe Melo, Rui Lacas, Nélson Martins, Richard Câmara, Fernando Relvas, Artur Correia e José Pires. A par disto, durante o festival serão lançados uma dezena de novos livros, entre os quais, já este fim-de-semana, “Znok #5”, de Filipe Duarte, “O Pequeno Deus Cego” (Kingpin Books), de David Soares e Pedro Serpa, e “Os Solteirões” (Edições ASA), de Nelson Martins e Valery Der-Sarkissian.
O humor, tema central do festival deste ano, é o mote das duas principais exposições, uma dedicada ao centenário da criação da Sociedade de Humoristas Portugueses, e outra sobre a forma como ele tem sido abordado pela BD através dos tempos.
“Astérix entre os portugueses”, que evoca os 50 anos da primeira edição nacional do herói de Goscinny e Uderzo, e “Peanuts – 60 anos”, com originais da série, inserida numa angariação mundial de fundos para a UNICEF, e que será visitada amanhã por Jeannie Schulz, viúva do criador de Charlie Brown e Snoopy, são outros pontos fortes do AmadoraBD, que neste primeiro fim-de-semana, a par de muitos criadores nacionais, conta também com a presença de Alex Baladi, Valéry Der-Sarkissian e Eric Maltaite.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Outubro de 2011)

Programação integral do AmadoraBD para este primeiro fim-de-semana.

INAUGURAÇÕES
Sexta-feira, 21 de Outubro
18h30
Recepção na Galeria Municipal Artur Bual - Inauguração da exposição Fernando Relvas
21h30
Inauguração do núcleo central do Festival no Fórum Luís de Camões

Sábado, 22 de Outubro
17h30
Museu Municipal de Arqueologia - Inauguração da exposição Um Dia há Quatro Mil Anos, Um Menino como Eu
18h30
Casa Roque Gameiro - Inauguração da exposição de Ilustração de Yara Kono
19h
Recreios da Amadora - Inauguração da exposição AmadoraCartoon
19h30
Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos - Inauguração da exposição José Pires, 50 anos de BD
20h
CNBDI - Visita à exposição História com Humor

AUDITÓRIO - ENCONTROS, LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÕES EDITORIAIS
Sábado, 22 de Outubro
15h
Lançamento de “Znok #5”, com Filipe Duarte

16h
Lançamento de “O Pequeno Deus Cego” (Kingpin Books), com David Soares (argumento), Pedro Serpa (desenho) e Mário Freitas (legendagem)

Lançamento informal do BDJornal nº 28 (Pedra no Charco)

Domingo, 23 de Outubro
17h
Lançamento de “Os Solteirões” (Edições ASA) seguido de visita à exposição, com Nelson Martins (desenho) e Valery Der-Sarkissian (argumento) e Pedro Mota

SESSÕES DE AUTÓGRAFOS
Sábado - 22 de Outubro
15h
Ana Leonor Tenreiro
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Hugo Teixeira
José Garcês
Nelson Martins
Paulo Monteiro
Ricardo Cabral
Richard Câmara
Susa Monteiro
Valéry Der-Sarkissian
Victor Mesquita
Vidazinha

16h
Alex Baladi
Alex Gozblau
Ana Leonor Tenreiro
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Hugo Teixeira
Miguel Rocha
Nelson Martins
Paulo Monteiro
Richard Câmara
Susa Monteiro
Valéry Der-Sarkissian
Victor Mesquita
Vidazinha

17h
Alex Baladi
Alex Gozblau
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Andrade
Filipe Pina
GEvan…
Mário Freitas
Miguel Rocha
Nelson Martins
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Paulo Monteiro
Pedro Serpa
Susa Monteiro
Valéry Der-Sarkissian
Victor Mesquita

18h
Alex Baladi
Carlos Pedro
David Soares
Eric Maltaite
Fernando Dordio
GEvan…
Hugo Teixeira
José Garcês
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Paulo Monteiro
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Victor Mesquita
Vidazinha

Domingo - 23 de Outubro
15h
Alex Baladi
Ana Leonor Tenreiro
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Hugo Teixeira
Nelson Martins
Paulo Monteiro
Richard Câmara
Susa Monteiro
Valéry Der-Sarkissian
Victor Mesquita
Vidazinha

16h
Alex Gozblau
Ana Leonor Tenreiro
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
Nelson Martins
Paulo Monteiro
Richard Câmara
Rui Lacas
Susa Monteiro
Victor Mesquita
Vidazinha

17h
Alex Baladi
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Andrade
Filipe Pina
Geral & Derradé
GEvan…
Hugo Teixeira
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Paulo Monteiro
Pedro Serpa
Rui Lacas
Susa Monteiro
Victor Mesquita
Vidazinha

18h
Carlos Pedro
Eric Maltaite
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
Hugo Teixeira
Mário Freitas
Nelson Martins
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Rui Lacas
Valéry Der-Sarkissian
Victor Mesquita
Vidazinha

VISITAS GUIADAS
Domingo - 23 de Outubro
16h
Visita guiada à exposição 60 Anos, de Peanuts com Jeannie Schulz (Presidente do Museu e Centro de Investigação Charles Schulz) e Pedro Mota

18h
Visita guiada à exposição de Filipe Andrade e Filipe Pina com os autores e Pedro Mota

ESPECTÁCULOS MUSICAIS
Sexta-feira, 21 de Outubro
21h30
O instrumentalista e produtor LINK, um dos maiores intervenientes no novo panorama musical português abre o Festival com um espectáculo em que combina os ritmos quentes com o groove da música soul.

Sábado, 22 de Outubro
16h
Actuação do Grupo Coral Alentejano da Brandoa
Com um vasto reportório de modas tradicionais do Cante Alentejano este grupo apresenta as seguintes modas: Dá-me uma pinguinha de água, Olha o passarinho, Quando vou ao Alentejano, ou aí, Olha a magana de Graça, Meu lindo Alentejo, Comadre Maria Francisca, Quando deixei a minha terra, Nasce o sol no Alentejo.

Domingo - 23 de Outubro
16h
Animação com o Grupo de Teatro Passagem de Nível
Há dias em que, decididamente, mais vale não sair de casa...
Tudo parece estar bem quando, sem saber saídos de onde, surgem alguns
visitantes que têm tanto de pouco convencionais como de inoportunos...
Afinal, vieram visitar o Amadora BD ou procurar ser eles a própria atracção da exposição?
O importante mesmo é não esquecer a principal regra de segurança: nunca, mas nunca, os contrariar... podem revelar-se “perigosos”.

20/10/2011

12 Septembre #1

Le Califat de Stockholm
Collection Grafica
Roger Seiter (argumento)
Simone Gabrielli (desenho)
Glénat (França, 7 de Setembro de 2011)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
13,50 €

Resumo
Duncan Campbell é um agente da NSA, especialista em questões do Médio-Oriente. Durante uma acção de vigilância a um suposto terrorista, perde a sua colega (que é também a mulher que ama), não conseguindo confirmar as linhas principais de um grande atentado que supostamente está em preparação. Corria o dia 6 de Setembro de 2001.
Já depois da concretização dos atentados de 11 de Setembro, um acidente aéreo provocado por Duncan, fá-lo recuar no tempo, para uma estranha Europa do século XV, recheada de anacronismos no qual, o confronto entre as civilizações ocidental e oriental faz perigar o futuro de ambas.

Desenvolvimento
Entre muitos dos seus méritos, a banda desenhada francófona, em séries (relativamente) curtas como (parece ser) esta, (quase) sempre soube criar primeiros álbuns fortes e de grande impacto, capazes de prender o leitor e de criar nele a vontade de ler a continuação.
Não é esse, no entanto, completamente o caso presente pois, apesar do prometedor início, há depois algumas incongruências – a começar pelo acidente aéreo que o protagonista provoca, credível num relato de humor negro mas difícil de aceitar no actual contexto. O próprio ritmo narrativo, com alguns saltos temporais, não ajuda ao todo até porque ficam (ainda) por explicar, por exemplo, a forma como tantos conhecimentos futuros estão presentes na época em que o relato decorre – mesmo considerando que este é apenas um tomo inicial.
E no qual também Gabrielli parece ainda em busca do melhor equilíbrio gráfico, com notórias dificuldades ao nível da representação humana que contrasta com páginas francamente conseguidas (em especial aquelas em que as vinhetas são maiores e detalha mais o desenho ou o combate marítimo quase no final), sendo inegável o maior à-vontade do desenhador proveniente dos comics na época contemporânea e na espectacularidade dos estranhos navios que Duncan encontra no seu retrocesso temporal.
Aquelas limitações acabam por penalizar (demasiado?) uma proposta base interessante, que em lugar de batar mais uma vez nos acontecimentos em torno dos atentados de 11 de Setembro, procura no passado a origem e (algumas) explicações para as actuais tensões entre as duas civilizações. Resta esperar que em próximos volumes, esta opção, a combinação entre ficção e factos históricos e a exploração dos anacronismos, possam fazer a narrativa descolar e encontrar o tom mais adequado.

A reter
- A abordagem proposta a uma temática que é, hoje em dia, (relativamente) recorrente (também) nos quadradinhos.
- Os aspectos já referidos do trabalho de Gabrielli.

Menos conseguido
- A forma pouco convincente como a abordagem narrativa é feita.
- O seu tom hesitante e ainda em busca das melhores opções.
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