O homem sem passado
Claudio Nizzi (argumento)
Claudio Villa (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Janeiro de 2012)
135 x 175 mm, pb, 268 p., brochado
R$ 18,40 / 9,00 €
Resumo
Durante um confronto com um bando de traficantes de armas,
Kit é ferido na cabeça e desaparece nas águas de um rio. A partir daí, enquanto
Kit Carson e Jack Tigre tentam encontra-lo – ou pelo menos ao seu cadáver – Tex
Willer persegue o chefe do bando com o firme propósito de fazer justiça pelas
suas próprias mãos.
Desenvolvimento
Esta história, originalmente publicada em Itália no início
de 1997, apresenta algumas curiosidades. Desde logo – como raramente aconteceu
em Tex – porque o seu ponto de partida foi uma ideia base do desenhador, depois
desenvolvida pelo competente argumentista Claudio Nizzi, um dos mais prolíferos
escritores do ranger da Bonelli.
Depois, porque o desenhador tem por nome Claudio Villa, ou
seja é o habitual capista da série – o que se reflecte no seu trabalho gráfico
nesta banda desenhada. Por isso, plasticamente existem em “O homem sem passado”
belíssimas vinhetas (acima da média) e algumas soluções gráficas invulgares na
série – embora também seja evidente um menor cuidado nas páginas finais,
possivelmente devido ao apertar dos prazos - o que leva a pensar se para ganhar
um (renomado) ilustrador não se perdeu um bom autor de quadradinhos porque, de
um modo geral, a sequência narrativa e as cenas de acção são bastante ágeis e
dinâmicas, com um grande recurso a pontos de vista diferenciados e a grandes
planos.
Finalmente, o aspecto mais interessante – tanto para o
leitor comum, quanto para os fãs do ranger – é que a história assenta num
pressuposto bastante original, o que desde logo a diferencia da longa lista de
aventuras do ranger: a perda de memória de Kit Willer, o que – para além
funcionar como elemento central, a vários níveis, para o adensar da tensão -
lhe vai proporcionar uma vivência diferente – muito marcante - durante dezenas
de pranchas (semanas) e conduzirá a história ao (invulgar) momento que a capa
de alguma forma antecipa, constituindo-se como o melhor chamariz para o leitor.
É verdade que esse momento chave – no qual a história atinge
o seu clímax – acaba por ser algo breve – como tantas vezes acontece em Tex,
embora seja legítimo questionar se desta vez poderia ser de outra forma.
No entanto, para além dele, esta longa aventura – como
qualquer western que se preza - tem diversas cenas marcantes e o inevitável
lote de investigações, confrontos físicos, perseguições e tiroteios que a dotam
de um alto ritmo narrativo – o que em combinação com o suspense criado pela sua
ideia central e o consequente envolvimento romântico de Kit - lhe conferem as
características necessárias para fazer as delícias dos fãs do género e mesmo de
alguns mais.
(Texto originalmente publicado no Tex Willer Blog)
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