Por vezes a relevância de algumas publicações não tem tanto
a ver com a sua qualidade intrínseca, mas com outros aspectos habitualmente
acessórios ou complementares. É o caso dos mais recentes volumes da colecção
Universo Marvel, que a Levoir tem distribuído com o jornal Público às
quintas-feiras.
Por razões diferentes - embora com pontos de contacto comuns
– dos quais o mais relevante é poder ver/ler super-heróis Marvel desenhados por
autores portugueses, o que acontece com maior preponderância em Contos de Fadas Marvel.
A continuação, já a seguir.
Na verdade, em Contos de
Fada Marvel – projecto paralelo e marginal da Marvel, quatro das seis
histórias têm arte portuguesa – de Ricardo Tércio (a dobrar), João Lemos e Nuno
Plati. Artes diversas, pessoais e personalizadas, díspares do que é habitual
encontrar nas narrativas Marvel. Como acontece também com a lenda africana
ilustrada por Niko Henrichon – desenhador do magnífico Fábula
de Bagdad – ficando como excepção aquela regra o traço de Nick Dragotta
na revisão da história de Cinderela, protagonizada por um medieval Peter Parker,
naquele que é o conto mais acessível – e divertido – do livro.
Aos portugueses coube recontar o Capuchinho ‘Homem-Aranha’ Vermelho
e versões protagonizadas pelos Vingadores de Pinóquio, O Feiticeiro de Oz e
Peter Pan. E se este último é o mais estimulante, todas as outras narrativas apresentam
suficientes pontos de interesse, da arte à abordagem feita do conto original,
para justificar a leitura.
Pena é, como aqui já foi comentado, que o volume, tenha
deixado de fora duas das oito histórias originais, previsivelmente por razões
económicas que não me parecem suficientemente fortes para o justificar, aspecto
que é (insuficientemente) contrabalançado pelo interessante dossier final com o
making of das histórias de João Lemos e Nuno Plati.
Quanto a X-Women, tem
como principal atractivo a presença de Milo Manara na principal narrativa do
livro – e nas atraentes capas que o fecham… - num piscar de olhos (?) aos
muitos apreciadores que o mestre italiano do erotismo tem no nosso país. Se a
história de Claremont - não especialmente inspirada, apesar de um ou outro apontamento
mais conseguido - foi escrita à medida do talento do desenhador e do seu
registo habitual, ele apresenta-se bastante contido - ou não fosse esta obra
para o mercado norte-americano – comparativamente ao que é habitual nele.
Sendo pouco interessantes e (quase) descartáveis as histórias
protagonizadas por Adaga/Manto e por Lady Sif, sobra X-23, desenhada a quatro mãos – em registos completamente
diferentes, consoante se trata de conflitos interiores ou da realidade – por Filipe
Andrade e Nuno Plati, que é sem dúvida a mais interessante das quatro histórias
que compõem o volume, e sobre a qual escrevi a
propósito da edição original norte-americana.
Universo Marvel #15 - Homem-Aranha e Vingadores: Contos de Fadas Marvel
C. B. Cebulski (argumento)
Ricardo Tércio, Niko Henrichon, Nick Dragottta, João Lemos e Nuno Plati
(desenho)
Universo Marvel #16 - X-Women
Chris Claremont,
Marjorie Liu, Stuart Moore e Kelly Sie DeConnick (argumento)
Milo Maara, Filipe Andrade, Nuno Plati, Mark Brooks e Ryan Stegman (desenho)
Levoir + Público
Portugal, 15 e 22 de Outubro de 2014
170 x 260 mm, 168 p., cor, cartonada
8,90 €
Para mim são ambos fraquinhos.Contos de fadas nem se fala nao se perdia nada se saisse em formatinho.Quanto as X-Woman e tirando a história principal que só vale pela arte é estranho eles terem completado com historias de heroinas estilo manga,Das quais a que mais me chamou a atençao foi a Adaga pela arte.
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