Argumentista e desenhador de BD, criador do detective Dick Hérisso, Didier Savard faleceu dia
4 de Julho, contava 65 anos.
Nascido a 13 de Dezembro de 1950, em Saint-Germain-en-Laye,
França, começou profissionalmente como professor de inglês, profissão que
exerceu a partir de 1972 e durante uma década.
Ao mesmo tempo encetou uma carreira de desenhador de
imprensa na revista “Survivre et vivre” e no jornal “Libération”. Neste último
assinou a sua primeira banda desenhada, “Le fabuleux destin d'Augusto Pinochet”,
inspirada pelo golpe de estado no Chile, em 1973.
Em 1982, após diversas mudanças e colaborações com diversos
títulos, conhece Nikita Mandryka, chefe de redacção da revista “Charlie Mensuel”,
onde publicaria “A Sombra do Toureiro”, primeiro dos 11 inquéritos conhecidos
do detective Dick Hérisson e única obra sua publicada em Portugal, pela
Meribérica/Líber, em 1989.
Admirador de autores policiais como Harry Dickson e Jean Ray
e de desenhadores como
Jacobs, Tardi ou Floc'h e Rivière, Savard transpôs as suas
influências para Dick Hérisson, um detective de cachimbo e gabardine, algo distante
e nem sempre decisivo, sempre acompanhado pelo jornalista Jérôme Doutendieu, do
Petit Provençal. Várias vezes premiadas, as histórias, sempre com um toque de
fantástico, são ambientadas na Provence e na Bretanha dos anos 1930 e têm por
base uma linha clara cuja legibilidade foi crescendo ao longo dos anos. Nas
suas páginas é frequente encontrar pequenas homenagens e piscares de olho aos seus
autores e séries preferidas.
Da sua bibliografia constam igualmente três álbuns com as
aventuras de Léonid Beaudragon, escritos por Jean-Claude Forest, o primeiro dos
quais lhes rendeu um troféu no Festival de Angoulême, em 1987, “Le secret du coffre rouge”, um folhetim
radiofónico em 100 episódios, co-escrito com Sophie Loubière, e “Les Aventures
Parodiques de Tintin - Objectif Monde”, uma das raras aventuras autorizadas de
Tintin, após a morte de Hergé, publicada a 28 de Janeiro de 1999, no jornal “Le
Monde”, para assinalar os 70 anos da estreia do repórter imaginado por Hergé, num
caderno à parte para dobrar e montar – e posteriormente publicado por diversas
vezes, em álbum colorido, em edições piratas de diversas proveniências. A
versão original, pode ser lida aqui. Paródia assumida e bem conseguida, tem
muito do espírito original da série e aproveita diversos momentos, cenas e
personagens originais, para contar uma aventura que tem por centro a redacção
do jornal, fazendo assim do ‘seu Tintin’ – um russo de nome Wzkxy, com um
animal imaginário chamado… Milou – um verdadeiro repórter.
O último álbum assinado por Didier Savard, “Dick Hérisson -
L’Araignée pourpre” foi publicado em 2004, mas os problemas de saúde entretanto
surgidos não lhe permitiram concluir a sua continuação.
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
7 de Julho de 2016; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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