De relato exótico e misterioso a retrato ligeiro de uma
sociedade vitoriana preconceituosa em relação aos estrangeiros e às mulheres,
Princess Caraboo é uma surpresa refrescante.
O ponto de partida é o aparecimento em casa dos Worrell,
casal de alguma idade e relativamente bem sucedido socialmente, de uma jovem de
aspecto exótico que fala uma língua desconhecida e singular.
Os seus hábitos estranhos, a sua ânsia de liberdade, a
incompreensão do que diz, a par da sua delicadeza e fragilidade, dão ao relato
um tom misterioso e exótico que os autores assumidamente cultivam.
A tentativa de esconder e (quase) eliminar o que é diferente
e desconhecido, contrabalançado pela desconfiança de um inspector de polícia e
pelo afecto que o casal entretanto ganhou pela sua hóspede, vão conseguir
suster as ondas de choque que uma surpreendente descoberta vai provocar,
introduzindo uma inesperada mudança de rumo no relato, e mostrar que o ser
humano pode ser mais forte do que os ditames sociais e os preconceitos raciais
ou de classe.
Narrativa ligeira, agradável e bem construída, suportada
pelo traço delicado da brasileira Júlia Bax, servido por cores quentes e
apropriadas ao tom geral, Princess
Caraboo não sendo daquelas obras inolvidáveis, revela-se uma bela e
agradável surpresa, um patamar acima das chamadas leituras de Verão.
Princesse Caraboo
Ozanam (argumento)
Júlia Bax (desenho)
Le Lombard
França, Março de 2016
241 x 318 mm, 72 p., cor, capa dura
EAN: 9782803635269
14.99 €
(imagens fornecidas pela editora; clicar sobre elas para as
apreciar em toda a sua extensão)
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