O autor de banda desenhada Ted Benoit faleceu na passada
sexta-feira, segundo informou a editora Dargaud, através do twitter.
Cultor da chamada “linha clara”, como desenhador e/ou
argumentista assinou mais de uma dezena de álbuns desde 1979, mas o grande
destaque da sua carreira, em termos de grande público, foi a retoma de Blake e
Mortimer, em 1996, em O caso Francis
Blake, a partir de um argumento de Jean Van Hamme. Benoit regressaria aos
heróis criados em 1946 por Edgar P. Jacobs (1904-1987), com O Estranho Encontro (2001), mas o seu
ritmo de trabalho demasiado lento, devido ao perfeccionismo e meticulosidade
que cultivava, impediria a concretização de outros projectos.
Natural de Niort, na França, onde nasceu a 25 de Julho de
1947, após fazer um curso de cinema no Institut des Hautes Études
Cinématographiques, motivado pela sua admiração pelo cinema negro americano dos
anos 1940-50, tornou-se assistente de realização para a televisão, profissão
que viria a abandonar em 1971, em detrimento do desenho.
Depois de uma passagem por publicações independentes, em
1975 juntou-se à recém-criada L’Écho des
Savannes. As histórias curtas publicadas nessa revista, ainda com um traço
expressionista, foram reunidas em Hôpital,
o seu primeiro álbum, que lhe valeu o troféu para melhor argumento no Festival
de BD de Angoulême, em 1979.
A descoberta da obra de Joost Swarte (1947-) levou-a a
modificar o seu estilo, influenciado pela linha clara do holandês, na
legibilidade do traço e na utilização de cores planas, mas criando
progressivamente um estilo próprio, com o qual Ray Banana, que protagonizou a
maior parte dos seus álbuns posteriores. Um deles, Cidade Luz, teve edição portuguesa da ASA, em 1990, tal como O Homem de Nenhures (1992), desenhado por Pierre Nedjar e os
dois álbuns de Blake e Mortimer que desenhou.
Ted Benoit voltaria a triunfar em Angoulême, em 1997,
recompensado pelo público pelo seu primeiro álbum de Blake e Mortimer, mas
progressivamente trocou a banda desenhada pela ilustração, passando a trabalhar
regularmente para a imprensa e em publicidade.
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Outubro de 2016; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Em 1992 a ASA publicou também "O homem de nenhures" (L'homme de nulle part).
ResponderEliminarTem toda a razão, caro Albano.
EliminarFalhou porque Ted Bênoit apenas escreveu o argumento desse álbum, mas já o acrescentei ao texto.
Obrigado pela leitura atenta!
Boas leituras!