Contar histórias, sem personagens nem temas fixos, foi uma
das premissas que guiou Neil Gaiman na criação de Sandman. Este volume ilustra
bem o que o autor pretendia.
E tanto é assim, que nem o próprio Sandman (Morfeu, Oneiros,
como lhe quiserem chamar…) aparece em Fachada,
o último dos quatro contos incluídos neste volume – curto de páginas mas rico
em conteúdo – onde o protagonismo é dividido entre a Mulher Metamorfo e Morte, irmã
de Sandman, igualmente pertencente aos Eternos.
Não por acaso, diga-se, porque nos quatro contos aqui compilados,
perfeitamente legíveis a solo, pese embora alguns pontos de contacto com a
narrativa global da série, a morte e o sonho coexistem, em doses diferentes mas
como súmula (?) de tudo o que somos e fazemos.
Mesmo que considerados nos mais
diferentes contextos e épocas. Que podem ser a Idade Média, o presente, ou um
tempo (alternativo?) sem data.
E que vão da inspiração procurada na violação repetida
de uma de uma musa (em Calíope) ao
preço que William Shakespeare pagou para ser o grande escritor que hoje
(re)conhecemos (Sonho de uma noite de
verão), de um mundo dominado por gatos (Um
sonho de mil gatos) ao desejo profundo de (uma super-heroína) pôr fim a uma
existência que nas revistas aos quadradinhos costuma ser fantástica e maravilhosa.
Gaiman, aqui a trabalhar com Kelley Jones, Charles Vess,
Collen Doran e Malcolm Jones III, continua a ser ‘o autor’ e é ele, o seu
texto, os seus pretextos, os temas que aborda, as (muitas) questões que nos
deixa (e nos obrigam a olha para a vida sob outro prisma), mais do que a sua
transposição gráfica, que justificam a leitura de um tomo em que o fantástico e
o sobrenatural têm um papel determinante no mundo real e que é considerado por muitos
o mais conseguido da colecção.
Sandman #3: Terra do Sonho
Inclui os comics #17 a #20 da versão original (EUA)
Neil Gaiman (argumento)
Kelley Jones, Charles Vess, Colleen Doran e Malcom Jones III (desenho)
Dave McKean (capas)
Levoir/Público
Portugal, 20 de Outubro de 2016
112 p., cor, capa dura, 11,90 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
Podem-me dizer porquê é que as edições portuguesas não têm o número da issue americana? Nas tpbs americanas também começam do um em cada? É que fiquei muito triste porque assim tenho que ir ao google ver a que número corresponde para ler por ordem.
ResponderEliminarBom dia, Catarina: se está a falar do número do comic original, a razão é a seguinte. Tem sido regra nossa em vários projectos renumerar os capítulos de CADA livro do um para a frente, já que não existe o hábito dos comics, e porque o que conta é o título do volume (p.ex. Terra do Sonho), e não faria sentido passar para outro volume (Estação das brumas, p.ex.) e começar ESSE volume (diferente, com outro título) no capítulo 5. Os volumes em si estão numerados, pelo que para o leitor português (que não lê comics) essa é a numeração que interessa.
EliminarNos americanos depende da edição. No Absolute, creio que não estão numerados com os números originais, noutras versões em TPB talvez.
Dito isto, se for à pg. 2 e olhar para o bloco de texto de copyrights, tem lá os números originais colectados, neste formato:
Compilação, capa e todos os novos conteúdos Copyright © 2016 DC Comics. Todos os direitos reservados. Originalmente publicado nos EUA sob formato comic como Sandman #17-20.
Está meio escondido, mas a informação está lá!
Longe de mim tirar o merito desta edição da Levoir que estou a adquirir, mas é uma pena a Panini não apostar no mercado Português.
ResponderEliminarEstive recentemente no Brasil e comprei o Sandman volume 1. Por lá a Panini editou a obra em 4 volumes de 600 paginas cada um em que cada livro tem perto de 120 paginas de extras.
Mas como disse os meus parabens à Levoir pela aposta. Venham mais.
Ainda bem que nao estou a fazer.
ResponderEliminarPorquê Optimus?
EliminarPorquê Optimus?
EliminarPelos euros,porque acho Gaiman muito Hype e pouca uva,porque posso comprar outras bds e dvds etc
EliminarBoas, começei recentemente a reler bandas desenhadas e venho só por este meio mostrar a gratidão para a levoir(entre outras editoras como a g-floy,devir, etc)e ao sr jose freitas pelo grande serviço que tem prestado à bd nacional.No meu tempo, que não foi há tanto tempo assim, não existiam alternativas às edições brasileiras que saiam e a bd resumia-se aos principais herois criados pela marvel e dc.Hoje em dias temos grandes publicações de vários temas tanto para jovens como para adultos.Por isso quero só agradecer por estas iniciativas e que mais venham no futuro (adorava ler em portugues o monstro do pantano por exemplo).
ResponderEliminarBoas leituras e a continuação de um excelente trabalho