No segundo semestre de 2018, o topo direito da página de editorial - página 2 - do Jornal de Notícias, foi ocupado por Marco Mendes, com uma banda desenhada/cartoon - a definição do género não é consensual...
O total dessas publicações, mais de 200
pranchas a cores, incluindo as que na altura não foram aceites pelo
jornal, estão reunidas nesta compilação intitulada Tutti
Frutti.
Em termos formais, Marco Mendes, a exemplo do que já fazia no seu blog DiárioRasgado e nos trabalhos reunidos no volume com o mesmo título, optou por um formato deitado, dividindo a página em duas tiras. Estas, por sua vez, foram na maioria das vezes divididas em duas vinhetas de igual dimensão, embora sejam frequentes os casos em que uma das tiras - ou raramente as duas em simultâneo - constituem uma única vinheta.
Em termos formais, Marco Mendes, a exemplo do que já fazia no seu blog DiárioRasgado e nos trabalhos reunidos no volume com o mesmo título, optou por um formato deitado, dividindo a página em duas tiras. Estas, por sua vez, foram na maioria das vezes divididas em duas vinhetas de igual dimensão, embora sejam frequentes os casos em que uma das tiras - ou raramente as duas em simultâneo - constituem uma única vinheta.


Se em termos plásticos, havia um desvio
evidente da norma (não escrita), em termos de conteúdo isso também
aconteceu - e talvez seja esta uma das (principais?) explicações
para a curta (?) duração da parceria entre o JN e MM.

Evidentemente, há muitos casos em que as duas
temáticas se tocam mas, no que respeita aos desenhos de carácter
mais pessoal, muitas vezes, dada a sua óptica tão intimista ou o
facto de versarem sobre o acto criativo, é possível questionar a
validade da sua inclusão - em tão grande número… - nas páginas
de um diário generalista, sendo mais evidente a sua publicação num
blog de autor.
Quanto às outras páginas, numa leitura
desfasada no tempo entre ano e meio e dois anos, em relação à data
original de publicação, como agora me aconteceu - e como é norma
no caso de compilações similares - é evidente a perda de
contexto - e a consequente dificuldade de leitura de algumas delas
- menos do que as expectáveis, na verdade, o que não invalida que
teria sido enriquecedora a inclusão de algumas notas explicativas,
que beneficiariam aquela que é sem dúvida uma bela edição.
Embora, em abono da verdade, por outro lado haja muitas situações -
refugiados, migrantes, incêndios, violência doméstica… - e
personalidades - com os (infelizmente) incontornáveis Trump e
Bolsonaro à cabeça - que (lamentavelmente…) se mantêm actuais
e perfeitamente legíveis.
Obra, por tudo o explanado, de cariz bastante
pessoal - enquanto reflexo da forma de ser, criar e pensar de Marco
Mendes - Tutti Frutti é
simultaneamente um documento deste tempo e um manifesto de um autor,
cuja leitura beneficiará todos os que a fizerem.
Tutti Frutti
Marco Mendes
Turbina/Mundo Fantasma, Junho de 2019
290 x 220 mm, 218 p., cor, capa dura
40,00 €
Nota 1: O livro está disponível em três
capas diferentes, de tons amarelo, rosa e verde
Nota 2: Na compra de Tutti Frutti na
livraria Mundo Fantasma, é oferecido um exemplar de Zombie, do mesmo
autor
(imagens disponibilizadas pela editora Turbina;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
😀
ResponderEliminarBanda desenhada é a mais bela "fotografia" da arte e talento de quem a desenha
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
Proteja-se
Viva Pedro! Obrigado pela leitura atenta e crítica. Se houver segunda edição irei certamente incluir as tais notas escritas. Não o fiz porque isso iria lançar-me no campo da literatura, que demasiadamente respeito. Arriscava demorar-me mais nas notas de rodapé do que no livro propriamente dito. Mas tens razão. Abraço!
ResponderEliminarObrigado Marco!
EliminarToca a esgotar esta edição, par que venha essa segunda, corrigida e aumentada! ;)
Boas leituras... caseiras!