Esta é, possivelmente, uma das mais belas histórias de Dylan Dog. [Escrevi atrás ‘possivelmente’, apenas por uma questão formal, uma vez que só li umas poucas dezenas de histórias do Detective do pesadelo].
Mas, mesmo assim, repito: Esta é,
possivelmente, uma das mais belas histórias de Dylan Dog. Aliás,
reforço a ideia: esta é uma bela história, mesmo se não fosse
protagonizada por Dylan Dog. Porque é uma bela história, ponto
final. Intemporal. E impessoal.
Na verdade, acredito que O
Imenso Adeus, com um ou outro ajuste
de pormenor, poderia ser contado em qualquer tempo. No presente caso,
saltita entre o final da adolescência de Dylan - os anos 1970…? -
e a contemporaneidade em que foi criada - os anos 1990. Mas - com o
mesmo intervalo temporal - poderia igualmente decorrer na II Guerra
Mundial, no Velho Oeste, na Revolução Industrial, na Idade Média…
e em qualquer continente. Porque é uma bela história.


Uma bela história de Dylan Dog - e este facto
aporta algumas questões relevantes, como o tom melancólico de boa
parte dela, a indecisão permanente do detective ou a sua insegurança
pessoal e com as mulheres, que reforçam o tom adoptado pelos
autores.
Saltitando entre as épocas referidas - final
da adolescência/idade adulta - e, em paralelo, entre o sonho e a
realidade - ou entre o sonho realizado e a realidade sonhada? -
narra-nos uma bela história - sim! - de amor. Bela e emocionante.
Mas também melancólica e triste. E de um dramatismo que só o final
da leitura impõe, nos esfrega na cara - e no coração… - com toda
a sua força, embora os indicadores estejam estrategicamente
colocados ao longo das pranchas que, também elas, vão alternando
entre o traço nego a tinta-da-china do presente e o acizentado das
aguarelas no passado.
Bela história de amor, impessoal e intemporal
como escrito, O imenso adeus
justifica muito do sucesso da
personagem Dylan Dog - e também fora do âmbito da BD - pela
capacidade camaleónica que tem de protagonizar tanto narrativas de
‘terror puro’ e/ou humor negro quanto histórias sentimentais,
dramáticas e profundas. E belas, como esta.
O imenso adeus
Tiziano Sclavi e Mauro Marcheselli
(argumento)
Carlo Ambrosini (desenho)
A Seita, Março de 2020
170 x 230 mm, 104 p., pb, capa dura
12,50 €
(imagens disponibilizadas pela editora A Seita;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Belissima historia!
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