Há
muito na minha longa - cada vez mais longa e
interminável?
- lista de leituras a fazer, descobri finalmente Seuls
graças à disponibilização online - só até 4 de Junho! - dos trêsprimeiros volumes pela Dupuis.
Resultado?
Confirmou-se o interesse da série e fiquei ‘carente’ da
continuação - sabendo
que são já 12 os tomos disponíveis...
Sozinhas
num mundo que se revela hostil, sem os ‘domadores’ humanos que o
criaram e sustentaram e
do qual as comodidades e tudo o que
até aí era dado como certo - luz, água, comida, transportes,
segurança… - desaparece progressivamente.
Esta
situação extrema - que me despertou, em contexto bem diferentes,
memórias de Dois
anos de férias,
de Jules Vernes ou de O
Deus das Moscas,
de William Golding -
leva
os protagonistas a descobrirem aptidões,
a superarem-se
para enfrentar os problemas e
para aprenderem a viver juntos,
a descobertas (tantas vezes) assustadoras, a
crescerem de forma acelerada em nome da sobrevivência…
Porque,
nesse novo mundo, as armadilhas multiplicam-se, os inimigos também e
se há palavras que podem descrevê-lo são medo, insegurança,
perplexidade...
E
é dessa forma que os
autores vão
conduzindo o leitor surpreendido
e curioso por uma trama que, ao fim de três belos volumes, continua
a apresentar (muito) mais perguntas do que respostas, mas
a afirmar que se o melhor do ser humano nestas condições pode
emergir, o mais certo é que predomine o que de mais negativo ele e a
sociedade têm: racismo, machismo, violência (gratuita), o
aparecimento de ditadores de pacotilha, a tentativa de substituir o
medo pela opressão e a humilhação, a
necessidade de perpetuar uma organização já decadente e agora de
todo inadequada...
Sem
assumir propriamente um tom catastrófico - o desenho ‘linha
Spirou’
de Gazzotti
funciona
como (um razoável) atenuante -
Seuls,
apesar de considerado pela editora para ‘todos os públicos’ tem
diálogos, cenas, sequências de grande violência - física e,
principalmente, psicológica - com
os protagonistas a enfrentarem um doente mental com um fetiche por
facas, bandos de cães selvagens ou um grupo de adolescentes
comandados por um líder com tendências neonazis, numa série de
acontecimentos que
não deixam o leitor sossegar, e
de que
as diversas capas da série são
desde logo
claro
indicador.
Seuls
#1
La Disparation (2006)
#2
Le Mâitre des Coteaux (2007)
Le
Clan du Requin (2008)
Vehlmann
(argumento)
Gazzotti
(desenho)
Dupuis
218
x 300 mm, 56/48/48 p., cor, capa dura
10,95
€
Nota
final
A
Dupuis tem igualmente disponível Seuls:
Intégrale do Cycle 1,
que reúne os primeiros cinco tomos da série, correspondentes ao seu
primeiro ciclo, numa edição com 264 páginas, por 35 €.
(imagens
disponibilizadas pela editora Dupuis; clicar nelas para as aproveitar
em toda a sua extensão)
Solos, em castelhano. Deixei de comprar ao terceiro... Não sei como estarão a lançar lá.
ResponderEliminarEstá a sair em volumes duplos, próxima da edição francesa.
EliminarBoas leituras... desconfinadas!
Uma série que já tenho "debaixo de olho" há uns anos. Gosto muito do traço do Gazzotti e do seu trabalho em Soda. E na última vez que estive em Bruxelas, por acaso dei conta que as lojas de banda desenhada tinham Seuls em grande destaque, nos escarates. PArece-me que está a ser muito bem sucedida.
ResponderEliminarUma série que já tenho "debaixo de olho" há uns anos. Gosto muito do traço do Gazzotti e do seu trabalho em Soda. E na última vez que estive em Bruxelas, por acaso dei conta que as lojas de banda desenhada tinham Seuls em grande destaque, nos escarates. PArece-me que está a ser muito bem sucedida. Hugo Pinto - Vinheta 2020
ResponderEliminarEu gostei bastante do arranque. E a Dupuis fez esta promoção porque vai lançar um novo volume.
EliminarBoas leituras... desconfinadas!