No
início da década de 1970, o chileno Alejandro Jodorowsky, cineasta
e argumentista de BD, estreava em Nova Iorque a sua película El
Topo.
Western surrealista
mexicano, escrito, dirigido e interpretado por ele próprio, seria
recusado por todos os cinemas "normais", sendo empurrado para Elgin, um cinema de bairro famoso pelos filmes pornográficos que exibia, o que não impediu que se tornasse um filme de culto.
A continuação, suspensa durante décadas pelas inexistência do necessário financiamento, surgiria finalmente na forma de banda desenhada, tendo a Arte de Autor editado já em Portugal os primeiros dois volumes dos três previstos.
A continuação, suspensa durante décadas pelas inexistência do necessário financiamento, surgiria finalmente na forma de banda desenhada, tendo a Arte de Autor editado já em Portugal os primeiros dois volumes dos três previstos.
[E diga-se de passagem, que o desconhecimento do filme, não é obstáculo à leitura da banda desenhada.]
Alegoria
religiosa e metafísica em torno das figuras bíblicas de Abel e
Caim, reflecte inevitavelmente as obsessões e temáticas comuns a
todas as obras de Jodorowsky: violência, nudez, sexo, religião,
misticismo, fantástico, paranormal... que, consoante as doses
relativas e a sensibilidade de cada um, fazem delas objecto de culto
ou de ódio visceral.
O
mesmo se passa com Os
filhos de El Topo
com
um início bastante interessante
e prometedor,
cuja
continuação no segundo tomo se perde nalguns desvios e algumas
(das habituais) derrapagens do
escritor. Graficamente,
a obra
ostenta um visual muito atraente graças ao desenho límpido e
realista de José Ladrönn e à planificação arejada e
propiciatória de grandes planos,
condizentes com os grandes espaços que servem de cenário à maior
parte da narrativa.
Uma
avaliação (e fruição) completa(s) fica(m) a aguardar pela
conclusão da série.
As
capas
Se
nos dias que correm se multiplicam entre nós as
edições de grande qualidade, nunca será desadequado chamar a
atenção para aquelas que, mesmo assim, se distinguem. É o caso de
Os filhos de El Topo,
cujas capas,
com
aplicações de verniz localizadas e uma textura muito agradável,
são um prazer para a vista e o tacto e
elevam a fasquia editorial.
Os
filhos de El Topo
1.
Caim
2.
Abel
Alejandro
Jodorowsky (argumento)
José
Ladrönn
(desenho)
Arte
de Autor
Portugal,
Outubro 2019/Julho 2020
232
x 310 mm, 64/72 p., cor, capa dura
17,50
€/1950 €
(Versão
revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Julho;
imagens disponibilizadas pela editora; clicar
nelas para as aproveitar
em toda a sua extensão)
Apesar de gostar de muitas das BD do Jodorowsky, senti-me repelido pelas amostras de arte desta série. Paracem uma fotonovela rasca. Gostos...
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