À
cacetada
Digam
todos o que disseram, uma ou outra vez já tivemos vontade de fazer o
mesmo que o protagonista deste Random:
resolver algumas questões à cacetada, mesmo tratando-se - tantas
vezes…! - de picuinhices que o momento, a (nossa) actualidade, o
(nosso) contexto transformaram no (quase) desencadear da tempestade
perfeita emocional.
No caso do protagonista desta história de Miguel Peres, esses momentos quotidianos de raiva e frustração - um incidente no trânsito, um espectador incómodo no cinema, a falta de educação de alguém - passaram a servir de escape recorrente de tensões e sabe-se lá bem mais o quê, acumulados numa vida em que o dia-a-dia raramente permite descontrair e descomprimir.
No caso do protagonista desta história de Miguel Peres, esses momentos quotidianos de raiva e frustração - um incidente no trânsito, um espectador incómodo no cinema, a falta de educação de alguém - passaram a servir de escape recorrente de tensões e sabe-se lá bem mais o quê, acumulados numa vida em que o dia-a-dia raramente permite descontrair e descomprimir.
Num
curto paralelismo com Kick-Ass
- especialmente com a primeira parte do volume inicial, pois os
propósitos e objectivos da criação de Millar e Romita Jr. são bem
diferentes - o protagonista passa a utilizar um taco de basebol para
colocar no seu lugar - no lugar em que ele acha que devem estar… -
aqueles que, de alguma forma, o incomodam, utilizando, como
complemento do taco, uma singular máscara para manter o seu
anonimato.
Com
momentos indiscutivelmente divertidos - o que não abona muito a
nosso favor, leitores - Random,
numa narrativa feita de avanços e recuos, vai-nos mergulhando numa
espiral de violência, cujo final - (quase) inevitável dado o tom
realista que prevalece no todo - aos poucos vamos adivinhando,
sentindo, algures entre o aliviados e o desiludidos, que não é à
‘tacada’ que o mundo ficará melhor…
Ao
lado de Miguel Peres, nesta crónica social, estreia-se o brasileiro
Marcus Aquino, cujo traço revela agilidade e dinamismo, embora
precise de desenvolver uma maior definição ao nível do acabamento
e dos pormenores. E que, por isso mesmo, possivelmente, teria ganho
se o livro tivesse um formato menor, perfeitamente aceitável para a
grande maioria das páginas, quase sempre com três tiras por base,
sendo frequentes vinhetas de página inteira que ajudam a pontuar os
momentos de maior tensão - ou escape dela através da violência
exacerbada que perpassa por grande parte das cenas que dão corpo a
este ‘conceito controverso e absurdista’, como o classifica o
próprio argumentista.
Lançado
graças a uma subscrição em crowdfunding,
Random surge
agora disponível para venda em geral através do mail… porque o
valor angariado permitiu a impressão de meia centena de exemplares a
mais. Não demorem portanto a adquirir.
Colocando
de lado a questão do formato já referida convém salientar que a
edição, bem impressa e com bom papel, apresenta três outras
versões diferentes de Random:
as de Miguel Mendonça, que
assina a capa, de Miguel Montenegro, autor da história de 4 páginas
que complementa o relato principal, e de Jorge Coelho, responsável
pela ilustração que encerra o volume.
Random
Miguel
Peres e Miguel Montenegro (argumento)
Marcus
Aquino e Miguel Montengro (desenho)
Fabi
Marques (cor)
Bicho
Carpinteiro
Portugal,
Julho 2020
195
x 270 mm, 80 p., cor, capa mole com badanas
14,90
€
(imagens disponibilizadas pela Bicho
Carpinteiro;
clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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