Se li o primeiro tomo desta (bela) colecção sob o efeito da nostalgia e de memórias bem vivas, confesso que este segundo volume significou a entrada em território desconhecido, com um misto de receio e vontade de descoberta.
Receio, porque não queria desfazer a imagem
forte que as primeiras histórias de Conan ainda hoje têm em mim.
E vontade de descoberta se, esse impacto, essa
força, se deviam apenas à nostalgia ou se havia (mais) vida em
Conan para além delas.
A resposta é um iniludível sim - com grande
satisfação do leitor que há em mim - e ainda bem que me atrevi a
ler, pois isso proporcionou-me uma consolidação - em termos
pessoais - do universo do cimério, numa conseguida combinação de
violência, sensualidade, fantástico e bruxaria, com um protagonista
falsamente desinteressado e interesseiro, como muitas vezes provam as
acções diferentes das palavras.
A atitude belicosa e independente, a sucessão
se situações a um tempo similares e diferentes, os co-adjuvantes
interessantes - e tantas vezes belas! - e a atracção pelo
desconhecido e pelo perigo mantêm hoje - como há 50 anos, quando
estas bandas desenhadas foram publicadas, como há quase um século,
quando Robert E. Howard criou Conan - todo o interesse e força
destas narrativas, que convém (re)descobrir.
E, como entre este volume - com o traço
personalizado, vigoroso e forte de John Buscema - e o anterior apenas
se mantêm a figura central, o bárbaro Conan, e o escritor, Roy
Thomas, isso só abona em favor de ambos; o primeiro, por ser uma
autêntica força da natureza - e dos romances de cordel e da BD - e
o outro, argumentista de eleição, por ter sido capaz de
o manter assim relato após relato -
adaptando os originais ou criando novos, com uma linguagem a um tempo
arcaica, grandiloquente e capaz de manter o leitor suspenso das suas
palavras que nos relatam os feitos de Conan.
La Espada Salvaje de Conan #2
La maldición del no muerto y otros
relatos
Inclui conteúdos de The
Savage Sword of Conan #1-#4 (EUA)
Roy Thomas (argumento)
John Buscema com Tony DeZuniga, Pablo
Marcos e Alfredo Alcalá (desenho)
Panini Cómics
Espanha, Agosto de 2020
205 x 275 mm, 208 pp., pb, capa dura
ISBN: 9788413345574
20,00
€
(capa
disponibilizada pela Panini; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
As melhores histórias do Conan são as do Buscema com aquela arte final do DeZuniga que aprimora e respeita o traço do mestre.
ResponderEliminarBuscema antes de falecer ainda voltou ao Conan em 1999 com a mini Death Covered in Gold (1999) mas já não era a mesma coisa.
Tenho pena das minhas Espadas Selvagens da Editora Abril não terem sobrevivido até hoje, o papel nem era digno dos desenhos do Buscema.
ResponderEliminarA Espada teve outros bons artistas convidados, como Gil Kane e Neal Adams, mas Buscema era o mais consistente em termos de participações e qualidade, a escrita de Roy Thomas "casava" de maneira excelente com a arte, desenho e escrita pareciam vir da mesma pessoa.
A Savage Sword 11 deve ser a minha história longa preferida, tem o meu painel preferido, com o Conan a espetar uma espada debaixo do queixo de um fulano que não o deixava entrar.
ResponderEliminarhttps://comics.ha.com/itm/original-comic-art/panel-pages/john-buscema-and-yong-montano-savage-sword-of-conan-11-page-25-original-art-marvel-1976-/a/827-43167.s