Portugal Press (1978-1979)
Estava a terminar o ano de 1978 e, nos quiosques portugueses, a par de títulos estabelecidos, marcantes e resistentes, como Mundo de Aventuras, Falcão ou Tintin, as editoras multiplicavam as suas apostas em revistas de banda desenhada, a maioria das quais efémeras e rapidamente esquecidas.
Uma das mais prolíferas da época, a Portugal Press, de Roussado Pinto, que meses antes trouxera aos leitores portugueses o primeiro herói Bonelli em título próprio - Zagor - fazia nova aposta originária de terras italianas: Mister No.
Este aventureiro, era nada mais nada menos do que uma criação do próprio Sergio Bonelli (sob o pseudónimo de Guido Nolitta) estreada em Itália em 1975.
Mister No - aliás Jerome 'Jerry' Drake - é um ex-aviador norte-americano que, após o que viu e viveu durante a Segunda Guerra Mundial, decidiu retirar-se da dita 'civilização', para ir viver em Manaus, no Brasil. Entre os perigos naturais da selva, os confrontos com nativos e com os mais perigosos brancos, os fretes no seu velho mono-motor, bebedeiras monumentais, algumas conquistas românticas, zaragatas recorrentes e opções nem sempre compreensíveis para os seres humanos ditos 'normais', Mister No tenta levar uma vida pacífica, o que na verdade raramente acontece.
Duração e periodicidade
A revista da Portugal Press teve 12 números. Lançada com periodicidade mensal, passou a quinzenal após três edições. A data do primeiro número é 1 de Dezembro de 1978, tendo a última edição, a #12, data de 15 de Junho de 1979.
Capas
A cores, de papel fino. Nalguns casos, reproduziam as originais: #1 (#1 da edição italiana), #3 (#3), #9 (#5) e #12 (#6), todas da autoria de Gallieno Ferri. Quanto às restantes, terão sido da autoria do ilustrador português Carlos Alberto Santos.
Os versos da capa e da contracapa foram mantidos em branco. A contracapa trazia publicidade a outras edições da Portugal Press: Zagor, do #1 ao #8, e volumes encadernados do Jornal do Cuto e da Jaguar, do #9 ao #12.
Características técnicas
A edição portuguesa media 155 x 220 mm, ou seja uma dimensão próxima da original (160 x 210 mm). O papel utilizado era amarelado (de jornal) nas duas primeiras edições, passando depois a branco até ao final da colecção.
As primeiras oito edições têm 48 páginas e lombada quadrada (folhas coladas); as últimas quatro, contém apenas 32 páginas e são agrafadas.
O preço manteve-se inalterado ao longo dos cerca de seis meses que a publicação durou: 15$00.
Conteúdo
A edição portuguesa publicou por ordem cronológica as primeiras histórias da série original.
No número inaugural, as pranchas foram remontadas de forma a 'encaixar' nas 48 páginas portuguesas as 96 pranchas da edição original italiana, com os inevitáveis cortes e acrescentos que se adivinham e podem verificar nos dois exemplos aqui mostrados.
A partir do número dois, a planificação original foi seguida. Dessa forma, as 12 revistas da Portugal Press terão publicado as seis edições inaugurais italianas, mais as 16 primeiras pranchas da edição #7, num total de 576 páginas, correspondentes a três histórias completas e mais uma que ficou por concluir, a saber:
-
Mister
No (Mister No)
Guido
Nolitta (argumento) e Gallieno
Ferri
(desenho)
página
1 do #1 até página 23 do #2;
Guido Nolitta (argumento) e Franco Dognatelli (desenho)
página 24 do #2 até 27 do #4;
-
O
último cangaceiro (L'Ultimo Cangaceiro)
Guido
Nolitta (argumento) e Franco
Bignotti
(desenho)
página
28 do # 4 até página 16 do #10;
-
(sem título) (L'Uomo
Della Guyana)
Guido
Nolitta (argumento) e Roberto Diso (desenho)
página
17 do #10; ficou incompleta.
A título de curiosidade, refira-se que depois desta 'aventura' editorial, Mister No só regressou a Portugal quase 39 anos (!) depois, pela mão da Levoir, em Mister No: OVNIS na Amazónia, pese embora o facto de terem sido distribuídas no nosso país as 24 edições brasileiras da colecção que a Mythos Editora publicou entre Julho de 2002 e Junho de 2004.
Ora aí está uma coisa que eu gostaria que trouxessem para Portugal,...aliás Bonelli no geral.
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