Escrevi aqui sensivelmente há um mês, a propósito do arranque deste novo Hulk - o imortal - e, entre outros aspectos, destaquei o reforço da referência ao Dr. Jekyll e Mister Hide, de Stevenson.
Agora, um mês - 5 comics originais - depois, a impressão que me fica de uma leitura (ainda) mais surpreendente, é que a citação deveria ter sido antes - ou deveria ser agora! - o Frankstein, de Mary Shelley. Porque, quero vincar, nesta segunda compilação, O Imortal Hulk é uma narrativa de puro terror.
Esqueçam o que sabiam até agora do Hulk 'tradicional'. Esqueçam a envolvente super-heróica com a presença da Tropa Alfa, da Capitã Marvel, e dos Vingadores, do Capitão América. Nesta completa reconstrução do mito do monstro verde da Marvel a temática prevalecente é o terror e o fantástico.
É verdade que há algo dentro de mim que coloca reticências a duas ou três cenas. Sem dizer mais que o necessário, para não revelar nada, vejam a 'recuperação' do Hulk no laboratório secreto para onde é levado após a sua captura [no comic #7] ou o confronto final com Carl "Crusher" Creel, e depois digam-me o que pensam destas "impossibilidades científicas".
Mas, estou convencido disso, concordarão comigo quanto à importância que estas impossibilidades assumem no conjunto do relato e quanto à espectacularidade da absurda violência extrema exibida. E, sublinho o 'exibida' porque, perante os olhos dos leitores, o novo Hulk 'literalmente' esmaga, arranca, desfaz, atropela, pulveriza... E mais não escrevo.
E se até aqui salientei o lado visual do terror que perpassa de uma ponta a outra da edição, isso não significa que Al Ewing tenha descurado os contornos psicológicos, não só no dúplice Hulk/Banner, afogado nos seus múltiplos fantasmas, mas também em diversas outras personagens com quem se vai cruzando - ou que o vão observando à distância - divididas entre o dever e o que sentem, entre o avançar e o saber que cada passo dado não tem volta atrás.
E, finalmente, ou melhor, igualmente, há neste novo Hulk uma arrepiante consciência das acções que pratica e das consequências que elas têm, sem que isso o desvie um milímetro sequer do que vai fazer, reforçando o peso delas.
Assim, como há um mês, mesmo perante nova mudança de fundo - ou a exploração a fundo da personagem - a verdade é que O Imortal Hulk funciona, surpreende e cativa, e, por muito tradicionalista que tantas vezes tenho sido, não tenho nada a objectar. Nesta renovada aposta - sempre condicionada - da Panini nas bancas portuguesas, pela leitura prazenteira e proveitosa proporcionada, esta é a edição a não perder.
O
Imortal Hulk #2:
A
porta verdeInclui
The
immortal Hulk
#6
a #10Al
Ewing
(argumento)Joe
Bennet,
Lee Garbett,
Ruy José,
Le Beau Underwood e Rafael Fonteruz
(desenho)PaniniBrasil, Janeiro
de 2020Distribuição
em Portugal: 12
de Dezembro
de 2020170 x 260 mm,
112
p., cor, capa cartão9,20
€
(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
É muita fixe.
ResponderEliminarE ando a ler o DEADMAN integral.
Convém dizer que muuito do sucesso desta nova fase também tem a ver com o fantástico traço de Joe Bennett, que coloca em prática maravilhosamente a narrativa dantesca de Al Ewing pois quando íntroduzem artistas convidados não funciona tão bem.
ResponderEliminarEsta é uma parelha para a história, assim como foi no passado com Claremont e Byrne ou David e Keown.