Duke
de Yves H. e Hermann, de que a Arte de Autor acaba de editar o sétimo
e último volume, Este
mundo não é o meu, completando assim mais uma série em português, é um western
crepuscular,
ambientado na transição entre os grandes tempos do Oeste selvagem e
a caminhada atribulada mas inexorável para a chegada da civilização
aos lugares onde a lei e a ordem durante anos foram impostas à força
da bala.
Caravana do Oeste, Sioux, Bonanza,
Mascarilha, Buffalo Bill... foram
algumas das muitas revistas de BD dedicadas aos heróis do velho
Oeste, que encheram os quiosques nas décadas de 1970 e 1980. E
títulos marcantes do jornalismo infanto-juvenil nacional, como O
Mosquito, Cavaleiro Andante, Tintin ou Mundo de Aventuras,
tiveram sempre nas suas páginas lugar para os heróis de tiro
certeiro. A última, aliás, durante alguns anos, na década de 1960,
chegou a publicar exclusivamente histórias daquele género. Depois, as revistas foram desaparecendo e dando
lugar aos álbuns e na BD - como no cinema e noutros géneros
narrativos - decresceu o interesse por esta temática.
Inicialmente
pensado para seis tomos, Duke
teve
direito a uma prorrogação do prazo com mais um (?) volume extra -
este - que nos serve um mergulho no passado de alguns dos
intervenientes, para ajudar
a
compreender quem são e o que os move.
Cito, com uma ligeira nuance, a abertura de ontem: 'Num
ano em
que a edição em Portugal parece
rendida
ao western
- Undertaker,
Tex,
O último homem..., Lucky Luke... - Duke: Pistoleiro é o que serás
é mais uma edição para engrossar aquela (bela)
lista'. E
é
mais uma obra de
Hermann, um dos grandes Autores que a banda desenhada me fez
descobrir, admirar, respeitar, seguir, mesmo quando está claramente
a entrar no seu ocaso.
À
procura do irmão Clem, para tentar evitar que este sofra a vingança
de Mullins, sem saber que a sua amiga Peg também está em perigo,
Duke prossegue um percurso errático que, de cada vez, o parece
aproximar mais dos(s) perigo(s).
Há
duas coisas que impressionam na obra a solo - ou com o filho - de
Hermann: a sua (quase) obsessão pela decadência do género humano e
a sua enorme qualidade gráfica.
Uma das coisas boas que o actual
momento editorial trouxe, foi fazer com que os leitores voltassem a
ganhar confiança nas editoras, acreditando que quando começam uma
série, ela terá (quase sempre) continuidade.