05/11/2009

Sugestão de Leitura – O Gato do Simon

Simon Tofield (argumento e desenho)
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas

Ainda não cheguei a meio, mas confesso-me rendido ao Gato do Simon Tofield, um misto de gato de carne e osso com (o inevitável) Garfield (ou não fossem ambos felinos).
São divertidos cartoons e sequências desenhadas, num registo que vai oscilando entre o humor negro, o nonsense, a ternura e o completamente inesperado, que narram as aventuras e desventuras de um anárquico e conflituosos gato doméstico sempre faminto, que inferniza a vida ao dono e aos seres vivos (humanos ou não) que o rodeiam e tenta a todo o custo que o anão de pedra do jardim o ajude a pescar peixes, apanhar ratos ou algum dos muitos pássaros que esvoaçam em seu redor.

04/11/2009

As Leituras dos Heróis – David, de “BRK”

(Segundo Filipe Pina)

Pergunta: Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas do David?

Resposta – Sendo um gajo que tem a mania que é fixe, que tem a mania que está numa fase de mudança, tinha que ser uma cena tipo Homem-Aranha, com aquele género de humor e as suas dúvidas todas. Mas o David não é do tipo de ler BD.

Astérix 50 anos – Superman

Não, não vou falar do inenarrável “O Céu cai-lhe em cima da cabeça”, mas, ainda na ressaca dos 50 anos de Astérix, apenas quero chamar a atenção para o de todo improvável encontro entre o pequeno guerreiro gaulês com Superman, que teve lugar na revista “Action Comics” #579, na história “Prisioners of Time”, numa homenagem de Keith Giffen y J.M.Lofficier, que pode ser lida integralmente aqui.

03/11/2009

As Leituras dos Heróis – Lucky Luke

(Segundo Achdé)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Lucky Luke?


Resposta – Leria as suas próprias aventuras que o fariam rir muito! Também seria leitor dos clássicos humorísticos dos primórdios da imprensa norte-americana. E gostaria de se divertir com Astérix.
Mas teriam que ser todas bandas desenhadas com temática pré-western, senão não perceberia nada!

02/11/2009

As Leituras dos Heróis – Turma da Mónica

(Segundo Maurício de Sousa)

Pergunta - Se lessem banda desenhada quais seriam as preferidas da Mónica, Cebolinha, Cascão e Magali?


Resposta – Pergunte-lhe a ela! Nalgumas coisas não sabemos o que os nossos filhos preferem. E geralmente surpreendem-nos muito! Eu não sei que quadrinhos gostam de ler as minhas filhas Mónica e Magali. Isso tem a ver com o temperamento de cada uma.
A Mónica de papel de certeza ia gostar de bandas desenhadas de aventura e romance; ele é muito romântica. A Magali não, preferiria histórias alegres. Quanto aos meninos, o Cascão ia gostar de BD de aventuras e o Cebolinha de policiais.

Mas todos iam gostar da Turma da Mónica Jovem, sem dúvida. Tem sido uma curtição generalizada no Brasil e também em Portugal. Não conheço criança que não curta a sua leitura. É um produto de meia-idade, que agrada dos 7 aos 16 anos!

A Metrópole Feérica

Terra Incógnita – Vol. 1
José Carlos Fernandes (argumento)
Luís Henriques (desenhos)
Tinta da China (Portugal, Outubro de 20089
210 x 300mm, 88 p., cor, brochado com badanas


Esta é mais um série imaginada por José Carlos Fernandes, que a define como “histórias curtas surreais, que têm em comum cidades ou lugares imaginários”. Imaginários, sim; impossíveis mesmo, quase todos, mas muito próximos da nossa realidade ou de realidades que já conhecemos.
Nelas, JCF expõe alguns dos seus temas recorrentes, explorando à exaustão pressupostos absurdos tornados incomodamente possíveis ou exagerando tiques de modelos governativos totalitários, que provocam sorrisos, mas também fazem pensar até que ponto o controle do indivíduo não pode tornar-se uma obsessão perigosa, num tempo em que a tecnologia existente torna tão fácil ser escrutinado cada instante do nosso quotidiano…
O traço de Luís Henriques, como que dotado de capacidades camaleónicas, metamorfoseia-se de acordo com cada narrativa, em nuances de grafismo, textura, luz e cor, numas realista, noutras quase abstracto, aqui pormenorizado, ali apenas esquemático, às vezes combinando todas aquelas características, outras surpreendendo pela ruptura total com o que fez nas páginas anteriores.
Como no conto final, belo exemplo de planificação apurada, que revisita a bíblica Torre de Babel, explicando o seu falhanço à luz de questões bem portuguesas (oportunismo dos empreiteiros, mão-de-obra (estrangeira) não qualificada, incumprimento dos prazos…) para finalizar com um inesperado volte-face, que faz jus ao humor sarcástico e mordaz de JCF e nos obriga a (re)pensar.

(Versão revista do texto publicado originalmente a 17 de Janeiro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

Novo Colaborador

Se esta aventura (aos quadradinhos) do blog As Leituras do Pedro, que conta ainda poucos meses, tem sido estimulante – em especial pelos comentários que vai fazendo quem me lê, mesmo que muitas vezes não os escreva aqui... - e um desafio que me tem ajudado a sistematizar a minha escrita, deixa-me muitas vezes penalizado pela falta de tempo para aprofundar uma ou outra recensão ou para postar mais textos por aqui.
Por isso, compartilho convosco a surpreendente sugestão que me foi feita por Nico Demo, por intermédio de Maurício de Sousa, no passado sábado no Amadora BD 2009:Só não sei se hei-de agradecer a ajuda ou recear as consequências dela, tendo em conta o carácter de Nico Demo…

Prometo voltar a ele muito em breve.

Amadora BD 2009 – Prémios Nacionais de BD

Melhor Álbum Português
- A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, de José Carlos Fernandes e Luís Henriques, Tinta da China
Melhor Argumento para Álbum Português- A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, de José Carlos Fernandes e Luís Henriques, Tinta da China
Melhor Desenho para Álbum Português
- A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, de José Carlos Fernandes e Luís Henriques, Tinta da China
Melhor Álbum de Autor Estrangeiro
- A Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA
Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
- Cão Fedorento, Mike Peters, Gradiva Publicações
Melhor Ilustração para Livro Infantil
- Canta o Galo Gordo, Cristina Sampaio, Editorial Caminho
Clássicos da 9ª Arte- A Marca Amarela, Edgar P. Jacobs, Edições ASA/Jornal Público
Melhor Fanzine
- Venham + 5, Paulo Monteiro, Bedeteca de Beja
Prémio Juventude
- A Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA

As Melhores Leituras de Outubro

Num mês marcado pelo 50º aniversário de Astérix, a escrita de diversos artigos sobre a efeméride obrigou-me – com muito prazer – a reler praticamente toda a série. Daí a inclusão de tantos títulos nas minhas melhores leituras de Outubro:

Astérix o gaulês, A Zaragata, O adivinho, O Domínio dos Deuses, O presente de César, Obélix & Companhia, Astérix e Cleópatra, Os louros de César, Astérix e os Godos, Astérix entre os belgas, Astérix Gladiador, Astérix Legionário, Astérix na Córsega e O Escudo de Arverne (todos da ASA), de Goscinny e Uderzo
Johan et Pirlouit - l'intègrale #4 (Dupuis), de Peyo

Ferd'nand retorna (Libri Impressi), de Mik
Israel – Sketchbook (ASA), de Ricardo Cabral
Maurício de Sousa - Biografia em quadrinhos (Panini Comics), de Maurício de Sousa
Sky Hawk (Casterman), de Jiro Taniguchi

30/10/2009

BD para ver - Amadora BD 2009, fim-de-semana 2

Como os ecos que chegam sobre o Amadora BD são contraditórios, não há como passar por lá – até dia 8 de Novembro! – para ver com os próprios olhos e formar uma opinião pessoal.
Amanhã, sábado, e domingo, é possível encontrar por lá Maurício de Sousa, Giorgio Fratini, autor do surpreendente e muito interessante – Sonno Elefante – As paredes têm ouvidos (Campo de Letras), sobre o edifício que serviu de sede à PIDE, Achdé – actual desenhador de Lucky Luke, François Boucq, a mangaka luso-sueca Natália Batista, o cartoonista albanês Agim Sulaj, Korky Paul, do Zimbabwe, Yosh, da Suécia, Kei Suyiama e Nonaka Toshiki.
E, claro, os portugueses Rui Lacas (autor da prancha aqui mostrada), José Garcês, Hugo Teixeira, Osvaldo Medina, Nuno Duarte, Mário Freitas, Filipe Pina, Filipe Andrade, Ricardo Cabral, Rui Ricardo, Hugo Jesus, Rita Marques, Cristina Dias, Manuela Cardoso, Gisela Martins e Jorge Miguel, António Jorge Gonçalves e Jorge Miguel.
Motivos bem mais do que suficientes para ir ao Fórum Luís de Camões…

29/10/2009

Astérix 50 anos – Entrevista com Albert Uderzo
















Chama-se Albert Uderzo e nasceu em Fismes, na França, a 25 de Abril de 1927. Os 50 anos de Astérix, que se cumprem hoje, foram o pretexto para uma conversa por mail, com a preciosa intermediação da Drª Maria José, das Edições ASA, na qual evocou com saudade o seu amigo René Goscinny, bem como o passado e o futuro do herói que juntos criaram.

27/10/2009

Almanaque Tex #30

O preço da honra/A força do destino
Claudio Nizzi (argumento) 
Venturi (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Setembro de 2006) 
135 x 178 mm, 228 p., pb, brochado 

Resumo Santos, um jovem apache que trabalhava para o exército como batedor, comete um brutal assassinato à vista de todos. Para descobrir o porquê daquele crime inexplicável, Tex tem que mergulhar no seu passado em busca da resposta, contando ao seu filho Kit e a Kit Carson a história do pai de Santos, o terrível guerreiro conhecido como Lobo Raivoso. 

Desenvolvimento Numa série como Tex, com produção regular mensal (com tudo o que de bom e de mau este conceito acarreta), e uma qualidade média bastante razoável, as histórias mais interessantes, a nível de argumento, para mim, acabam por ser aquelas que fogem mais aos estereótipos normalmente associados ao herói. Ou pela abordagem de temáticas distintas ou por se atreverem a um tratamento diferente do (tão imutável) protagonista (que é assim, porque é assim que os leitores gostam, por muito que alguns "críticos" gostassem de ver outras temáticas/situações/personagens nas suas histórias). Um desses casos é o diptíco publicado neste número do Almanaque Tex, colecção que publica histórias inéditas de Tex originalmente publicadas na série italiana "Almanacco del West" ou histórias que ficaram por publicar quando era a Editora Vecchi a responsável pela edição brasileira de Tex (porque o herói Bonelli, no Brasil, já passou pelas mãos das editoras Vecchi, Rio Gráfica, Globo e Mythos, embora mantendo sempre a numeração aquando das mudanças de editora). Numa história recente, de 2006, como habitualmente bem narrada e estruturada, funcionando à base de constantes flash-backs, aparentemente dentro dos códigos que regem um dos mais famosos e populares westerns europeus, há uma diferença fundamental: Tex, geralmente dono e senhor da situação, infalível e (quase) omnipotente, falha estrondosamente. E logo por três vezes. Primeiro, quando não consegue evitar o fim trágico de Natay, o índio rebelde que quase lhe rouba o protagonismo da narrativa. Depois, quando não consegue que o verdadeiro criminoso, o oficial do exército corrupto, seja levado à justiça. Finalmente, quando não consegue evitar ou pelo menos atenuar o castigo (apesar de tudo justo) do seu assassino. Motivos suficientes - mas há mais, que deixo aos leitores descobrir - para mergulhar na leitura destas mais de 200 páginas. 

Curiosidade Se o desenho de Venturi é profissional q.b., eficiente, expressivo e dinâmico, não deixa de ser interessante reparar como o Tex das situações em flash-back é igualzinho ao Tex das cenas passadas na actualidade. Isto, apesar dos cerca de 20 anos que medeiam entre as duas. Mais uma prova da imutabilidade de Tex e de que os grandes heróis são mesmo eternos! (versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Junho/Julho de 2007)

23/10/2009

Efeméride – Terry and the pirates

A 22 de Outubro de 1934, fez ontem exactamente 75 anos, o Chicago Tribune estreava nas suas páginas uma das mais elogiadas bandas desenhadas de aventuras de todos os tempos: “Terry and the Pirates”.
Nela, Terry Lee, um jovem americano, inteligente e dinâmico, chega à China em companhia de Pat Ryan, em busca de uma mina legada por um tio. Era o início de uma longa viagem, por um país que na época era sinónimo de mistério, exotismo e desconhecido, no qual conheceram a graciosa Dale Scott e o “telível” e “tlapalhão” chinês Connie, e enfrentaram sanguinários piratas e belas e sensuais mulheres fatais, entre as quais a enigmática vilã Dragon Lady, inspirada em Marlene Dietrich, a sofisticada Normandie Drake ou a intrigante Burma, que ficaram como imagens marcantes da série, uma das primeiras a fazer alusão ao sexo na imprensa norte-americana.
O seu autor era Milton Caniff, citado como referência por Pratt, Eisner ou Kirby, pelo seu traço realista rigoroso, expressivo e dinâmico, e pelo magistral uso do pincel para definir os contrastes de luz e sombra, com os quais deu corpo a intrigas palpitantes, plenas de mistério, acção, algum humor e, progressivamente, com uma consistente base documental.
Com a invasão de Pearl Harbour pelos japoneses, Caniff colou-se à realidade e alistou Terry no exército americano para os combater mas, no início de 1946, deixaria os seus heróis a George Wunder, que, sem grande brilho, fez de Terry soldado profissional, envolvido na guerra fria contra chineses, comunistas e vietnamitas, num longo declínio que se prolongaria até ao seu final, em Fevereiro de 1973. Uma curta ressurreição, entre 1995 e 1997, não deixou saudades.
Há dois anos, assinalando o centenário de Caniff (1907-1988), autor também da pin-up “Male Call” e do aviador “Steve Canyon”, as tiras e pranchas dominicais de “Terry and the Pirates” de sua autoria foram reunidas pela IDW Publishing, em seis luxuosos volumes.
Em Portugal, as aventuras de Terry foram publicadas (pelo menos…) no “Mundo de Aventuras”.

(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 22 de Outubro de 2009)
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