20/05/2012

Professor Pardal: 60 anos de invenções loucas














O Professor Pardal, o mais célebre inventor dos quadradinhos Disney, completa este mês seis décadas de invenções mirabolantes mas nem sempre bem sucedidas.
Apesar de não se saber a sua data de nascimento “real” - ao contrário de outras personagens Disney com quem interage – para a efeméride conta a data da primeira aparição nos quadradinhos de Giro Gearloose (o seu nome no original) em Maio de 1952, no número 140 da revista “Walt Disney's Comics and Stories”.
Esta banda desenhada de 10 páginas, escrita e desenhada pelo genial Carl Barks quase um ano antes, intitulava-se “Gladstone's terrible secret” e tinha como mote a tradicional sorte do Gastão e não a novel personagem. O próprio Barks, o mais famoso desenhador dos “patos Disney”, confessou que não pensava utilizá-lo mais, caso contrário tê-lo-ia feito mais baixo, da altura de Donald ou Patinhas, pois a elevada estatura do galináceo antropomorfizado tornava complicado “encaixá-lo” nas vinhetas a par dos patos.
Apesar disso, o inventor fez sucesso, o que justificou a criação de uma revista própria sete anos volvidos, em 1959; sucesso que perdurou até aos nossos dias, o que levou à sua inclusão na série animada DuckTales, da Disney.
Professor Pardal: a primeira aparição
Para isso, contribuiu certamente o seu génio inventivo, sempre a transbordar de ideias – embora para isso contasse com a ajuda do chapéu pensante, composto por um ninho com corvos – a par da sua lendária desorganização e distracção e dos falhanços – ou adequação errada… - dos seus inventos. Que tanto podiam ser construídos com peças novas, como com restos ou o lixo disponível, sendo utilizados quer para resolver (ou complicar?) os pequenos nada quotidianos, quer para ultrapassar os maiores e mais inesperados contratempos, ameaças e dificuldades.
Por isso, a par de foguetões, máquinas do tempo ou automóveis incríveis, também criou o oralicóptero, um engenho voador que Donald move à custa de “quacs”, a máquina de não fazer nada, minhocas que apanham peixes (literalmente) ou submarinos com pernas, bem como os mais estranhos artefactos com que heróis falidos como o Superpato (identidade secreta de Donald), o Morcego Vermelho (Peninha) ou o Morcego Verde (Zé Carioca) combatem o crime. Inventos muito apetecíveis para gente com más intenções, como o seu maior inimigo, o professor Gavião, sempre apostado em roubar as suas ideias, ou a Maga Patalógica e os Irmãos Metralha que os desejam para roubarem a moedinha nº1 ao Tio Patinhas.
Para o ajudar – e corrigir muitas das suas falhas – teve sempre ao lado o pequeno Lampadinha – Little Helper no original, rebaptizado Little Bulb nos anos 1980 – um pequeno robot com uma lâmpada a servir de cabeça, bem mais atento e equilibrado que o seu inventor, que se estreou em Setembro de 1956, na história “The Cat Box”.
Como tantas outras das assexuadas personagens Disney, Pardal, insensível aos avanços femininos, não tem filhos mas conta com um sobrinho, Pascoal (Newton no original), igualmente dotado de génio inventivo.
A sua fama extravazou os quadradinhos, inspirando pessoas no mundo real, como o norte-americano Dean Kamen, detentor de mais de 400 patentes, que se inspirou num invento do professor Pardal para criar os Segway que hoje vemos em centros comerciais e supermercados.
O professor Pardal, no entanto, não é o único – nem o primeiro - génio dos quadradinhos. Antes e depois dele, muitos outros revolucionaram os seus mundos com inventos estranhos ou apenas adiantados em relação ao seu tempo.
É o caso do foguetão do professor Tournesol que levou Tintin à lua, do rádio-relógio que Dick Tracy utilizava ou do avião supersónico criado pelo professor Mortimer.
Exemplos que ficam enquanto aguardamos pela concretização da máquina do tempo que o próprio Pardal, o Franjinha da Turma da Mônica (a par de tantos outros) imaginaram, dos fatos de moléculas instáveis desenvolvido por Reed Richards, do Quarteto Fantástico ou pela poção mágica de que só o druida Panoramix conhece o segredo…

(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Maio de 2012)


19/05/2012

Diário Rasgado 2007/12 na Mundo Fantasma

Data: 19 de Maio a 10 de Junho de 2012
Local: Galeria Mundo Fantasma
loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h


  



O álbum “Diário Rasgado”, editado com o selo Mundo Fantasma pela Associação Turbina, é apresentado hoje, no Porto, na presença do seu autor, Marco Mendes, que estará disponível para uma sessão de autógrafos.
Colectânea de bandas desenhadas curtas, a preto e branco ou a cores, originalmente publicadas no blog com o mesmo nome e em fanzines nacionais e estrangeiros, e que abarcam momentos diversos do período entre 2007 e 2011, “Diário Rasgado” compila pequenos apontamentos do quotidiano do autor, referentes aos seus relacionamentos, opções de vida, sentimentos, êxitos e frustrações.
Neste verdadeiro diário gráfico, são reconhecíveis muitos locais da cidade do Porto, onde Marco Mendes, há muito vive e exerce a sua profissão de professor de desenho e a sua arte enquanto ilustrador e artista plástico. Natural da Figueira da Foz, onde nasceu em 1978, este autor foi fundador do Clube do Desenho e faz parte do colectivo artístico e editorial “A Mula”.
O lançamento terá lugar às 17 horas, na galeria Mundo Fantasma, contígua à livraria especializada em BD, com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, onde está patente, até 10 de Junho, uma exposição com alguns dos originais agora reproduzidos no livro.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Maio de 2012)


18/05/2012

Valente para sempre


  


Vitor Cafaggi
Edição de autor (Brasil, Novembro de 2011)
92 p., pb e branco e rosa
R$ 12,00



Nota Prévia
Embora exista uma edição em papel, confesso – lamentando – que o que adiante escrevo se baseia na leitura online das primeiras 64 pranchas de “Valente para sempre”, originalmente publicadas no jornal “O Globo”, disponíveis aqui.

Desenvolvimento
Com “Valente para sempre”, Vítor Cafaggi revela-se, mais uma vez, um dos mais sensíveis e interessantes novos autores brasileiros.
Depois de “As Incríveis Aventuras do Pequeno Parker”, terna e deliciosa ficção sobre a infância de Peter Parker e de muitos outros integrantes do universo Marvel (disponíveis para leitura no mesmo blog e que urge editar em livro), agora este “Valente para sempre” revisita o conturbado e assustador período da adolescência por que todos passamos, no qual surgem os primeiros amores, as primeiras ilusões – e as primeiras e catastróficas decepções – que nos fazem sentir capazes das maiores proezas ou os mais infelizes de todos os seres humanos (e no qual formamos boa parte do nosso caracter e nos preparamos (ou não) para enfrentar a vida adulta), quando os sonhos mais loucos e exaltados teimam em chocar com a dura e inevitável realidade.

E, de novo, Cafaggi retrata-o com uma poesia, um humor leve e ternurento e uma sensibilidade irresistíveis que tocam o leitor, o prendem e o obrigam a ler prancha após prancha – a visitar o blog semana após semana – para saber como (o cãozinho) Valente - com a ajuda da (macaquinha) Bu - consegue – ou não… - comunicar os seus sentimentos à bela (gatinha) Dama, primeiro, e depois – após uma trágica separação! - à doce (pandinha) Princesa.
Porque, apesar desta opção por (pequenos e fofos) animais antropomorfizados, traçados de forma simples mas muito expressiva e agradável, e preenchidos em tons de branco e cinza, no início, ou de um rosa acastanhado sujo (que faz toda a diferença), Cafaggi consegue que nos identifiquemos perfeitamente com eles, com os seus sonhos, anseios, medos e hesitações, numa prova inequívoca de que por detrás destas belas pranchas aos quadradinhos há muito de verdade.

A verdade que já experimentaram todos aqueles que se apaixonaram - na adolescência, em qualquer idade? – mudando, por isso, hábitos, rotinas, opções, gostos – sei lá que/quanto mais! – para conseguir mais uns momentos perto do alvo da nossa paixão, trocar mais algumas palavras, caminhar ao seu lado durante mais alguns metros, ter vontade de prolongar para sempre o toque dos dedos, o aperto da mão, um abraço, o roçar de uns lábios, para sentir que o dia horrível valeu a pena pelo instante em comum que conseguimos viver…
… naquela idade em que, apesar de todos os medos, inseguranças e desilusões, amanhã é sempre um novo dia que pode vir repleto de surpresas!

17/05/2012

Martha Jane Cannary

Les dernières années 1877-1903










Christian Perrissin (argumento)
Mathieu Blanchin (desenho)
Futuropolis (França, 13 de Abril de 2012)
215 x 29o mm, 112 p., branco e sépia, cartonado
22,50 €


Este álbum, último de uma trilogia, pode ser encarado de duas formas: a destruição ou a humanização de um mito.
Porque, disso não duvido, Martha Jane Cannary, aliás Calamity Jane, é uma daquelas figuras do Velho Oeste que o tempo, a tradição e as artes –a literatura, o cinema, a BD – se encarregaram de mitificar. Mesmo para aqueles que com ela puderam conviver. Um dos muitos mitos - e um dos mais fortes - que a sua época e o local (enquanto conceito alargado) em que viveu se encarregaram de desenvolver.
A intenção de Perrissin e Blanchin, no entanto, não é endeusá-la, mas sim mostrá-la na sua profunda humanidade. O que é mais evidente neste tomo da trilogia que lhe dedicaram (e que está também disponível num único tomo integral) que encerra a biografia romanceada aos quadradinhos de Martha Jane, porque corresponde aos seus anos finais, à época do seu declínio (acentuado) provocado pela solidão, o alcoolismo, a velhice e as doenças que o seu estilo de vida propiciou.
Por isso, longe da exploradora audaz e da atiradora ímpar que, possivelmente a nossa memória associava à sua imagem e que os tomos anteriores de certa forma privilegiaram, encontramos uma mulher a lutar pela sua vida – que no entanto preza pouco – como cozinheira, dona de uma lavandaria, enfermeira, artista de feira ou de circo, ou pouco mais (menos), minada pelas suas dúvidas, com saudades da filha que um dia abandonou, arrependida dessa atitude que a marcou e à qual foi incapaz de se declarar como mãe (embora por razões nobres e que vão além da sua vergonha…).
Não que não seja, mesmo assim, apesar de tudo isto, uma mulher à frente do seu tempo – com um pouco do “pêlo na venta” que Goscinny tãobem traduziu na caricatura de Calamity com que Lucky Luke se cruzou – com uma inextinguível sede de liberdade e de independência, emancipada e autónoma num mundo de homens – dos quais precisa e aos quais se entrega, aos quais se submete e com quem tem filhos que o seu abuso de álcool matou ou de quem mais cedo ou mais tarde se desligou – uma mulher de força, de vontade, de uma vivência única e marcante. Mas também uma mulher, profundamente humana, com muitas dúvidas e incertezas, em busca de reconhecimento e aceitação – em especial de si própria - minada, destruída pela vida que levou.
Combinando a narrativa directa com as cartas que escreveu à filha mas nunca enviou e com apontamentos – estranhos no tom geral do relato – do endeusamento que os escritores de folhetins então promoveram, Perrissin propõe-nos uma obra ritmada, bem documentada e credível. Para isso contribui de forma decisiva o traço semi-realista de Blanchin, com uma boa reconstrução de época, embora as personagens enquanto centro da narrativa se sobreponham aos cenários, traçada em sombrios tons de sépia, em que o realismo sobrepuja (logicamente) algumas passagens ficcionadas-
O conjunto, propicia uma leitura forte e emotiva, que assenta principalmente na dualidade – inerente a todo o ser humano – entre a realidade de cada um – e a ideia que cada um faz de si - e a impressão que provoca nos outros, aqui toldada, distorcida pela dimensão do mito face à pequenez do ser humano.


16/05/2012

VIII Festival Internacional de BD de Beja (I)
















Entre os dias 26 de Maio e 10 de Junho Beja volta a fazer uma grande festa em torno da Banda Desenhada, reunindo originais de autores do Mundo inteiro. O Festival inaugura dia 26, sábado, às 15h00, na Casa da Cultura. A Programação no primeiro dia prolonga-se até às 3h30 da manhã. Em breve daremos mais notícias. Por enquanto aqui vos deixamos as exposições:

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

ANDRÉ OLIVEIRA (Portugal)


CARLA RODRIGUES (Portugal)

ELISEU GOUVEIA (Portugal)



DE BEJA A ANGOULÊME - 18 HORAS DE COMBOIO (Portugal)
Exposição de Fotografia de Francisco Paixão


JÚLIO SHIMAMOTO - O SAMURAI DOS QUADRINHOS (Brasil)


MARIA JOÃO WORM (Portugal)


PEPEDELREY (Portugal)

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
TRAÇOS COMUNS:ARTE ORIGINAL DA COLECÇÃO DE DOMINGOS ISABELINHO
Com Al Columbia (Estados Unidos), Al Smith (Estados Unidos), Alberto Breccia(Uruguai), Aristophane (França), Arturo del Castillo (Chile), Barron Storey(Estados Unidos), Bud Fisher (Estados Unidos), Carl Barks (Estados Unidos), Carlos Roume (Argentina) /Héctor Germán Oesterheld (Argentina), Chester Brown(Canadá), Chris Ware (Estados Unidos), Clare Briggs (Estados Unidos), DaveMcKean (Reino Unido), David Wright (Reino Unido), Eddie Campbell (Reino Unido),Eddie Campbell (Reino Unido) / Alan Moore (Reino Unido), Frank Godwin (EstadosUnidos), Fred (França), George McManus (Estados Unidos), Guido Buzzelli(Itália), Hal Foster (Canadá), Jaime Hernandez (Estados Unidos), Joe Matt(Estados Unidos), José Luis Salinas (Argentina) / Rod Reed (Estados Unidos),Kyle Baker (Estados Unidos), Tony Weare (Reino Unido) e Tony Weare (ReinoUnido) / James Edgar (Reino Unido)

CORTO MALTESE NO SÉCULO XXI (Portugal)
Exposição do fanzine Efeméride, de Geraldes Lino
Com Alice Geirinhas, Álvaro, Ana Madureira, André Ruivo, Andreia Rechena, Arlindo Fagundes, Carlos Páscoa, Carlos Zíngaro, Daniel Lopes, David Campos, Miguel Falcato, Ricardo Ferrand, Filipe Abranches, J.Coelho (des.) / David Soares (Arg.), J. Mascarenhas, Joana Afonso, João Chambel, João Sequeira (des.) / Luís Pedro Cruz (Arg.), José Lopes, José Pedro Costa, João Lam, Luís Guerreiro, Machado-Dias, Marco Mendes, Maria João Careto, Mota, Nazaré Álvares, Nuno Saraiva, Paulo Monteiro, Pedro Massano, Pedro Nogueira, Pepedelrey, Regina Pessoa, Renato Abreu, Ricardo Cabral, Ricardo Cabrita, Ricardo Santos, Roberto Macedo Alves, Rui Pimentel, Susa Monteiro, Tiago Baptista, Vasco Gargalo e Victor Mesquita.

ORIGINAIS E SERIGRAFIAS DA BEDETECA DE BEJA (Vários países)
Com Alberto Vázquez (Espanha), Alexander Zograf (Sérvia), Andrea Bruno (Itália),André Caetano (Portugal), Artur Correia (Portugal), Carlos Rocha (Portugal), Craig Thompson (Estados Unidos da América), Dave McKean (Reino Unido), David B. (França), David Rubín (Espanha), Fabio Civitelli (Itália), Fábio Moon (Brasil),Fernando Gonsales (Brasil), Fernando Relvas (Portugal), Fritz (Espanha), Gabriel Bá (Brasil), Gary Erskine (Reino Unido), Gisela Martins (Portugal), Sara Ferreira (Portugal), Hermann (Bélgica), Hypollite (França), Jakob Klemencic (Eslovénia), João Lam (Portugal), José Manuel Saraiva (Portugal), Lourenço Mutarelli (Brasil), Loustal (França), Martin tom Dieck (Alemanha), Maria João Careto (Portugal), André Oliveira (Portugal), Max (Espanha), Miguel Rocha (Portugal), Niko Henrichon (Canadá), Rufus Dayglo (Reino Unido), Susa Monteiro (Portugal), Ulf K. (Alemanha), Véte (Portugal) e Zé Francisco (Portugal)

MOSTRAS
DIOGO CARVALHO (Portugal) – Obscurum Nocturnus
RUI LACAS (Portugal) – Han Solo

Contactos: Bedeteca de Beja, Edifício da Casa da Cultura, Rua Luísde Camões, 7800-508 Beja. Tel.: 284 313 310 / 284 313 318 / 969 660 234 /e-mail: bedeteca@cm-beja.pt


Organização: Câmara Municipal de Beja (Bedeteca de Beja)


Parceiros: Associação Para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Museu Regional de Beja


Apoios: Cooperativa Proletário Alentejano / Agrupamento de Escolas da Santiago Maior / A Cozinha / Edições Polvo / Clube de Modelismo da Escola Mário Beirão /Star Wars Clube Portugal / LNK / Arte Pública / Sociedade Filarmónica Capricho Bejense / Lemon BD


Apoio à divulgação: Diário do Alentejo / Alentejo Popular / TVL / Rádio Voz da Planície / Rádio Pax / As Leituras do Pedro / Central Comics / DrMakete /Kuentro / Leituras de BD / Notas Bedéfilas

(Textos da responsabilidade da organização)

15/05/2012

Provérbios... com Gatos!








Catherine Labey
ASA (Abril de 2012)
165 x 220 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
8,90 €


1.       As surpresas geralmente encontram-se onde menos se espera. Por isso são surpresas.
2.      Uma das mais recentes, devo-a a este “Provérbios… com  Gatos”. Possivelmente porque, à partida, a sua temática era para mim duplamente desinteressante.
3.      Porque sou avesso ao uso de provérbios – que geralmente servem de muleta – a propósito e a despropósito… - a quem não tem (ou tem poucas) ideias próprias; porque em muitos casos (co)existem em versões com sentido oposto, para haver sempre (pelo menos) um aplicável.
4.      Porque não tenho grande afinidade com gatos – nem com cães, esclareço já… - pela alergia (literal) que me provocam; porque me irrita crescentemente a forma demasiado humanizada como tantos – cada vez mais… - insistem em tratá-los em detrimento dos outros seres humanos.
5.      Apesar disso – de tudo isso – confesso que desfrutei com a leitura deste livro, assente no formato da tira, de imagem única ou, no máximo, dividida em duas ou três vinhetas, de traço simples mas bem legível e definido, e que trata os ditos e provérbios que todos - infelizmente…! – conhecemos, geralmente com humor, aqui e ali de forma original, propondo – fazendo – novas interpretações de ideias que o tempo parecia ter gasto ou mesmo esgotado.
6.      Características – o conceito, a(s) temática(s), a forma, a legibilidade - que fazem dele um livro que pode encontrar os seus leitores fora do círculo habitualmente restrito de quem lê BD.
7.      O que está longe de ser um defeito. Bem pelo contrário.
8.     E que podia – devia até? – ser uma ambição de quem cria quadradinhos…


14/05/2012

Eddy Paape (1920-2012)












A banda desenhada belga perdeu ontem mais uma das suas referências. Colaborador das revistas “Spirou”, “Pilote” e “Tintin”, Eddy (Edouard) Paape faleceu aos 91 anos.
Natural de Grivegnée, próximo de Liége, na Bélgica, onde nasceu a 3 de Julho de 1920, Paape teve formação em pintura e ilustração no Institut saint-Luc, tendo conhecido, em 1942, durante a II Guerra Mundial, num estúdio de animação onde trabalhou, Franquin, Morris e Peyo, de quem viria a ser parceiro na revista “Spirou”, sob a égide de Jijé.
Curiosamente, um ano depois, esse estúdio marcaria, de uma outra forma, a sua vida poi, na sequência dos ferimentos sofridos num incêndio que nele teve lugar, seria tratado por uma enfermeira, Laurette Beer, sua futura esposa com quem ainda era casado.
Quando Jijé partiu para os Estados Unidos, Paape “herdou” Jean Valhardi, escrito sucessivamente por Jean Doisy, Yvan Delporte e jean-Michel Charlier, que desenhou durante 8 anos e se tornou a primeira grande referência da sua carreira nos quadradinhos. Ainda na “Spirou” desenhou as primeiras “Belles Histoires de L’Oncle Paul”, a partir de 1951, e animou diversas rubricas.
Acumulando colaborações e parcerias, sob vários pseudónimos, para diversos títulos, Paape voltaria a destacar-se em 1958, com a criação das aventuras de Marc Dacier, mais uma vez com argumentos de Charlier.
Depois de colaborar na “Pilote” com bandas desenhadas curtas, entre 1960 e 1966, ainda neste último ano estrear-se-ia no “Tintin” belga onde, no ano seguinte, lançaria a sua mais conhecida criação, Luc Orient, uma série de ficção-científica (temática então praticamente ausente da revista) de tomo moderno e filosófico, com preocupações pacifistas e ecologistas, escrita por Greg.
“Tommy Banco” (1970), “Yorik des Tempêtes” (1971) e “Udolfo” (1978) foram outras séries que desenhou para a “Tintin”, encontrando-se igualmente na sua vasta bibliografia títulos como “Les Jardins de la Peur” (em 1988, com Jean Dufaux) e “Johnny Congo” (1992, com Greg), sendo de assinalar igualmente a sua vertente de professor de desenho, no Institut Saint-Luc.
Os leitores portugueses descobriram-no a 22 de Dezembro de 1956, no “Cavaleiro Andante” #260, com uma versão aos quadradinhos da morte de Cristo. O especial de Natal desse ano estreava Jean Valhardi, que regressaria na série regular, nos fascículos #393 e #433, sempre rebaptizado… Pedro Valente.
“Marc Dacier” no “Zorro” #1 (1962) e “Douglas Bader” no Jacto #50 (1972) seriam outras histórias de Paape publicadas em Portugal.
A sua marca mais forte, no entanto, foi deixada na versão nacional do “Tintin”, onde foram publicadas 12 histórias de Luc Orient, a partir do #143 (1969), a par de algumas histórias curtas. O herói regressaria ainda nas “Selecções do Mundo de Aventuras” #251 (1982). A Livraria Bertrand editou 3 álbuns, entre 1974 e 1977, a que se juntou um quarto, muitos anos depois, em 2009, na colecção “Clássicos da revista Tintin” (ASA/Público).
Quanto a “Yorik das tempestades”, foi publicado no “Mundo de Aventuras” #240, de 1978, e nas “Selecções do Mundo de Aventuras” #248 (1982), revistas que também publicaram diversas das suas histórias curtas.



13/05/2012

As Estantes do Pedro (III)







 


Pela terceira semana consecutiva volto a mostrar a minha biblioteca de BD, agora com a secção com as estantes com os álbuns (ordenados por desenhador) de Schuiten a Zitko, obras colectivas e o meu acervo manga.
Em termos de figuras vê-se uma colecção de mini-bonecos Homem-Aranha e estatuetas de Gaston Lagaffe e Spirit.

12/05/2012

Tony DeZuñiga (1941-2012)















O autor de banda desenhada Tony DeZuñiga faleceu ontem de madrugada, depois de ter estado internado em estado grave devido a um derrame sofrido no mês passado.

Natural das Filipinas, onde nasceu em 1941, foi o criador gráfico de Jonah Hex, em 1972, com argumento de John Albano, e de Orquídea Negra, em 1973, com Sheldon Mayer, duas personagens da DC Comics. Para esta editora ilustrou igualmente histórias de Batman, Aquaman e Swamp Thing, entre outros.

Primeiro desenhador filipino a trabalhar para a indústria de quadradinhos dos Estados Unidos e responsável pela contratação de diversos compatriotas, DeZuñiga também emprestou o seu talento à Marvel, para quem desenhou histórias do Homem-Aranha, X-Men, Thor, Homem de Ferro, Conan ou Star Wars.

Tendo começado profissionalmente como letrista, aos 16 anos, fez de seguida um curso de design gráfico em Nova Iorque, após o qual passou a dedicar-se aos quadradinhos e à publicidade, no seu país natal.

No final dos anos 60 regressou aos Estados Unidos, tendo feito a sua estreia nos quadradinhos deste país como arte-finalista de Ric Estrada, na revista “Girl’s Love Stories”, da DC Comics, estrando-se como desenhador principal em 1970, na revista de terror “House of Mistery” #188.

Depois de uma década ligado à empresa SEGA, na área dos videojogos, o desenhador filipino regressou aos quadradinhos tendo assinado a sua última banda desenhada em 2010, a graphic novel “Jonah Hex – No Way Back”, lançada em simultâneo com o filme com o mesmo protagonista.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...