01/11/2012

AmadoraBD 2012 (V)


Um balanço
Feriado e segundo fim-de-semana











Se mais abaixo está a lista das sessões de autógrafos e das actividades previstas para hoje, feriado e também para o próximo fim-de-semana - quando estarão presentes Antonio Altarriba, Carol Tyler, Edmond Baudoin, Fabrice neaud e Justin Green - e aqui pode ser visto todo o programa, depois de ter estado no AmadoraBD 2012 no passado sábado, é altura de explanar as minhas impressões.
Que, quero dizê-lo desde já, globalmente são boas. Quer porque o nível atingido pelas exposições do festival é muito alto, quer porque houve este ano (coincidência ou opção assumida?) um passo no sentido de ultrapassar algumas das críticas que há anos lhe vinham a ser feitas.
Refiro-me, claro está, às duas exposições mais importantes (pelo menos no espaço ocupado): A Autobiografia: os vários rostos do Eu e Homem-Aranha, 50 anos de um mito. A primeira pelo potencial de atrair um público diferente, que por norma não lê BD, e a segunda por dedicar um espaço digno aos comics de super-heróis.
Passo então a analisar o festival deste ano sob diversos primas.

Divulgação
Este ano foi feita com mais tempo e reforçada regularmente, o que permitiu uma melhor divulgação do evento até à sua abertura. Falhou, no entanto, após a inauguração, quando devia haver um reforço junto dos meios de comunicação social, em especial destacando os convidados estrangeiros.

Estrutura
É a mesma do ano passado, o que não traz qualquer mal ao mundo, uma vez que é definida antes dos conteúdos que lá são colocadas e esta opção deve ter servido para poupar bom dinheiro. A questão é que assim, persistem os problemas do piso inferior: lojas demasiado fechadas, zona de autógrafos claustrofóbica e exposições escondidas.

Exposições
São o belo cartão-de-visita do AmadoraBD. Globalmente revelam um elevado grau de profissionalismo por parte dos responsáveis, combinando o lado espectacular da montagem e da cenografia e a exploração de cenas/objectos em 2D ou 3D, que agrada ao visitante comum, com os (muitos) originais expostos, que fazem a delícia dos amantes dos quadradinhos.
No conjunto, para além das três que pormenorizo a seguir, destaco as dedicadas a Ricardo Cabral, Victor Mesquita, Ana Afonso, Zep e Cyril Pedrosa.

Autobiografia: os vários rostos do Eu
Vocacionada para um público específico e mais conhecedor ou para quem procura leitura adulta na banda desenhada, apresenta um retrato bastante completo de uma temática que tem proporcionado algumas das obras mais estimulantes dos últimos anos. Baliza o nascimento do género com Justin Green e exemplifica múltiplas abordagens a aspectos tão diversos como a pessoa, o corpo, a família, a memória histórica ou os diários de viagem, num conjunto bastante apelativo, que poderia ter sido enriquecido (digo eu!) com uma referência mais consistente a obras recentemente editadas entre nós. Até para as divulgar.
Menos positiva foi a necessidade (apesar de tudo compreensível) do recurso a impressões digitais, em vez de originais, em muitos casos.

Homem-Aranha, 50 anos de um mito
Consegue congregar o aspecto espectacular da montagem, mais chamativo para o grande público, com a componente didáctica do friso cronológico do Aranha e com uma bela selecção de originais dos John Romita, Sr. e Jr., Larry Lieber, Sal Buscema, Mike Deodato, Keith Giffen, Humberto Ramos ou Klaus Janson, bem como dos portugueses Nuno Plati e Filipe Andrade (neste caso com originais inéditos!). Como cereja no topo do bolo, a presença de um exemplar da rara e valiosa Amazing Fantasy #15, onde o Homem-Aranha se estreou, guardado à vista por uma tarântula real!
Falta-lhe uma exposição a solo de Mike Deodato, justificada pela sua presença no passado fim-de-semana, e no pouco merchandising exposto.
A existência de (pelo menos) mais um convidado desta área temática teria sido igualmente uma boa opção.

Paulo Monteiro: autor em destaque
Esta é, possivelmente, a melhor exposição do 23º AmadoraBD. Assenta numa cenografia simples mas consistente com o registo íntimo do autor, e inclui muitos originais, material preparatório e objectos pessoais que permitem espreitar um pouco a pessoa existente sob o autor.

Convidados
Foi bom reencontrar tantos autores nacionais, embora muitos apenas de passagem. Gostei de conhecer Cyril Pedrosa. Sapin foi de uma enorme simpatia. Lamento não ter conseguido chegar a Mike Deodato. Gostaria de viver mais perto para estar com António Altarriba, Baudoin e Zep.
Sendo compreensível a aposta nos que estão ligados à autobiografia – Justin Green, carol Taylor, Fabrice Neaud, Caeto, Dominique Goblet… - faltou, mais uma vez, um daqueles nomes grandes, capaz por si só de atrair visitantes e mais atenção mediática.

Sessões de Autógrafos
Era tempo de as sessões de autógrafos levarem uma volta. Obrigação de apresentação de livro e não de folhas avulsas seria uma medida que potenciaria a leitura; a existência de uma banca com os livros dos autores em presença junto destes seria outro aspecto a considerar, no sentido de divulgar essas mesmas obras.
E, claro, colocar os autores numa zona aberta onde teriam maior visibilidade.

Zona comercial
Por muito que se goste e defenda tudo o resto, como lembrava o Nuno Amado em conversa no sábado, para haver BD – e autores, e festivais - é necessário haver livros e quem os compre. O festival tem falhado sucessivamente na promoção dos livros. A zona comercial devia ser mais aberta e ter maior visibilidade. Os autógrafos deviam implicar a compra de livros. Os livros deviam estar à venda junto dos autores que os autografam. Sei que estou a repetir-me, mas não acho que seja demais.
Posto tudo isto, posso estar enganado, mas a oferta pareceu-me menor este ano em quase todos os stands…

Visitantes
Foram poucos no sábado e, segundo li, ainda menos no domingo. Pode ser apenas da habitual inacção lusa, à espera dos últimos dias, mas é pena. O AmadoraBD 2012 merece e justifica mais. Hoje é um bom dia para ir lá. Porque sim.

Apresentações e encontros
Quinta-feira, 1 de Novembro
16h00
Lançamento do livro Iron Man: Extremis, da colecção Heróis Marvel Série II, com histórias de Nuno Plati e Filipe Andrade, com Filipe Andrade, João Miguel Lameiras, José de Freitas e responsável da Editora Levoir

Sábado, 3 de Novembro
15h00
Apresentação de As Aventuras Interactivas de Dog Mendonça e das histórias de Dog Mendonça e Pizza Boy para a editora Dark Horse, com a presença de Filipe Melo e João Miguel Lameiras

16h00
Apresentação do livro Zona Desenha, Associação Tentáculo, com a presença de diversos autores

Domingo, 4 de Novembro
15h00
Encontro/debate sobre o tema BD, Arte Urbana e Património com Sílvia Câmara, da Galeria de Arte Urbana da CMLx e Nelson Dona, director do AmadoraBD.

16h00
A BD Portuguesa e a Iniciativa 2013, com André Oliveira (Zona), Inês Fonseca Santos (Câmara Clara), Maria José Pereira (ASA), Mário Freitas (Kingpin Books) e Nuno Amado (Leituras de BD)

17h00
Encontro/debate com Edmond Baudoin, moderado por Pedro Mota

18h00
Encontro/debate com Victor Mesquita, sobre o Processo Criativo dos livros Eternus 9 - Filho do Cosmos e A Cidade dos Espelhos, moderado por Pedro Mota


Visitas Guiadas
Quinta, 1 de Novembro
10h30 — 11h30
A Cenografia da exposição Paulo Monteiro, com Catarina Pé-Curto

11h30 – 12h30
A Cenografia da exposição de Victor Mesquita, com Carlos Farinha

17h00 — 18h30
O 23º AmadoraBD, com Pedro Mota

18h30 — 19h30
A exposição Eternus 9, com Victor Mesquita, por Pedro Mota

Domingo, 4 de Novembro
10h30 — 13h00
O 23º AmadoraBD, com Nelson Dona, Director do Festival

16h00 – 17h00
A exposição Paulo Monteiro, autor em destaque, com Paulo Monteiro, por Pedro Mota

18h00 — 19h30
Exposição Os Vários Rostos do Eu, com Justin Green, por Pedro Mota

Sessões de autógrafos
Quinta-feira, 1 de Novembro
15h00
António Gomes de Almeida
Artur Correia
Fernando Relvas
Filipe Andrade
João Amaral
Sama
Victor Mesquita

16h00
Fernando Relvas
João Amaral
João Mascarenhas
João Miguel Tavares
Nuno Saraiva
Sama
Victor Mesquita

17h00
Fernando Relvas
Filipe Andrade
João Amaral
João Mascarenhas
João Miguel Tavares
Miguel Peres
Nuno Saraiva
Sama
Victor Mesquita

18h00
Fernando Relvas
Filipe Andrade
João Amaral
João Mascarenhas
João Miguel Tavares
José Ruy
Miguel Peres
Nuno Saraiva
Sama

Sábado, 3 de Novembro
15h00
Carol Tyler
Daniel Henrique
Daniel Maia
Edmond Baudoin
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
José Garcês
José Matos-Cruz
Marco Mendes
Justin Green
Miguel Santos
Paulo Marques
Pedro Brito
Sama
Susana Resende

16h00
Carol Tyler
Catherine Labey
Daniel Henrique
Daniel Maia
Edmond Baudoin
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
Filipe Melo
João Mascarenhas
José Garcês
José Matos-Cruz
Justin Green
Marco Mendes
Miguel Santos
Pedro Brito
Sama
Susana Resende

17h00
Carol Tyler
Catherine Labey
Daniel Henrique
Daniel Maia
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
Filipe Melo
Geral & Derradé
João Mascarenhas
Jorge Magalhães
José Matos-Cruz
Justin Green
Sama
Susana Resende


Domingo, 4 de Novembro
15h00
António Jorge Gonçalves
Bruno Ma
Edmond Baudoin
Fernando Relvas
João Amaral
João Maio Pinto
José Ruy
Marco Mendes
Paulo Marques
Paulo Monteiro
Sama
Victor Mesquita

16h00
António Jorge Gonçalves
Bruno Ma
Carol Tyler
Edmond Baudoin
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
João Amaral
João Maio Pinto
João Mascarenhas
José Ruy
Justin Green
Marco Mendes
Rui Lacas
Sama
Victor Mesquita

17h00
Carol Tyler
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
João Amaral
João Maio Pinto
João Mascarenhas
José Ruy
Justin Green
Marco Mendes
Miguel Peres
Paulo Monteiro
Rui Lacas
Sama
Victor Mesquita
Yara Kono

18h00
Fabrice Neaud
Fernando Relvas
João Amaral
João Mascarenhas
José Ruy
Miguel Peres
Rui Lacas
Sama
Yara Kono

AmadoraBD Júnior
Pinturas Faciais e Modelagem de balões
Sábados, domingos e feriado
das 10h30 às 12h30 e das 16h00 às 18hh00

Oficina de Origami
Pretende-se com esta oficina iniciar os formandos na arte ancestral japonesa de dobragem de papel: entender o conceito de origami e conseguir executar diferentes tipos de origami.
Sábados, domingos e feriado
das 10h30 às 12h30 e das 15h00 às 18h00

Atelier de Cinema de Animação
Dar a conhecer as técnicas de cinema de animação, dando a oportunidade da experimentação aos participantes produzindo um pequeno filme.
Descrição:
Jogos ópticos:
- Exercício 1: Animação em tiras de papel para Zootrópio (desenho)
- Exercício 2: Animação em pixilação
- Exercício 3: Animação directa sob a câmara, com recortes e objectos
3 e 10 de Novembro, das 10:30 às 12:30

Hora do Conto
28 de Outubro e 4 de Novembro
10h30
O Macaco do Rabo Cortado, de António Torrado e Maria João Lopes (Civilização Editora)

Atelier Baralho de Contos
27 de Outubro, 3 e 10 de Novembro
das 10h30 às 12h30
Vamos explorar o universo dos contos infantis e juntar os ingredientes necessários à criação de uma história. Aqui podemos reinventar o mundo!
Escolhemos o cenário e as personagens, podemos pôr pinguins numa floresta ou camelos no polo norte. Escolhemos a acção e o final. Registamos a ideia no papel e, para terminar, vamos ver a nossa história em movimento. Até parece magia.
Baseado no livro O Lobo Prateado, de Isabel Alçada, Ana Maria Magalhães e Ana Afonso (Caminho)

Atelier(es) Picassa-te!
28 de Outubro, 4 e 11 de Novembro
das 10h30 às 12h30
Pablo Picasso esteve na origem do movimento cubista. Através do desenho, experimentou registar no plano (2d) o movimento e o volume do que é tridimensional (3d).
Tens curiosidade de perceber como é que ele o fazia? Gostavas de saber mais sobre a vida deste grande mestre? Vamos conhecer um pouco mais este artista.
Baseado no livro Paris na Primavera com Picasso,
de Joan Yolleck e Marjorie Priceman (Gradiva)

31/10/2012

Melhores Leituras

Outubro 2012

Golias #1 Le Roi Perdu  (Le Lombard)
Serge Le Tendre e Jêrome Lereculey

O gato do rabino #4/#5 – Paraído Terrestre/Jerusálem de África (ASA)
Joann Sfar

12 - A doce (ASA)
François Schuiten

Captain América - El hombre que compró América
(Panini Comics Espanha)
Ed Brubaker, Steve Epting, Mike Perkins, Roberto de la Torre, Rick Magyar, Fabio Laguna e Frank D’Armata

Bruce J. Hawker - Intégrale #1 (Le Lombard)
William Vance

Punisher - El invierno morto (Panini Comics Espanha)
Greg Rucka, Marco Checchetto, Matthew Clark, Mathew Southworth, Michael Lark, Mirko Colak, Max Fiumara e Stefano Gaudiano

Daytripper (Panini Comics Brasil)
Gabriel Bá e Fábio Moon

Un printemps à Chernobyl (Futuropolis)
Emmanuel Lepage

Três sombras (Polvo)
Cyril Pedrosa

30/10/2012

Auto Grafia – O nome do pai













Topedro
Ar.Ed (Portugal, 2012)
150 x 230 mm, 60 p., pb, brochado
7,00 €



Este é um relato sobre a(s) memória(s) (da infância…) – sobre o pouco que recordamos delas… - e sobre a forma como essas vivências – cujas memórias são escassas… - nos marcaram de forma indelével e fizeram de nós (quase tudo) o que somos hoje.
Memórias quantas vezes mitificadas, transformadas pelo passar do tempo e a nossa imaginação, despojadas dos pormenores incómodos ou então carregadas com o que de mais negativo retivemos.
Memórias, neste caso, associadas a deslocações e viagens: a pé e de bicicleta, numa primeira parte mais conseguida e sólida – mais emotiva; depois ao ritmo dos muitos automóveis conduzidos, numa segunda parte mais etérea, talvez porque mais próxima.
Memórias narradas por António Pedro na primeira pessoa, de forma directa, com economia de meios, com texto e vinhetas distribuídos de forma harmónica pelas páginas.
E que, apesar de serem um exercício pessoal, assumem em paralelo um tom documental pela forma como o percurso do narrador se cruza com o retrato sequencial deste país em que vive(u), o que possibilita que algumas dessas memórias – carros a pedais, a casada avó, as visitas à terra, a escola, as idas à missa, a passagem pela Mocidade Portuguesa, os excessos libertários do pós-25 de Abril… - sejam comuns a alguns dos  potenciais leitores, em especial aos nascidos nas décadas de 1950/1960.
Por tudo isto e, também porque é tempo de autobiografia no AmadoraBD, esta é uma leitura aconselhável de um autor que se tem desdobrado numa ânsia criativa e na multiplicação de edições próprias, cuja descoberta pode proporcionar algumas boas surpresas.




29/10/2012

Batman – O filho do demónio













Mike W. Barr (argumento)
Jerry Bingham (desenho)
Panini Comics (Brasil, 15 de Outubro de 2012)
205 x 275 mm, 92 p., cor, cartonado
R$ 17,90



Resumo
Para fazer face a um atentado terrorista em preparação, Batman alia-se a um dos seus maiores inimigos, Ra’s al Gul, mesmo que isso implique treinar os seus homens e mesmo casar com a sua filha Tália.

Desenvolvimento
Esta é uma das muitas graphic novels de Batman surgidas nos anos 1980/90 na esteira do sucesso de “The Dark Night Returns”, de Frank Miller.
(Re)lida hoje, mais de 20 anos passados, denota alguma ingenuidade narrativa e alguns hiatos temporais mal explicados, mas tem aspectos interessantes, como a planificação dinâmica e muito ágil de Jerry Bingham, os pontos de contacto entre o terrorista e Batman ou o retrato diferente deste último, mais humano no duplo papel de amante amoroso (capaz de abandonar Gotham e a sua missão para estar com Talia) e de vingador implacável.
Para além disso, surpreende pela (relativa) ousadia de algumas cenas íntimas - incomuns num comic mainstream -, pelo seu tom violento – em especial nas páginas introdutórias – e pela incómoda actualidade do tema: um atentado terrorista patrocinado por uma nação da zona mediterrânica, quando era a Guerra Fria (nos seus últimos estertores) que na época assombrava as nações…
Uma referência ainda, a título de curiosidade, para as breves aparições de Mikahil Gorbachev e Ronald Reagan
No entanto, o aspecto mais importante desta obra agora reeditada é mostrar como foi gerado o filho que Grant Morrison recuperou do limbo e, na reconstrução do mito do Homem-Morcego, transformou em Damian, o actual Robin

Nota Final
Confesso que não (re)li este “O Filho do Demónio” na edição actual da Panini – por isso não posso avaliar a sua qualidade gráfica nem os extras nela incluídos que, no entanto, têm sido unanimemente louvados
Curioso por esta reedição fui “desenterrar” o meu “O Filho do Demónio” da colecção “Graphic Novel”, que a Editora Abril manteve entre o final da década de 1988 e o início da década de 1990, num formato próximo do A4 (apesar de um ou outro número em tamanho comic-book) que na época deslumbrava quando comparado com o habitual formatinho.
O conteúdo era interessante e heterógeneo. Em termos de super-heróis, para além deste Batman, incluiu também “X-Men - O conflito de uma raça” (de Claremont e Brent Anderson), “Demolidor - “Amor e Guerra” (Miller/Sienkiewicz), “A morte do capitão Marvel” (Starlin), “Surfista Prateado” (Stan Lee/Moebius) ou “Batman – A Piada Mortal” (Moore/Bolland).
A outro nível e/ou de outras paragens aos quadradinhos, merecem clara referência “O Edifício” (Will Eisner), “Rocketeer” (Dave Stevens), “A Morte de Groo” (Evanier/Aragonés), “Blanche Epifany” (Lob/Pichard), “Blueberry” (Charlier/Giraud) ou “Frank Cappa – Viet-Song” (Sommer).


Os Materiais na Banda Desenhada


28/10/2012

Tarzan nasceu há 100 anos

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há 100 anos, a selva ouviu pela primeira vez o grito poderoso de Tarzan, um selvagem branco, filho de um nobre inglês, criado por gorilas.
 
A sua origem, narrada em Tarzan of the Apes, publicado em episódios na revista All-Story Magazine a partir de Outubro de 1912 e editado em livro em 1914, é bem conhecida: durante um motim, os revoltosos desembarcaram na costa africana um nobre inglês, John Greystoke, e a sua esposa, que estava grávida. Meses depois, ela morreria ao dar à luz um menino. O mesmo aconteceria com o marido, passadas algumas semanas, durante um ataque de gorilas que levaram consigo o bebé.
Tarzan – “pele branca” na linguagem dos símios – cresceria no seu meio, como um selvagem. Já na adolescência, encontrou a cabana que o pai tinha construído, aprendendo a ler nos seus livros e compreendendo porque era diferente de Kala, a sua mãe adoptiva e dos outros gorilas. Após derrotar o líder do seu bando, tornou-se no senhor da selva, respeitado pelos animais e temido pelos indígenas. Anos mais tarde, uma expedição que procurava o pai encontrou-o; foi assim que conheceu a bela Jane, que se tornaria sua companheira.
Edgar Rice Burroughs (1875-1950), que os correios norte-americanos acabam de homenagear com a emissão de um selo de correio alusivo a este centenário, para além de criador de outras sagas extraordinárias, como John Carter de Marte ou Pellucidar, o mundo pré-histórico no centro da Terra, fez Tarzan viver novas aventuras ao longo de mais de duas dezenas de romances, desenvolvendo o universo do mito que o cinema e a BD se encarregariam de alargar e tornar mais popular.
 
Foi para o grande ecrã que Tarzan saltou primeiro, logo em 1918, em Tarzan of the Apes, da National, filme mudo protagonizado por Elmo Lincoln. Para ouvir o senhor da selva gritar a plenos pulmões foi necessário esperar até 1932, quando Johnny Weissmuller, contracenando com a sensual Maureen O´Sullivan (Jane), se estreou em Tarzan of the Apes, da Metro-Gwoldin-Mayer. Weissmuller, campeão olímpico de natação, protagonizaria mais 11 filmes, até final da década de 1940, destacando-se posteriormente as interpretações de Lex Barker e Gordon Scott.
No total foram 53 os filmes de Tarzan, entre as quais se conta a versão animada da Disney, de 1999. Actualmente, há notícias não confirmadas de duas novas versões cinematográficas, associadas a nomes de peso. Uma delas, da Warner Bross., teria David Yates como realizador, depois de três filmes de Harry Potter, e Tarzan seria interpretado pelo multi-campeão olímpico Michael Phelps que, depois das 22 medalhas conquistadas, seguiria assim o percurso de Weissmuller; a outra, da Summit Entertainment, reuniria de novo Reinhard Klooss e Kellan Lutz, depois da experiência conjunta na saga Crepúsculo.
 
Quanto à banda desenhada, só “descobriu” Tarzan em 1929, quando Joseph H. Neebe encarregou um certo Hal Foster de desenhar uma adaptação do romance original de Burroughs (editada em português pela Libri Impressi). Foster, que desenhou ainda as páginas dominicais de Tarzan entre 1931 e 1937, viria a tornar-se mundialmente famoso como criador do Príncipe Valente.
Foram inúmeros os desenhadores que se encarregaram das aventuras aos quadradinhos do senhor da selva, destacando-se Burne Hogarth, pela qualidade anatómica e dinamismo do traço, Russ Manning pelo desenho limpo e agradável, e Joe Kubert , responsável pela versão mais dura e agreste de Tarzan.
Estreados em Portugal nas páginas do Diabrete, em 1941, os quadradinhos de Tarzan, que nos anos 50 chegaram a ser proibidos pelos Serviços de Censura, marcaram também presença no Cavaleiro Andante e no Mundo de Aventuras, tendo mesmo protagonizado diversas revistas com o seu nome.
 
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2012)
 

Selos & Quadradinhos (90)

Stamps & Comics / Timbres & BD (89)


Tema/subject/sujet: Edgar Rice Burroughs e Tarzan
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2012

27/10/2012

Leituras Novas


Outubro  de 2012

ASA
Portugal
Cyril Pedrosa
Prémio FNAC para o melhor álbum,  Angoulême 2011
Melhor BD do ano,  LE POINT
Prémio Sheriff d’or, atribuído pela livraria francesa Espirit, 2011
Prémio melhor BD, atribuído pelas livrarias de BD francesas em 2011
Simon Muchat é um desenhador de banda desenhada que se encontra em plena crise. Depois do êxito do seu primeiro livro,
sofre um bloqueio que o impede de voltar a escrever, e que está a destruir tudo: o seu trabalho, a sua vida pessoal, a sua relação, as suas ilusões…
Quando tudo parece desmoronar-se e ter perdido o sentido, Simon recebe um convite para se deslocar ao Festival de Banda Desenhada da Sobreda, em Portugal, país do qual a sua família é originária e onde tinha passado vários verões durante a sua infância.
Em Portugal e através dos seus cheiros, cores, língua e gentes, descobrirá uma outra forma de existir, de pensar e de ser, uma nova abordagem vital que virá a converter-se numa nova fonte de inspiração, pessoal e profissional.

Dragon Ball #18
Akira Toryiama
Gohan e Piccolo
  Diz a lenda que quem juntar as sete “Dragon balls” poderá pedir um desejo a Shenlong. Son Goku, um jovem praticante de artes marciais, juntou-se a Bulma, uma rapariga da cidade e juntos partiram em busca delas. Depois de ter obtido o segundo lugar, por duas vezes consecutivas, no grande torneio de artes marciais, tem agora de percorrer três milhões de quilómetros do caminho da Serpente para encontrar o Senhor do Mundo, que lhe irá ensinar técnicas de artes marciais tão poderosos que estão reservadas aos Deuses! E é bom que se despache, pois só faltam nove meses até que os malvados Saiyans, Vegeta e Nappa, cheguem para destruir toda a vida do planeta Terra.
 
Cinzas da Revolta
Miguel Peres e Jhion
Angola, 1961. Um grupo de rebeldes ataca uma fazenda. Os donos são mortos, mas a filha consegue escapar…
 1963. Chegamos a Angola. Somos um contingente militar formado na sua maioria por jovens inexperientes. A guerra amedronta-nos. A nossa missão é encontrarmos a rapariga desaparecida em 61…
1966. O inesperado acontece… Afinal, qual o porquê de tantos anos perdidos na busca de uma única pessoa?

Pessoa & Cia
Laura Pérez Vernetti
Este livro apresenta a vida e obra de Fernando Pessoa em BD. Trata-se da adaptação dos poemas deste autor português bem como dos seus heterónimos mais conhecidos. O livro divide-se essencialmente em duas partes: as biografias e a obra poética de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos.  A biografia do autor está desenhada a preto e branco, inspirada nas fotografias do poeta e na pintura de Almada Negreiros, bem como as biografias dos heterónimos, enquanto na adaptação dos poemas de Pessoa e dos heterónimos os desenhos são a cores de forma a ilustrar a grande criatividade e imaginação do poeta.

Lucky Luke – Todos por conta própria
Pennac, Benacquista e Achdé
Após o bando ter falhado um assalto, Jack, William e Averell decidem emancipar-se e destituir Joe do cargo de “líder” dos Dalton. A partir de agora, cada um dos irmãos deverá passar a agir sozinho e por conta própria. O primeiro que conseguir juntar um milhão de dólares, terá o direito de se tornar o novo líder dos Dalton.
Edição simultânea com França.


Associação Tentáculo
Zona Desenha
André Caetano, André Lima Araújo, António Valjean, Carla Rodrigues, Carlos Páscoa, Fil, Filipe Andrade, Joana Afonso, Luís Figueiredo, Manuel Alves, Miguel Santos, Osvaldo Medina, Pedro Carvalho, Ricardo Reis, Ricardo Venâncio, Richard Câmara, Rui Alex, Rui Lacas, Xico Santos
A Zona Desenha será lançada durante o Festival Internacional de BD da Amadora.
Este número terá 88 páginas a preto e branco, dando relevância à arte do desenho.
Em relação ao formato normal da Zona apresenta algumas alterações: cada autor apresenta o seu trabalho em 4 páginas, onde desenvolve um trabalho original em duas das páginas e nas outras duas mostra o seu processo de trabalho através de algumas fotos e uma pequena entrevista.




Booktree
O Mundo de Garfield
Jim Davis

Este é um livro para todas as idades – uma leitura divertida e bem humorada de algumas das peripécias do gato mais famoso do mundo.
Um verdadeiro sucesso agora à disposição do público português e da imensa legião de admiradores que há muito vinham solicitando a edição de luxo, em versão cartonada, das divertidas histórias de Garfield e amigos. Estão aqui reunidas mais de 850 tiras humorísticas, publicadas pela primeira vez em Portugal, com a assinatura inconfundível de um dos cartoonistas mundialmente mais aclamado em todo o mundo – o norte americano Jim Davis.
Garfield é um felino muito especial – adora lasanha, não dispensa o seu café diário, dorme até tarde, detesta segundas-feiras, odeia dietas e adora fazer a vida negra ao seu dono Jon e arreliar Odie, o cão.
Uma leitura obrigatória para quem aprecia um momento irresistível de pura diversão! Garfield é das personagens mais admiradas e mundialmente conhecidas. Goza de reconhecimento instantâneo junto do grande público, por ambos os sexos, por todas as idades, com um elevado índice de aceitação em termos de valores familiares.
Garfield é publicado em 2.570 jornais no mundo inteiro, traduzido em 26 línguas e lido diariamente por 263.000.000 de pessoas – número recorde assinalado pelo Guinness.
Mais de 130.000.000 de livros vendidos no mundo inteiro, mais de 50 mil admiradores acedem diariamente ao seu site oficial em www.garfield.com e mais de 3 milhões juntaram-se já ao famoso gato no facebook.


Documenta
Bem Dita Crise!
António Jorge Gonçalves
Quando, em 2003, António Jorge Gonçalves foi desafiado pela equipa do “INIMIGO PÚBLICO” para ser cartoonista editorial no projecto que então nascia, ficou perplexo: pouco no seu percurso como desenhador de ficção o tinha preparado para ser mais um treinador de bancada da imprensa portuguesa.
Num estilo cru, simples e elegante, os cartoons que tem desenhado semanalmente durante os últimos 9 anos versam temas nacionais e internacionais, da política institucional ao comentário de género, e constituem um mosaico do mundo tal como nos é servido pelos media à mesa das nossas consciências.
Alguns destes cartoons foram publicados na revista COURRIER INTERNACIONAL, jornal LE MONDE, e em colectâneas nacionais e internacionais, tendo integrado exposições e festivais em todo o mundo.
Foram também premiados diversas vezes no WORLD PRESS CARTOON.
Neste livro, que tem como pano de fundo a crise que atravessamos, os desenhos são complementados por notas do autor sobre a natureza do desenho de imprensa, a proveniência das ideias, ou os excessos da realidade.


Edição de Autor
Estrelinha… e outras páginas
José Abrantes


Auto Grafia - O nome do pai
Tópedro


Kingpin Books
O Baile
Nuno Duarte e Joana Afonso
1967. Incumbido de investigar relatos macabros sobre uma horda de pescadores mortos que voltam para apavorar uma pequena vila costeira, o Inspector Rui Brás, da PIDE, é enviado para impor a sanidade e o silêncio recomendáveis, a meses de uma importante visita papal.
Acometido por medos e dúvidas quanto ao rumo da sua própria carreira, Rui descobre que os relatos sobre a vila são bem reais e o horror bem palpável. Dividido entre um padre deslocado e resignado, e uma mulher desequilibrada acusada de invocar os mortos, o inspector acaba por entrar num “baile” de actos e consequências nefastas que poderá arrastar toda a vila para um desenlace trágico.
Dois anos depois de “A Fórmula da Felicidade” (nomeado para 6 Prémios Amadora BD), NUNO DUARTE (Produções Fictícias) regressa com mais uma história repleta de emoção e surpresas, desenhada e colorida com o estilo inconfundível de JOANA AFONSO (vencedora do concurso Amadora BD 2011), o novo prodígio da BD portuguesa.


Levoir/Público
Heróis Marvel
Quarteto Fantástico - Em Busca de Galactus
Marv Wolfman, Keith Pollard, Sal Buscema e John Byrne

Nick Fury - Agente da Shield
Stan Lee,  James Steranko e Jack Kirby

Heróis Marvel – série II
Dinastia de M
Brian Michael Bendis, Olivier Copiel e Tim Towsed

X-Men: A Saga da Fénix Negra
Chris Claremont e John Byrne


Medikidz
Medikidz explicam a esclerose múltipla
Kim Chilman-Blair e Ian Rilmer


pedranocharco
BDJornal #29

4 – AS EXTRAORDINÁRIAS AVENTURAS DE DOG MENDONÇA E PIZZABOY – UMA INJECÇÃO DE ÂNIMO NO MORIBUNDO MERCADO DA BD PORTUGUESA?, J. Machado-Dias
6 – AS INCRÍVEIS AVENTURAS DE DOG MENDONÇA E PIZZABOY, Pedro Cleto
9 – ENTREVISTA COM FILIPE MELO, J. Machado-Dias
12 – ENTREVISTA COM JUAN CAVIA, J. Machado-Dias
18 – JEAN GIRAUD-MOEBIUS – A FITA DE MOEBIUS
19 – “DUAS VIDAS” DEDICADAS À BANDA DESENHADA, J. Machado-Dias
51 – BIBLIOGRAFIA DE JEAN GIRAUD-MOEBIUS
56 – HOMENAGES – DEPOIMENTOS, J. Machado-Dias
57 – O NOSSO PEQUENO TRIBUTO A JEAN GIRAUD-MOEBIUS
66 – E RELUZIAM AS ESTRELAS – A VIDA ANIMADA POR JOSÉ ABEL, Leonardo de Sá
74 – RECORDANDO JOSÉ ABEL, João Miguel Lameiras
78 – CENTENÁRIO DO SALÃO DOS HUMORISTAS PORTUGUESES 1912-2012, Osvaldo Macedo de Sousa
86 – SALÃO DOS HUMORISTAS PORTUGUESES – 1º SALÃO DE CARICATURA, Leonardo De Sá
89 – ADOLFO RODRÍGUEZ CASTAÑÉ – A SUA BIOGRAFIA VERDADEIRA,
Leonardo De Sá
93 – UM FURINHO NA PAREDE, Sara Figueiredo Costa
94 – LES AMIS DE PANCHO VILLA, Pedro Cleto
95 – L´ÎLLE AU TRÉSOR, Pedro Cleto
96 – PABLO #1. MAX JACON, Pedro Cleto
97 – YESHUAH, Pedro Cleto
98 – UN OBJECT CULTUREL NON IDENTIFIÉ (THIERRY GROENSTEEN),
Pedro Vieira Moura
98 – LA BANDE DESSINÉE – MODE DÉMPLOI (THIERRY GROENSTEEN),
Pedro Vieira Moura
99 – BANDE DESSINÉE ET NARRATION – SYSTÈME DE LA BD (2) (THIERRY GROENSTEEN), Pedro Vieira Moura
102 – AOS MESTRES COM CARINHO: ZALLA E SETO LEMBRADOS EM BELÍSSIMOS DOCUMENTÁRIOS, Edgar Smaniotto
103 – AS ERAS DE OURO, PRATA E BRONZE DOS QUADRINHOS DE SUPER-HERÓIS, Edgar Smaniotto
104 – APONTAMENTOS SOBRE DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL, Walmir Santos
106 – GOBLET NO MAB, Nuno Franco
107 – FABIO CIVITELLI NO MAB INVICTA, José carlos Francisco
109 – BD – A PRESA. Arg. Mauro Boselli, Des. Fabio Civitelli
117 – DESENHADORES DE TEX (2), J.Machado-Dias
122 – AMADORA BD 2011 – O ANO DA CRISE, Diogo Campos
123 – SOBRE FESTIVAIS, João Ramalho-Santos
126 – VIII FESTIVAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA – TENDÊNCIAS PARA O FUTURO, Diogo Campos
128 – ENTREVISTA COM PAULO MONTERO, André Oliveira
130 – IBERANIME LX 2012, Pedro Trabuco
  


Polvo
Três sombras
Cyril Pedrosa
Joaquim vive despreocupadamente no seu mundo, juntamente com os seus pais. Mas, uma noite, com o sono a demorar, apercebem-se de umas sombras que parecem estar à espera de algo, na colina em frente à casa. Surgem sob a forma de três cavaleiros e desvanecem-se assim que alguém se aproxima. Estas “coisas” estão ali por Joaquim.
Terá o seu pai razão ao querer afrontar o inevitável? A partir daqui inicia-se uma viagem singular, perigosa e comovente...
UMA OBRA TERNA E POÉTICA, premiada no Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême (França).


 (Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras)
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