A obra aos quadradinhos
Júlio Resende, um dos grandes pintores portugueses contemporâneos, de obra (re)conhecida, faleceu ontem e vai ser muito falado por estes dias. Aqui, nas minhas Leituras, quero evocar uma faceta menos conhecida da sua obra, as histórias aos quadradinhos que fizeram parte do seu percurso artístico durante quase duas décadas.
A sua estreia no género deu-se nas páginas do Jornal de Notícias, a 26 de Fevereiro de 1933, no suplemento infantil “Para os Pequeninos”, contava o futuro mestre 17 anos. No mesmo espaço, aliás, fizera a sua estreia impressa, dois anos antes, em 25 de Dezembro.
Nos anos seguintes, a sua criação nesta área, já para jornais diários e semanários infantis, a par da produção de desenhos publicitários, intensificou-se, em boa parte pela necessidade de fazer dinheiro para ajudar a pagar o seu curso na Escola de Belas-Artes do Porto.
Tendo passado, de forma breve pelo “Tic-tac”, estreou-se nas páginas de “O Papagaio” no final de 1935 com “Coisas que Acontecem”, BD humorística que foi também a primeira colaboração com o irmão, António Resende Dias, que escreveria muitos dos argumentos que desenhou. Naquela revista, onde Tintin se estreou em Portugal e em cujos programas radiofónicos participou como animador, tanto assinou Júlio Resende como Júlio Rezende, só Resende, J.R. ou Dyas, tendo publicado mais de três de dezenas de histórias aos quadradinhos, curtas ou em continuação. Entre elas uma adaptação de Robinson Crusoé, num estilo semi-realista, e a história completa publicada numa separata no número especial de Natal de 1938, que faz dele um dos mais raros do papagaio.
É no entanto o humor que marca a maior parte das suas criações, que na maior parte dos casos continuam a ler-se com bastante agrado nos nossos dias, destacando-se as diversas aventuras de Freitas e Arrepiado, protagonistas, nos mais diversos géneros, de títulos como “Volta ao Mundo numa banheira”, “Arrepiado e Freitas cow-boys” ou “À Procura da Goma Arábica”.
Outra das suas criações mais celebradas aos quadradinhos é a dupla Matulinho e Matulão, protagonistas de peripécias e desgraças nas páginas de O Primeiro de Janeiro, entre 1942 e 1952.
Na sua base estão as birras do miúdo, mimado e caprichoso, que faz a vida negra ao seu paciente padrinho até ele lhe satisfazer as mínimas vontades. O grafismo de Júlio Resende nesta fase é bem mais depurado, como bem ilustra a figura do miúdo, cuja “cabeça e o chapéu à marujo” formam “progressivamente uma unidade indissociável, que lembra uma paleta de pintor”, como escrevem João Paulo Paiva Boléo e Carlos Bandeiras Pinheiro no catálogo “Das Conferências do Casino à Filosofia de Ponta”.
Naquele jornal, Júlio Resende colaborou também com desenhos infantis, cartoons e construções de armar e ilustrou os célebres calendários de Matulinho e Matulão, que sobreviveram às bandas desenhadas e duraram até aos anos 70.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Setembro de 2011)
22/09/2011
Júlio Resende (1917-2011)
21/09/2011
CBD 2011 (II)
1as Conferências de Banda Desenhada em Portugal
Programa
Dia 22 de Setembro, Quinta-Feira
9h30
Apresentação das Conferências e Convidados
Discursos dos convidados internacionais
David Kunzle, “Rodolphe Töpffer, Diletante” (em língua inglesa)
Thierry Groensteen, “Patchwork de estilos: o fim do dogma da homogeneidade gráfica” (em língua francesa)
11h30
Intervalo
11h50
1ª Parte das apresentações: O Artefacto Literário
Maria Cristina Álvares, “A figura do herói na bd franco-belga clássica”
Daniel Seabra Lopes, “Na margem da aventura: Pratt”
Alexandra Dias, “O Diário de K. e a Intertextualidade”
13h00
Pausa para almoço
14h30
2ª Parte das apresentações: Disciplina e Indisciplina
Cláudia Pinto, “Marvels e Kingdom Come: A Re-Mitificação da América”
José Marmeleira, “Vãs epifanias: rock e banda desenhada”
Helena Berardo, “Uma leitura feminista de O Vagabundo dos Limbos”
15h50
Intervalo
16h10
Mesa-redonda: Grupo de Investigação de Banda Desenhada
Dia 23 de Setembro, Sexta-Feira
10h00
3ª Parte das apresentações: Lógicas de Território
Sara Figueiredo Costa, “Castelao e o galeguismo”
Nuno Marques, “In The Shadow of No Towers e M-11 La Novela Grafica como momentos de silêncio entre o ruído da tragédia”
João Miguel Lameiras, “Era uma vez na Argentina: entre o esquecimento e a memória”
11h00
Intervalo
11h20
4ª Parte das apresentações: Ciência e Banda Desenhada
João Ramalho Santos, “Ciência e Banda Desenhada”
João Mascarenhas, “Tintin, a aventura na Lua, o conhecimento científico e a bd”
12h00
Pausa para almoço
14h00
5ª Parte das apresentações: Autores Portugueses
João Caetano, “Lugares de Fronteira: Carlos Alberto Santos”
Conceição Pereira, “Arte fragmentada (José Carlos Fernandes)”
Álvaro Matos, “Política e bd na I República”
15h00
Intervalo
15h20
6ª Parte das apresentações: Limites e Experimentação
Pedro Moura, “Elementos estéticos em The Cage, de Martin Vaughn-James”
Diniz Conefrey, “Percepção narrativa no advento da bd abstracta”
Domingos Isabelinho, “A banda desenhada portuguesa no campo alargado: do O Escritor a A História Dramática de um Ovo”
16h40
Encerramento das Conferências
A entrada é livre.
Programa
Dia 22 de Setembro, Quinta-Feira
9h30
Apresentação das Conferências e Convidados
Discursos dos convidados internacionais
David Kunzle, “Rodolphe Töpffer, Diletante” (em língua inglesa)
Thierry Groensteen, “Patchwork de estilos: o fim do dogma da homogeneidade gráfica” (em língua francesa)
11h30
Intervalo
11h50
1ª Parte das apresentações: O Artefacto Literário
Maria Cristina Álvares, “A figura do herói na bd franco-belga clássica”
Daniel Seabra Lopes, “Na margem da aventura: Pratt”
Alexandra Dias, “O Diário de K. e a Intertextualidade”
13h00
Pausa para almoço
14h30
2ª Parte das apresentações: Disciplina e Indisciplina
Cláudia Pinto, “Marvels e Kingdom Come: A Re-Mitificação da América”
José Marmeleira, “Vãs epifanias: rock e banda desenhada”
Helena Berardo, “Uma leitura feminista de O Vagabundo dos Limbos”
15h50
Intervalo
16h10
Mesa-redonda: Grupo de Investigação de Banda Desenhada
Dia 23 de Setembro, Sexta-Feira
10h00
3ª Parte das apresentações: Lógicas de Território
Sara Figueiredo Costa, “Castelao e o galeguismo”
Nuno Marques, “In The Shadow of No Towers e M-11 La Novela Grafica como momentos de silêncio entre o ruído da tragédia”
João Miguel Lameiras, “Era uma vez na Argentina: entre o esquecimento e a memória”
11h00
Intervalo
11h20
4ª Parte das apresentações: Ciência e Banda Desenhada
João Ramalho Santos, “Ciência e Banda Desenhada”
João Mascarenhas, “Tintin, a aventura na Lua, o conhecimento científico e a bd”
12h00
Pausa para almoço
14h00
5ª Parte das apresentações: Autores Portugueses
João Caetano, “Lugares de Fronteira: Carlos Alberto Santos”
Conceição Pereira, “Arte fragmentada (José Carlos Fernandes)”
Álvaro Matos, “Política e bd na I República”
15h00
Intervalo
15h20
6ª Parte das apresentações: Limites e Experimentação
Pedro Moura, “Elementos estéticos em The Cage, de Martin Vaughn-James”
Diniz Conefrey, “Percepção narrativa no advento da bd abstracta”
Domingos Isabelinho, “A banda desenhada portuguesa no campo alargado: do O Escritor a A História Dramática de um Ovo”
16h40
Encerramento das Conferências
A entrada é livre.
20/09/2011
Sept Personnages
Fred Duval (argumento)Florento Calvez (desenho)
Delcourt (França, 31 de Agosto de 2011)
230 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
14,95 €
O projecto Sept
Conceito desenvolvido pelo argumentista David Chauvel, este projecto, nascido em 2007, assentava no seguinte mote: “sete histórias, sete missões de alto risco, sete equipas de sete elementos dispostas a serem bem sucedidas!
Escritos por sete argumentistas e desenhados por sete desenhadores, nasceram assim “Sept voleurs”, “Sept Guerrières”, “Sept Missionaires”, “Sept Pirates”. “Sept Prisionniers” e “Sept Psychopates” e“Sept Yazukas”.
O sucesso da série, deu origem a nova “temporada”, que leva já três títulos publicados: “Sept Clones”, “Sept Survivants” e este “Sept Personnages”.
Resumo
Sete personagens emblemáticas criadas por Molière – Agnès, Alceste, Argan, Scapin, Harpagon, Don Juan e Tartuffe - investigação as razões da sua morte.
Desenvolvimento
Este é um álbum diferente, quer considerado individualmente, quer no conjunto da colecção em que está inserido, pela abordagem original de Duval, que escolheu como protagonistas personagens de ficção criadas por Molière, incluindo mesmo um Don Juan arrancado às chamas do Inferno (ou não…), o que confere à narrativa um insuspeitado toque de fantástico. Mantendo as características de cada uma e mantendo-as no seu tempo e no seu contexto histórico, mas fazendo delas actores de um relato em que o tom oscila entre o policial e o conspirativo, para descobrirem quem envenenou o dramaturgo e porquê.
O texto, recheado de citações e referências, históricas e da literatura à pintura, mas com vida própria para além delas, é estimulante e está bem escrito, conseguindo cativar e surpreender o leitor mas também diverti-lo.
Teria ganho, sem dúvida, com um desenhador mais desenvolto que Calvez, que apresenta personagens demasiado rígidas, algumas dificuldades nas proporções e falta de dinamismo gráfico, embora seja de assinalar a planificação diversificada que serve de base ao seu traço.
A reter
- A originalidade da ideia e a forma como Duval a desenvolve.
Menos conseguido
- O traço de Calvez, a necessitar de ganhar maturidade e desenvoltura.
Delcourt (França, 31 de Agosto de 2011)
230 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
14,95 €
O projecto Sept
Conceito desenvolvido pelo argumentista David Chauvel, este projecto, nascido em 2007, assentava no seguinte mote: “sete histórias, sete missões de alto risco, sete equipas de sete elementos dispostas a serem bem sucedidas!
Escritos por sete argumentistas e desenhados por sete desenhadores, nasceram assim “Sept voleurs”, “Sept Guerrières”, “Sept Missionaires”, “Sept Pirates”. “Sept Prisionniers” e “Sept Psychopates” e“Sept Yazukas”.
O sucesso da série, deu origem a nova “temporada”, que leva já três títulos publicados: “Sept Clones”, “Sept Survivants” e este “Sept Personnages”.
Resumo
Sete personagens emblemáticas criadas por Molière – Agnès, Alceste, Argan, Scapin, Harpagon, Don Juan e Tartuffe - investigação as razões da sua morte.
Desenvolvimento
Este é um álbum diferente, quer considerado individualmente, quer no conjunto da colecção em que está inserido, pela abordagem original de Duval, que escolheu como protagonistas personagens de ficção criadas por Molière, incluindo mesmo um Don Juan arrancado às chamas do Inferno (ou não…), o que confere à narrativa um insuspeitado toque de fantástico. Mantendo as características de cada uma e mantendo-as no seu tempo e no seu contexto histórico, mas fazendo delas actores de um relato em que o tom oscila entre o policial e o conspirativo, para descobrirem quem envenenou o dramaturgo e porquê.
O texto, recheado de citações e referências, históricas e da literatura à pintura, mas com vida própria para além delas, é estimulante e está bem escrito, conseguindo cativar e surpreender o leitor mas também diverti-lo.
Teria ganho, sem dúvida, com um desenhador mais desenvolto que Calvez, que apresenta personagens demasiado rígidas, algumas dificuldades nas proporções e falta de dinamismo gráfico, embora seja de assinalar a planificação diversificada que serve de base ao seu traço.
A reter
- A originalidade da ideia e a forma como Duval a desenvolve.
Menos conseguido
- O traço de Calvez, a necessitar de ganhar maturidade e desenvoltura.
19/09/2011
Outras Leituras (VIII)
Autores de tiras diárias evocam 11 de Setembro
Coisas que talvez não saibam sobre o Superman
Alan Kistler no Newsrama
Calvin & Hobbes como…
Robin Parrish no ForeverGeek
Os novos logótipos da DC Comics
O’Dan no Quadro a Quadro
Leituras relacionadas
11/9,
Calvin and Hobbes,
DC Comics,
Outras Leituras,
Superman
18/09/2011
Selos & Quadradinhos (63)
Stamps & Comics / Timbres & BD (63)
Tema/subject/sujet: Pokémon
País/country/pays: São Vicente e Granadinas
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001
Leituras relacionadas
2000,
Pokémon,
São Vicente e Granadinas,
Selos e Quadradinhos
17/09/2011
Gilles Chaillet (1946-2011)
Esta foi uma semana negra para a banda desenhada. Depois de Daniel Hulet e Jean-Paul Mougin, também faleceu Gilles Chaillet, criador da série de banda desenhada “Vasco”, no passado dia 14.Nascido a 3 de Junho de 1946, em Paris, iniciou-se na banda desenhada em 1965, como colorista, tendo trabalhado para a Dargaud em séries como Tanguy e Laverdure, Achille Talon, Blueberry, Bob Morane ou Barbe-Rouge.
Depois – faceta pouco conhecida da sua carreira – trabalhou nos estúdios de Albert Uderzo, para quem ilustrou catorze mini-álbuns protagonizados por Ideaifix.
Em 1976, entrou para o estúdio de Jacques Martin, tendo assumido o desenho de Lefranc, uma outra série do pai de Alix. Lá, tornou-se a sombra de Martin, ao mesmo tempo que apreendia o seu estilo barroco, minucioso e pormenorizado e aprofundava o gosto pelo rigor histórico, que viria a pôr em prática em “Vasco”, série que desenvolveu a solo, em 23 álbuns, a partir de 1980, e que apresenta diversos pontos de contacto com Alix, embora a sua acção se passe no século XIV. O 24º tomo, “Le Village Maudit”, com desenho de Frédéric Toublanc, que assina assim o seu segundo álbum da série, está anunciado para 2012.
O primeiro episódio de Vasco foi publicado no Tintin português em 1982, sendo depois retomado pela Edinter, que editou as primeiras quatro aventuras em álbum, e pela ASA, que republicou os dois primeiros tomos num volume duplo da colecção Clássicos da Revista Tintin.
“Les Voyages d’Alix”, “Les Voyages d’Orion” (nos dois casos de novo com Martin), “Le Triangle secret”, “Loge Noir”, “Tombelaine” ou “Intox”, são outros títulos marcantes da sua bibliografia, como único autor, só desenhador ou só argumentista, onde avulta ainda “La Rome des Césars”, uma obra-prima ilustrada onde se revelou um conhecedor apaixonado pela época romana.
Depois – faceta pouco conhecida da sua carreira – trabalhou nos estúdios de Albert Uderzo, para quem ilustrou catorze mini-álbuns protagonizados por Ideaifix.
Em 1976, entrou para o estúdio de Jacques Martin, tendo assumido o desenho de Lefranc, uma outra série do pai de Alix. Lá, tornou-se a sombra de Martin, ao mesmo tempo que apreendia o seu estilo barroco, minucioso e pormenorizado e aprofundava o gosto pelo rigor histórico, que viria a pôr em prática em “Vasco”, série que desenvolveu a solo, em 23 álbuns, a partir de 1980, e que apresenta diversos pontos de contacto com Alix, embora a sua acção se passe no século XIV. O 24º tomo, “Le Village Maudit”, com desenho de Frédéric Toublanc, que assina assim o seu segundo álbum da série, está anunciado para 2012.
O primeiro episódio de Vasco foi publicado no Tintin português em 1982, sendo depois retomado pela Edinter, que editou as primeiras quatro aventuras em álbum, e pela ASA, que republicou os dois primeiros tomos num volume duplo da colecção Clássicos da Revista Tintin.
“Les Voyages d’Alix”, “Les Voyages d’Orion” (nos dois casos de novo com Martin), “Le Triangle secret”, “Loge Noir”, “Tombelaine” ou “Intox”, são outros títulos marcantes da sua bibliografia, como único autor, só desenhador ou só argumentista, onde avulta ainda “La Rome des Césars”, uma obra-prima ilustrada onde se revelou um conhecedor apaixonado pela época romana.
16/09/2011
É de noite que faço as perguntas
David Soares 8argumento)Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara (desenho)
Saída de Emergência (Portugal, 16 de Setembro e 2011)
210 x 297 mm, 64 p., cor, brochado com badanas
18,00 €
Chega hoje às livrarias o álbum “É de noite que faço as perguntas”, numa bela edição da Saída de Emergência, na qual o (também) romancista David Soares revisita a génese da Primeira República, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, a política e o modo como ambas se influenciam.
Passado num tempo indefinido, em que o nosso país está sob uma ditadura asfixiante, que coarcta qualquer forma de liberdade ou de expressão, a história tem como base uma carta escrita por um pai a um filho que há muito não vê, adivinhando-se que a falta de comunicação e algumas escolhas levaram a esse afastamento. Contando a sua própria relação com o seu pai (avô do filho), o homem – creio que não involuntariamente – de alguma forma traça um paralelo entre o percurso dos dois, tentando mostrar como o filho está a repetir os erros que ele já cometera. Como tempo da acção, David Soares escolheu o período que conduziu à implantação da Primeira República em Portugal e os anos que se lhe seguiram até ao início do Estado Novo, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, as relações, a política e o modo como se influenciam.
Esta escolha surgiu porque este álbum é resultado “de um convite conjunto do Centro Nacional de Banda Desenhada e da Imagem da Amadora e da Comissão Nacional Para as Comemorações do Centenário da República, que tinha como objectivo criar uma banda desenhada que contasse a história da Primeira República portuguesa”. No entanto, revelou o escritor, “desde o início que foi intenção de todos os envolvidos não incorrer num registo "pedagógico", normalmente associado a trabalhos desta natureza, mas num mais contemporâneo, mais sofisticado”. Propósito plenamente conseguido, pois os factos históricos surgem como elementos coerentes da narrativa principal, que ajudam a situar e a explicar a acção.
Por isso, apesar de ser uma “encomenda, trabalhar neste álbum foi maravilhoso porque tive liberdade absoluta para escrever a história que achasse mais indicada”. Dessa forma, acrescenta, este livro “não se distancia em muitos graus dos meus restantes trabalhos, sendo mais um ensaio que questiona conceitos como liberdade, democracia, autoritarismo e livre-arbítrio, do que "apenas" uma história sobre o período da nossa primeira república”.
Aos temas indicados pelo argumentista, poder-se-ão também acrescentar outros, que suscitam igualmente reflexão demorada: a inevitabilidade da guerra apesar da sua inutilidade, a importância da informação – da sua busca, da sua disponibilização, da sua partilha -, a necessidade de entendimentos – a nível pessoal tanto quanto a outros níveis mais alargados -, a omnipresença televisiva em detrimento da comunicação pessoal, a necessidade (histórica) de cortes (aparente mas enganadoramente) bruscos com o passado, apesar da linearidade da passagem do tempo.
O desenho foi entregue a “cinco desenhadores, cujo trabalho admiro”, pois “considerou-se que deveria mostrar novos grafismos e novos artistas”. Apesar disso, de já terem dado (outras) provas noutros registos gráficos, de haver claramente diferenças – em termos de segurança, à-vontade, traço, sequência… - entre eles, há uma assinalável homogeneidade gráfica entre as pranchas de Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara. Isto acontece quer em termos cromáticos, quer em termos de estilo, o que contribui para que a leitura se faça sem quebras, que o relato, em que predomina um tom intimista, que propõe/impõe silêncios reflexivos, não pede.
Agora, com a edição finalmente disponível nas livrarias e com o distanciamento que o tempo permite, o autor de “O Evangelho do Enforcado” e “Lisboa Triunfante” considera-o “um álbum importante” pois, “ao mesmo tempo que dá a conhecer um período crucial da nossa história, muitas vezes tão mal entendido, ainda coloca questões cada vez mais pertinentes nos tempos em que vivemos”.
Depois de os seus originais terem estado expostos no AmadoraBD 2010, o álbum terá uma sessão oficial de lançamento na edição deste ano do festival, em Outubro próximo.
(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Setembro de 2011)
Saída de Emergência (Portugal, 16 de Setembro e 2011)
210 x 297 mm, 64 p., cor, brochado com badanas
18,00 €
Chega hoje às livrarias o álbum “É de noite que faço as perguntas”, numa bela edição da Saída de Emergência, na qual o (também) romancista David Soares revisita a génese da Primeira República, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, a política e o modo como ambas se influenciam.
Jorge Coelho |
João Maio Pinto |
André Coelho |
Daniel da Silva |
Aos temas indicados pelo argumentista, poder-se-ão também acrescentar outros, que suscitam igualmente reflexão demorada: a inevitabilidade da guerra apesar da sua inutilidade, a importância da informação – da sua busca, da sua disponibilização, da sua partilha -, a necessidade de entendimentos – a nível pessoal tanto quanto a outros níveis mais alargados -, a omnipresença televisiva em detrimento da comunicação pessoal, a necessidade (histórica) de cortes (aparente mas enganadoramente) bruscos com o passado, apesar da linearidade da passagem do tempo.
Richard Câmara |
Richard Câmara |
Agora, com a edição finalmente disponível nas livrarias e com o distanciamento que o tempo permite, o autor de “O Evangelho do Enforcado” e “Lisboa Triunfante” considera-o “um álbum importante” pois, “ao mesmo tempo que dá a conhecer um período crucial da nossa história, muitas vezes tão mal entendido, ainda coloca questões cada vez mais pertinentes nos tempos em que vivemos”.
Depois de os seus originais terem estado expostos no AmadoraBD 2010, o álbum terá uma sessão oficial de lançamento na edição deste ano do festival, em Outubro próximo.
(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Setembro de 2011)
Leituras relacionadas
André Coelho,
Daniel da Silva,
David Soares,
João Maio Pinto,
Jorge Coelho,
Richard Câmara,
Saída de Emergência
15/09/2011
Jean-Paul Mougin (1941-2011)
Comunicado das edições Casterman:“Foi com grande tristeza que soubemos da morte de Jean-Paul Mougin, falecido na passada terça-feira, 13 de Setembro de 2011, em Bruxelas, com a idade de 70 anos.
Jornalista e editor de uma estatura excepcional, Jean-Paul Mougin foi, no final dos anos 70, o mítico fundador da revista (ÀSuivre), lançado pelas Edições Casterman, periódico de que assumiu a direcção continuamente durante 20 anos, escrevendo assim algumas das mais belas páginas da história da banda desenhada europeia. Retirado do mundo da edição há uma dúzia de anos, manteve, no entanto, um olhar atento sobre a criação em banda desenhada.
Formado na televisão, no tempo da ORTF, e expulso do serviço público na sequência do movimento de 68, muito sensível à imagem sob todas as suas formas, Jean-Paul Mougin começou nos quadradinhos na redacção do semanário Pif Gadget, onde aprendeu a reconhecer e a apreciar as grandes assinaturas da época: Jean-Claude Forest, Paul Gillon, Nikita Mandryka, Gotlib...
Teve um papel decisivo no lançamento da carreira francesa daquele que viria a tornar-se seu amigo para sempre, Hugo Pratt. Alguns anos mais tarde, o autor de Corto, cujos álbuns tinham começado a ser publicados pela Casterman, apresentou por sua vez Jean-Paul Mougin ao seu editor. O projecto (À Suivre) iria nascer desse encontro.
Lançada em Janeiro de 1978, no quinto Salão de Angoulême a (À Suivre) de imediato fez sensação no mundo da banda desenhada. A sua identidade editorial, então muito original, imaginada por Jean-Paul Mougin para este novo título – uma banda desenhada exigente adulta a preto e branco, com ambições literárias assumidas, livre das restrições de formato existentes por toda a parte – encontrou de imediato um público entusiasta, bem como uma expressão que ficou célebre, formulada no primeiro editorial da nova revista: “a (À Suivre) será a erupção selvagem da banda desenhada na literatura (...)” Durante duas décadas, Jean-PaulMougin e a sua revista mantiveram com paixão e fervor a promessa do “romance em banda desenhada”, não interditando nenhum género, nenhuma aventura, nenhuma intuição.
O número de autores assim revelados ou consagrados é demasiado grande para que façamos a sua listagem completa - Pratt e Tardi, claro, mas também Schuiten e Peeters, Ted Benoit, Sokal, Manara, Loustal e Paringaux, Comés, Muñoz e Sampayo, Ferrandez, Rochette, Geluck, Boucq, Cabanes, Baru, mais tarde, jovens talentos como Nicolas De Crécy ou Nicolas Dumontheuil, e tantos outros -, mas assemelha-se muito a um repertório dos grandes nomes da banda desenhada contemporânea. Tendo ficado míticos na memória de muitos profissionais, a (À Suivre) e Jean-Paul Mougin foram bem mais do que uma revista de sucesso e o seu talentoso redactor-chefe: eles moldaram, em parte, o que a banda desenhada é hoje.
Jean-Paul Mougin decidiu retirar-se no fim dos anos 90, ao mesmo tempo que terminava a trajectória da sua revista, em 1997. Todos aqueles que o conheceram guardam a lembrança de um ser humano envolvente e caloroso, duma grande generosidade, que prezava mais do que tudo os valores da fidelidade, da cultura e da inteligência.”
Para mim – como para muitos da minha geração – a (À Suivre) foi um marco.
Uma revista – no tempo em que elas existiam e eram fundamentais – cujo trajecto apanhei já a sua vida ia longa, mas ainda a tempo de (re)descobrir uma nova forma de ser e fazer banda desenhada, adulta, apelativa, desafiante, estimulante, nas assinaturas de Tardi, Schuiten e Peeters, Pratt e Manara, Comés, Muñoz e Sampayo, Geluck, Boucq, Bourgeon, Cabanes… Sim a lista é longa… e impressionante!
Possivelmente, a (À Suivre) foi o veículo que me permitiu continuar a ler BD, dar o salto da juventude para a idade adulta com os quadradinhos, transitar da BD de aventuras para o romance desenhado.
Por isso, o meu obrigado a Jean-Paul Mougin porque sem ele, quem sabe, talvez não estivesse hoje aqui a escrever, talvez não tivesse feito da BD o centro da minha vida profissional, talvez não tivesse mantida acesa a chama da paixão que nutro por uma forma única de expressão.
Jornalista e editor de uma estatura excepcional, Jean-Paul Mougin foi, no final dos anos 70, o mítico fundador da revista (ÀSuivre), lançado pelas Edições Casterman, periódico de que assumiu a direcção continuamente durante 20 anos, escrevendo assim algumas das mais belas páginas da história da banda desenhada europeia. Retirado do mundo da edição há uma dúzia de anos, manteve, no entanto, um olhar atento sobre a criação em banda desenhada.
Formado na televisão, no tempo da ORTF, e expulso do serviço público na sequência do movimento de 68, muito sensível à imagem sob todas as suas formas, Jean-Paul Mougin começou nos quadradinhos na redacção do semanário Pif Gadget, onde aprendeu a reconhecer e a apreciar as grandes assinaturas da época: Jean-Claude Forest, Paul Gillon, Nikita Mandryka, Gotlib...
Teve um papel decisivo no lançamento da carreira francesa daquele que viria a tornar-se seu amigo para sempre, Hugo Pratt. Alguns anos mais tarde, o autor de Corto, cujos álbuns tinham começado a ser publicados pela Casterman, apresentou por sua vez Jean-Paul Mougin ao seu editor. O projecto (À Suivre) iria nascer desse encontro.
Lançada em Janeiro de 1978, no quinto Salão de Angoulême a (À Suivre) de imediato fez sensação no mundo da banda desenhada. A sua identidade editorial, então muito original, imaginada por Jean-Paul Mougin para este novo título – uma banda desenhada exigente adulta a preto e branco, com ambições literárias assumidas, livre das restrições de formato existentes por toda a parte – encontrou de imediato um público entusiasta, bem como uma expressão que ficou célebre, formulada no primeiro editorial da nova revista: “a (À Suivre) será a erupção selvagem da banda desenhada na literatura (...)” Durante duas décadas, Jean-PaulMougin e a sua revista mantiveram com paixão e fervor a promessa do “romance em banda desenhada”, não interditando nenhum género, nenhuma aventura, nenhuma intuição.
O número de autores assim revelados ou consagrados é demasiado grande para que façamos a sua listagem completa - Pratt e Tardi, claro, mas também Schuiten e Peeters, Ted Benoit, Sokal, Manara, Loustal e Paringaux, Comés, Muñoz e Sampayo, Ferrandez, Rochette, Geluck, Boucq, Cabanes, Baru, mais tarde, jovens talentos como Nicolas De Crécy ou Nicolas Dumontheuil, e tantos outros -, mas assemelha-se muito a um repertório dos grandes nomes da banda desenhada contemporânea. Tendo ficado míticos na memória de muitos profissionais, a (À Suivre) e Jean-Paul Mougin foram bem mais do que uma revista de sucesso e o seu talentoso redactor-chefe: eles moldaram, em parte, o que a banda desenhada é hoje.
Jean-Paul Mougin decidiu retirar-se no fim dos anos 90, ao mesmo tempo que terminava a trajectória da sua revista, em 1997. Todos aqueles que o conheceram guardam a lembrança de um ser humano envolvente e caloroso, duma grande generosidade, que prezava mais do que tudo os valores da fidelidade, da cultura e da inteligência.”
Para mim – como para muitos da minha geração – a (À Suivre) foi um marco.
Uma revista – no tempo em que elas existiam e eram fundamentais – cujo trajecto apanhei já a sua vida ia longa, mas ainda a tempo de (re)descobrir uma nova forma de ser e fazer banda desenhada, adulta, apelativa, desafiante, estimulante, nas assinaturas de Tardi, Schuiten e Peeters, Pratt e Manara, Comés, Muñoz e Sampayo, Geluck, Boucq, Bourgeon, Cabanes… Sim a lista é longa… e impressionante!
Possivelmente, a (À Suivre) foi o veículo que me permitiu continuar a ler BD, dar o salto da juventude para a idade adulta com os quadradinhos, transitar da BD de aventuras para o romance desenhado.
Por isso, o meu obrigado a Jean-Paul Mougin porque sem ele, quem sabe, talvez não estivesse hoje aqui a escrever, talvez não tivesse feito da BD o centro da minha vida profissional, talvez não tivesse mantida acesa a chama da paixão que nutro por uma forma única de expressão.
14/09/2011
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga
#76 – A história de Jason
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Ivan Calcaterra e Antonio Marinetti (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Março de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Até que ponto uma (longa) pena de prisão é eficaz? Tem maiores benefícios ou prejuízos? E como fazer a reinserção de quem esteve (muito tempo) preso?
O ser humano é (só) bom ou (só) mau? Não há meio-termo? As condições de vida, o meio, o local, a educação, potenciam o que cada um de nós é?
Estas e outras perguntas (não) são respondidas por Julia em mais uma história (ia escrever aventura, mas as narrativas que Julia protagoniza estão mais próximas da vida real do que da ficção aventurosa…) em que a criminóloga (mais uma vez) auxilia a polícia de Garden City, na ocasião a descobrir um assassino implacável que transformou um simples assalto a uma loja de conveniência numa execução.
Esta é A História de Jason, que passou a maior parte da sua vida adulta na prisão.
É a história de Marilou, vítima da guerra do Iraque, largada (abandonada) no mundo pelo exército, pelo país, que serviu após um acidente em que perdeu as pernas.
É a história de como o destino os juntou, rumo a um final feliz? (Ou apenas a um final – só - adiado?)
Uma história – mais uma – escrita de forma ponderada por Berardi e Calza - figurantes involuntários de uma azeda troca de palavras entre Julia e Webb - em que cada cena, cada diálogo, cada prancha, cada vinheta, cada citação (literária, cinematográfica, musical) tem um lugar e um propósito e deve ser lida, explorada de forma atenta, para perceber não só o que Berardi e Calza (d)escreveram mas também o que deixaram para o leitor intuir.
E pensar. Porque, como já escrevi atrás, sim, eu sei, as histórias de Julia são daquela ficção que tanto se assemelha – que bebe a sua inspiração – na mais (im)pura realidade. E a cujas perguntas, só essa (im)pura realidade pode dar resposta.
Ou não.
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Ivan Calcaterra e Antonio Marinetti (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Março de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Até que ponto uma (longa) pena de prisão é eficaz? Tem maiores benefícios ou prejuízos? E como fazer a reinserção de quem esteve (muito tempo) preso?
O ser humano é (só) bom ou (só) mau? Não há meio-termo? As condições de vida, o meio, o local, a educação, potenciam o que cada um de nós é?
Estas e outras perguntas (não) são respondidas por Julia em mais uma história (ia escrever aventura, mas as narrativas que Julia protagoniza estão mais próximas da vida real do que da ficção aventurosa…) em que a criminóloga (mais uma vez) auxilia a polícia de Garden City, na ocasião a descobrir um assassino implacável que transformou um simples assalto a uma loja de conveniência numa execução.
Esta é A História de Jason, que passou a maior parte da sua vida adulta na prisão.
É a história de Marilou, vítima da guerra do Iraque, largada (abandonada) no mundo pelo exército, pelo país, que serviu após um acidente em que perdeu as pernas.
É a história de como o destino os juntou, rumo a um final feliz? (Ou apenas a um final – só - adiado?)
Uma história – mais uma – escrita de forma ponderada por Berardi e Calza - figurantes involuntários de uma azeda troca de palavras entre Julia e Webb - em que cada cena, cada diálogo, cada prancha, cada vinheta, cada citação (literária, cinematográfica, musical) tem um lugar e um propósito e deve ser lida, explorada de forma atenta, para perceber não só o que Berardi e Calza (d)escreveram mas também o que deixaram para o leitor intuir.
E pensar. Porque, como já escrevi atrás, sim, eu sei, as histórias de Julia são daquela ficção que tanto se assemelha – que bebe a sua inspiração – na mais (im)pura realidade. E a cujas perguntas, só essa (im)pura realidade pode dar resposta.
Ou não.
Leituras relacionadas
Berardi,
Calcaterra,
Calza,
Marinetti,
Mythos
13/09/2011
Daniel Hulet (1945-2011)
Daniel Hulet argumentista e desenhador de banda desenhada, natural de Bruxelas, faleceu no passado dia 9, aos 66 anos.Tendo iniciado a sua carreira profissional na publicidade, chegou à BD apenas aos 30 anos, tendo-se estreado na revista belga Tintin com “Charabia”, uma série humorística protagonizada por um gato, mas rapidamente adoptou um estilo realista, de traço fino e duro, que foi personalizando ao longo dos anos, para narrar episódios históricos contemporâneos.
Dois anos depois, em 1977, criou “Léo Gwen”, com argumento de Vicq, de que o Tintin português publicou meia dúzia de histórias curtas, seguindo-se “Pharaon” e “Chris Melville”, ambas escritas por André-Paul Duchâteau.
Em 1985, na “Vécu”, revista dedicada à BD histórica, criou “Les Chemins de la gloire” com Jan Bucquoy, série parcialmente publicada em álbum em Portugal, pela Merbérica/Líber.
A partir de 1987 passou a assinar argumento e desenho das suas bandas desenhadas, criando sucessivamente “L’État Morbide”, “Immondys” e “Extra-Muros”, nas quais desenvolveu universos opressivos e angustiantes que ficam como a sua imagem de marca.
Mais recentemente, desenhou dois tomos do spin-off do “Decálogo”, com Frank Giroud, e, no ano passado, o quarto tomo de “Destins: Paranoia”, com Valérie Mangin.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Setembro de 2011)
Dois anos depois, em 1977, criou “Léo Gwen”, com argumento de Vicq, de que o Tintin português publicou meia dúzia de histórias curtas, seguindo-se “Pharaon” e “Chris Melville”, ambas escritas por André-Paul Duchâteau.
Em 1985, na “Vécu”, revista dedicada à BD histórica, criou “Les Chemins de la gloire” com Jan Bucquoy, série parcialmente publicada em álbum em Portugal, pela Merbérica/Líber.
A partir de 1987 passou a assinar argumento e desenho das suas bandas desenhadas, criando sucessivamente “L’État Morbide”, “Immondys” e “Extra-Muros”, nas quais desenvolveu universos opressivos e angustiantes que ficam como a sua imagem de marca.
Mais recentemente, desenhou dois tomos do spin-off do “Decálogo”, com Frank Giroud, e, no ano passado, o quarto tomo de “Destins: Paranoia”, com Valérie Mangin.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Setembro de 2011)
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