
Publicada entre 1957 e 1959, na revista Hora Cero, “El Eternauta” narra uma invasão extraterrestre em Buenos Aires, em 1963, iniciada com a queda de uma neve fluorescente que mata por simples contacto. O relato é feito por um sobrevivente, Juan Salvo, que acidentalmente entra numa máquina dos invasores, sendo transportado para outras dimensões, tornando-se “um peregrino através dos séculos, viajando pela eternidade, um Eternauta”. Acabará por chegar a Buenos Aires em 1959, narrando a sua história para avisar do perigo que em breve ameaçará o seu país. Os pontos fortes da narrativa são o rigor fotográfico dos cenários bem conhecidos dos leitores, o facto de o protagonismo pertencer a um colectivo heterogéneo e não a um herói isolado, sendo fácil para os leitores identificarem-se com algum dos seus elementos, e a hábil combinação de ficção científica e crítica política, facilitada pelo facto de o protagonista se deslocar facilmente entre épocas e locais.
A politização da série trouxe vários dissabores aos autores, o que levou Solano López, a exilar-se no início dos anos 60, primeiro em Espanha, depois em Inglaterra, onde desenhou relatos de guerra para a Fleetway.
Regressado à Argentina, retomou “El Eternauta”, na revista Skorpio, mais uma vez em colaboração com Oesterheld, até este desaparecer, em 1976, como mais uma vítima da ditadura militar argentina. O desenhador regressou então à Europa, tendo desenhado “Slot Barr” (com texto de Ricardo Barreiro), “Águilla negra” (Ray Collins) e “Evaristo” (Carlos Sampayo) e histórias de ficção e eróticas para o mercado norte-americano, a par de diversos regressos a “El Eternauta”, o último dos quais datado de 2006.
Distinguido ao longo dos anos com numerosos prémios, Solano López, depois de Carlos Trillo, falecido em Maio, é o segundo grande autor argentino a desaparecer este ano.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Agosto de 2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário