Colecção Marvel Deluxe
Capitán
América #6
Ed Brubaker (argumento)
Steve Epting, Butcht Guice e Mike
Perkins (desenho)
Frank D’Armata (cor)
Panini Comics (Espanha, Maio de
2012)
175 x 265 mm, 152 p, cor, cartonado
16,00 €
Resumo
Compilação dos comics Captain America vol. 5, #31 a #36 da
edição original norte-americana, mostra quem substituiu o Capitão América ao
mesmo tempo que decorrem as investigações para saber quem esteve por detrás do
seu assassinato.
Desenvolvimento
Depois de o volume anterior – “Capitán América #5: La muertedel Capitán América”
– ter mostrado a morte do maior símbolo da América, no que aos comics diz
respeito, e como isso afectou não só os que lhe eram mais próximos mas também,
a população em geral, neste novo tomo Brubaker continua a explorar esse
conceito, a diversos níveis.
Se é óbvio que a ideia inicial foi desde sempre substituir
ou de alguma forma fazer ressuscitar o herói caído – é assim que a morte
funciona no universo Marvel – o desenrolar do argumento, consistente e bem
estruturado, com uma linha condutora forte e bem definida, leva a adiar esse
(inevitável) regresso para bem dos leitores. Na verdade, isto permite que a
intriga se desenvolva em diversos locais e em diversos contextos, tornando-a
mais densa e estimulante, pois são várias as questões em jogo: recuperar o
corpo do herói falecido, encontrar Sharon Stone a sua presumível assassina,
acompanhar a evolução de Bucky Barnes como a nova encarnação do justiceiro,
seguir a evolução da desesperada situação económica dos EUA e a ascensão
política do senador Wright, desvendar até que ponto o dr. Fausto domina muitos
dos intervenientes, impedir o seucesso dos planos orquestrados pelo Caveira
Vermelha.
Mantendo um tom próximo do registo de espionagem e de
policial negro, a narrativa tem neste tomo um significativo acréscimo das cenas
de acção, depois do tom mais introspectivo do volume anterior. Assente na
indefinição de Bucky Barnes quanto a assumir o (pesado) uniforme do Capitão
América, privilegia os diversos confrontos entre ele, o Falcão, a Viúva negra e
os operacionais da SHIELD, contra os seguidores do Caveira Vermelha e do dr.
Fausto. Este último, assume um papel determinante em toda a trama, que só será
entendido em toda a sua magnitude no terceiro e último volume, “El hombre que
compró América”.
Bastante positiva é a utilização do suporte televisivo como
instrumento narrativo e o facto da estratégia do vilão para ascender ao poder
combinar o habitual lado violento com a intriga económica e política, o que
reforça o realismo e a credibilidade do argumento, assim mais alicerçado em
aspectos do nosso quotidiano.
Como última nota, a quem quiser e puder, sugiro uma
comparação entre os níveis de violência apresentados por este novo Capitão América (e pelo relato
em geral) com os que se podem ver, por exemplo, no (bem mais ingénuo) volume da colecção Heróis
Marvel dedicado ao Capitão América, como reflexo de adequação dos quadradinhos a novos tempos – e à realidade.
A reter
- De novo a superior capacidade narrativa de Ed Brubaker…
- … e o trabalho gráfico num registo hiper-realista de
Epting…
- … bem como a excelente edição, embora desta vez sem a
inclusão de quaisquer extras.
Menos conseguido
- Quando se alcança o grau de realismo que Brubaker e Epting
imprimiram ao “seu” Capitão América, uma personagem caricatural como o Caveira
Vermelha acaba por surgir algo deslocada no conjunto.
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