Bipolar
Criação do grande Raymond Macherot, aquando da sua
‘transferência’ da Tintin para a Spirou, Sibylline - que o mestre me
desculpe a ousadia - surge aqui (quase como) bipolar.
Sucessora de Chlorophille, de quem progressivamente foi
seguindo os passos, a localização das aventuras e o tom narrativo, a ratinha
Sibylinne trouxe à banda desenhada de Macherot mais génio, mais explosões
temperamentais e menos compostura.
Fora isso, oscilou entre o mais terno, infantil e ingénuo
que se possa imaginar - empurrada para tal pelas pressões editoriais da revista
que a publicava - e a crueldade, o realismo cru (mal) disfarçado e o retrato
impactante da sociedade humana - quando Macherot dava largas à sua vontade e às
suas opções criativas.
Este volume, segundo da reedição integral, tem exemplos de
um e outro registo (e de como Macherot rapidamente transformava o primeiro no
segundo…) - com este último, mais rico, inventivo e estimulante, a reunir,
certamente, a preferência dos leitores. Mas em ambos, antes de mais, brilha a
arte e o saber narrativo de um dos grandes autores clássicos franco-belgas.
Sibylline
Integral 2: 1969-1974
Raymond Macherot (argumento e desenho)
Yvan Delporte (alguns argumentos)
Casterman
França, 2011
215 x 287 mm, 192 p., cor, capa dura
25,00 €
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua
extensão)
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