04/08/2018

1+10 Romances gráficos editados em português que todos deviam ler


Este texto foi escrito em complemento a Mas afinal de que falamos quando falamos de romances gráficos?, publicado aqui no blog ontem, sexta-feira.
A sua génese obedeceu a dois pressupostos: serem obras editadas em português e fugir às habituais referências no género (Maus, V de Vingança…)

A ‘primeira’ novela gráfica

1978
Will Eisner
Levoir, 2015
Através dos habitantes de um bloco de apartamentos onde vivem maioritariamente judeus, Eisner traça um retrato verídico mas emocional da vida da comunidade judaica, em particular, e da sociedade norte-americana, em geral, nos anos 1930.
Do mesmo autor: O Grande Jogo (Devir, 2003)


10 Romances gráficos editados em português que todos deviam ler

1994
Jirô Taniguchi
Levoir, 2015
Após muitos anos de ausência, Yoichi regressa à sua terra natal para o funeral do pai, para descobrir um homem completamente diferente daquele que pensava conhecer e as razões para as escolhas que fez na vida e provocaram o seu afastamento.
Do mesmo autor: Terra de Sonhos (Levoir, 2016); O Homem que Passeia (Devir, 2017)


1997
Étienne Davodeau
Mundo Fantasma, 1999
O reencontro para uma semana de férias de cinco amigos, agora trintões, imaginado como um regresso aos tempos da juventude, transforma-se numa reflexão, quase sempre desiludida, sobre o que a vida real fez aos sonhos que a juventude acarinhou.
Do mesmo autor: Aqueles que te amam (MaisBD, 2002); Os IgnorantesOs Ignorantes (Levoir, 2017)


2003
Craig Thompson
Devir, 2011
Romance autobiográfico centrado no choque entre a rígida educação religiosa recebida pelo protagonista e a intensidade do primeiro amor adolescente que conduziu à descoberta do desenho como forma de afirmação e razão de viver.
Do mesmo autor: Habibi (Devir, 2014)


2003
Guy Delisle
Devir, 2015
Diário pessoal desenhado e também reportagem, aborda sob a capa de um humor mordaz, o absurdo quotidiano da Coreia do Norte e as (muitas) restrições e limites impostos aos estrangeiros, com numa base estadia num estúdio de animação local durante dois meses.
Do mesmo autor: Shenzhen (Devir, 2017)


Rugas
2007
Paco Roca
Bertrand Editora, 2013
A chegada de Emílio a um lar de idosos, quando os primeiros sinais da doença de Alzheimer se começam a manifestar, é o pretexto para a abordagem terna e sensível à velhice enquanto realidade incontornável mas também estado de espírito.
Do mesmo autor: O Inverno do Desenhador (Levoir, 2016); A casa (Levoir, 2016); Os Trilhos do Acaso (Levoir, 2017)


2009
António Altarriba (argumento) e Kim (desenho)
Levoir, 2015
Um retrato duro, realista e factual da sociedade espanhola do século XX, balizado pelo nascimento, em 1910, e o suicídio, aos 91 anos, de António, pai do argumentista, e pela sua vida recheada de sonhos desfeitos e ilusões perdidas.
Do mesmo argumentista: Eu, Assassino (Arte de Autor, 2016)
Dos mesmos autores: A Asa Quebrada (Levoir, 2016)


2010
Fabio Moon e Gabriel Bá
Levoir, 2016
A(s) história(s) da vida de Brás de Oliva Domingos, autor de obituários e aspirante a escritor, num relato sobre vidas, sobre como viver, sobre escolhas de vida, sobre como as escolhas moldam, mudam e condicionam a vida.


2015
Marcelo Quintanilha
Polvo, 2015
Rosângela tem um casamento apaixonado e uma vida socialmente bem-sucedida, mas a sombra projectada pela felicidade da prima pobre e divorciada, vai transformar-se numa compulsão obsessiva e mergulhá-la numa espiral de autodestruição.
Do mesmo autor: Tungsténio (Polvo, 2015)


2016
Miguelanxo Prado
Levoir, 2016
Tendo como ponto de partida o aparecimento de sucessivas vítimas profissionalmente ligadas à banca, este é um relato de tom policial que faz uma denúncia premente de um mal social actual e incontornável, provocado pelas sucessivas crises financeiras e bancárias.
Do mesmo autor: Ardálen (ASA, 2014); Traço de Giz (Levoir, 2017)


2016
Filipe Melo e Juan Cavia
Tinta da China, 2016
A gestão dos medos por um grupo de comandos em missão na Guiné, durante a guerra colonial: o real, advindo da participação na guerra em que estão mergulhados, e o psicológico, fruto do sobrenatural, do desconhecido, dos pesadelos de cada um.

Nota: Este texto foi escrito a convite da Devir, há sensivelmente um ano, e publicado originalmente, com supressões, na versão online da revista Estante, da FNAC, em Julho de 2017.

(clicar nos títulos para saber mais sobre as obras; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

11 comentários:

  1. Anónimo4/8/18 13:33

    Rugas já merecia uma reedição, não se encontra em lado nenhum... alguém sabe se a Bertrand planeia reimprimir ou se há a possibilidade de a Levoir pegar nisso?

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  2. Tenho todas estas obras na minha estante,todas elas fantasticas, mas para mim, falta Habibi, superior a qualquer umas das citadas.

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    Respostas
    1. É uma lista pessoal, Luís, que obedeceu a alguns critérios, como indicado.
      O Habibi, que também é um belíssimo livro, está referenciado nas outras obras de Craig Thompson, mas eu gostei mais do Blankets...
      Boas leituras!

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  3. Tenho todos e são excelentes escolhas. Sempre que alguém me pede algum concelho para se iniciar na BD empresto sempre o meu Fabulas de Badgad e Maus!

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  4. Dessa lista e tenho alguns deles eu prefiro mesmo é as Ogn ou Earth Ones-

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  5. Há vários bons exemplos que não estão nesta lista: V de Vingança, Maus, Habibi, Persepolis, Comprimidos Azuis, Fun Home, Watchmen, Emigrantes (de Shaun Tan), Mr. Punch, Pride of Bagdad, A invenção de Hugo Cabret, etc...

    A Levoir já vai na sua 4ª coleção de novelas gráficas e acho incrível como ainda não saiu pelo menos um (UM!) livro daquele que considero como o melhor autor de bd de sempre, Osamu Tezuka.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Osamu Tesuka é realmente incrível. No entanto, os editores queixam-se que negociar com o Japão é muito complicado. Poderá ser muito bem esse o caso.

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    3. No geral, a nossa experi~encia tem sido que os agentes japoneses não estão disponíveis para que os seus livros saiam misturados numa colecção de vários títulos, a excepção tem sido o Taniguchi. Tentámos outros títulos, mas nunca recebemos resposta positiva. O segundo principal problema é que a maioria dos livros são muito GRANDES, se for para editar uma história auto-conclusiva.

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    4. Era complicado editar Lone Wolf and Cub ou Crying Freeman? As histórias são isoladas, cada livro uma aventura diferente.

      E algo mais adulto? Provávelmente aqui ninguém conhece Yoshihiro Tatsumi, é excelente, mangá alternativo, caia mesmo bem na colecção de novela gráfica, isto é para adultos, não necessáriamente erótico, são histórias curtas.

      Outro? o norueguês Jason e as suas histórias com animais antropomórfizados. É excelente, faz pensar num cruzamento entre Walt Disney dos primórdios poliicamente incorrectos e Ingmar Bergman.

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