26/02/2015

Um contrato com Deus





Conforme As Leituras do Pedro divulgaram em primeira mão, é distribuído hoje com o jornal Público o primeiro volume da colecção Novela Gráfica - a melhor colecção de BD já publicada com um jornal em Portugal... - editada pela Levoir.
E, em abono da verdade, dificilmente poderia começar melhor. Porque Eisner não sendo o criador do termo ‘graphic novel’, foi o principal responsável pela sua difusão – começando exactamente com este livro, datado de 1978, quando aquele génio dos quadradinhos já contava 61 anos.
E, também, principalmente, porque Um contrato com Deus é – continua a ser - uma excelente obra.

A acção passa-se em Nova Iorque, no Bronx, na (mítica) Avenida Dropsie – que haveria de dar título a outro romance gráfico - desculpem, eu prefiro assim - de Eisner.
Ao longo das páginas – e de vários anos – acompanhamos a evolução da vida num bloco de apartamentos – o principal protagonista do romance? - ocupado por judeus e, ao mesmo tempo, assistimos à evolução – não obrigatoriamente benéfica – da(s) vida(s) naquele local. É um retrato de indivíduos - e de uma comunidade – empenhados em subir socialmente para concretizar os seus sonhos, desconhecendo que nem sempre – raramente? – estes dois aspectos coincidem…
Na sua origem, está também o contrato estabelecido com Deus – unilateralmente, parece… - por Frimme Hersh. Um contrato que o levou a pautar a sua vida por normas (religiosas) estritas e que fizeram dele um membro da sociedade empenhado e útil para os outros, admirado e respeitado por muitos. Um facto crucial na sua vida, haveria de o mudar completamente, despoletando dessa forma um relato em que Eisner – como tantas vezes fez – traça um retrato verídico mas emocional da vida da comunidade judaica – em particular e da sociedade norte-americana em geral – nos anos 1930, destacando, quase sempre, as qualidades menos positivas do ser humano: inveja, ambição, avareza, prepotência, para compor um retrato nada idílico mas muito realista da sociedade que, com ligeiros retoques, continua válido nos dias de hoje.
De leitura (enganadoramente) simples e absorvente, apesar das reflexões a que obriga, Um contrato com Deus não ignora – de forma algo irónica – a relação do ser humano com (os) deus(es). Para o bem e para o mal, embora muitas vezes o esqueçamos….

Colecção Novela Gráfica
Um contrato com Deus
Will Eisner
Levoir/Público
Portugal, 26 de Fevereiro de 2015
pb, cartonado, 9,90 €

(imagens retiradas da edição norte-americana)

11 comentários:

  1. Já ontem passei pelo quiosque a encomendá-lo, e não tarda por lá levantarei o «Prémio Eisner» =)

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  2. Logo pela manhã comprei o meu exemplar e já passei os olhos pelas paginas e já tenho a curiosidade aguçada. Uma magnifica iniciativa sem duvida.

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    1. Marco,
      Antes ou depois da leitura, uma boa passagem de olhos pelas páginas de Eisner é muito aconselhável, para admirar a forma rica e variada como ele planificou esta obra.

      Boa leitura!

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  3. Para a banca onde tenho os meus exemplares de BD (que saiem conjuntamente com os jornais) reservados, foram enviados 7 exemplares. Para além do meu, a sra disse que só tinha vendido mais um. No entanto considera que é a quantidade normal de saída, mais ou menos um.

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  4. Sim, claro que é uma das mais bem conseguidas BDs de sempre. É mesmo. Mas ninguém reparou que o papel é desadequado e que a impressão, sem o castanho que é imagem de marca de Eisner, fica outra coisa, muito pior? E que a tradução é fraquinha, fraquinha. E que o grafismo da edição é um susto (capa verde, lombada com desenho em baixo...ui)
    FB

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    Respostas
    1. Reignfire27/2/15 20:26

      Caro Anónimo, se faz as críticas a esse nível de detalhe, mais valia não ter comprado essa edição. Aliás, mais vale nem comprar qualquer edição que exista no mercado. Experimente antes comprar uma versão fac-simile do original de 1978 - se for ao e-bay, encontra lá uma a 360€ e com o autógrafo do próprio Will Eisner e tudo.

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    2. Sim, claro que o comentário não é lá muito conseguido. Não é mesmo. Mas alguém ligou à opinião desadequada e que a verborreia, com o ridículo que é a imagem de marca do rapaz, não podia ficar senão pior? E que a cognição é fraquinha, fraquinha. E que o laxismo da criatura é um susto (vazio sem cor, mesquinhez de alto a baixo...uiui)
      F.U.

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  5. Provavelmente o meu gosto não é nada refinado. Eu gostei muito da edição. Se calhar satisfaço-me com qualquer coisa. Também para quem não tem normalmente acesso a essas coisas e qunado tem oportunidade de as poder obter, só pode ser mesmo agradecido. Ainda por cima por um preço por volta dos dez euros. Que venham tantas mais com tudo "muito mau" eu agradeço.

    Letrée

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  6. Achei o livro muito bom, a edição estava perfeita, até o pormenor no final da lombada dá-lhe um toque de classe. Tenciono adquirir todos os livros e espero sinceramente que a Levoir continue a editar mais destas coleções, com esta qualidade , pois existem imensas obras no mercado para fazer novas coleções deste estilo.

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  7. Boa noite,
    Comprei hoje o meu exemplar desta excelente colecção e fiquei deliciado com tudo!
    Excelente qualidade a um excelente preço!
    Votos de grande sucesso para a Levoir e o Público, bem como para novas edições com a ASA!
    A BD sai reforçada com estas parcerias entre o Público/Levoir/ASA, bem hajam!

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