Para além de vender uns milhares de álbuns, o desígnio (de
muitas) das colecções de BD que têm saído com os jornais portugueses – em
especial o Público – deveria ser este: criar leitores e abrir caminho para a
publicação regular dos novos títulos das séries.
Obviamente, o ‘recado’ – desculpem o termo – é dirigido à
ASA, (também) editora de banda desenhada, já que a Levoir não tem edição
regular de BD (ou de outro tipo de narrativas) para além das colecções que
promove com jornais.
Se a colecção de Michel Vaillant com o jornal Público, permitiu
que o piloto voltasse regularmente às prateleiras das livrarias, por imposição
do editor original ou opção da ASA, o que não é indiferente… - gostava de num
futuro próximo ver em português também os novos títulos (ou os títulos
inéditos) de XIII. Embora seja bem verdade que isso já falhou, no que diz
respeito a Thorgall ou Spirou – para não citar outros…
No caso da ‘nova vida’ de Michel Vaillant, orquestrada por Graton
(filho), Lapière, Bourgne e Benéteau, este terceiro tomo confirma a linha
traçada: diminuição da importância das competições automobilísticas em favor do
aumento das histórias paralelas: a vida familiar do clã Vaillant, as intrigas
de negócios, a opção política de Steve Warson…
A história, de ritmo mais lento, avança assim balizada e, de
álbum para álbum, ficam em aberto pontos suficientes para que o leitor deseje
voltar a reencontrar Michel e aqueles que os rodeiam.
Em Ligação Perigosa
– título de duplo sentido que não se encerra no que a capa sugere – a
participação de Michel Vaillant num rali, para o lançamento de um novo automóvel da marca, surge em paralelo com a infidelidade do piloto
– algo impensável nos tempos do pai Graton! – a decisão do seu filho de
abandonar a casa dos avós onde se restabelecia e notícias contraditórias sobre
a gestão dos negócios por Jean-Pierre e a situação financeira da casa Vaillant.
Michel Vaillant: Ligação Perigosa
Philippe Graton e Denis
Lapière (argumento)
Marc Bourgne e Benjamim Benéteau (desenho)
ASA
Portugal, Dezembro de 2014
222 x 295 mm, 54 p., cor, cartonado
14,95 €
No entanto, essa abertura para a continuação das séries (com a qual eu concordo), deveria fazer com que a editora pensasse em editar volumes (também) com capas similares (moles) às da coleção que saiu com o jornal....
ResponderEliminarpco69,
EliminarPercebo a ideia, mas infelizmente o mercado actual não abarca edições em capa mole e capa dura, ao contrário do que acontecia nouyros tempos, e suponho que a maior parte dos leitores prefere a capa dura. Para mais, a edição em capa mole deveria ficar sensivelmente ao mesmo preço...
Boas leituras!
Espero muito sinceramente que a ASA continue com a edição de novos títulos das séries que publica com o jornal o Público, apesar de (com muita mágoa) estar plenamente de acordo com o que diz o Pedro Cleto neste artigo.
ResponderEliminarEsperemos todos que a ASA continue a apostar na BD.
Era importante que o fizesse, não só para garantir títulos nas livrarias - onde são cada vez menos - mas também para segurar os leitores a quem a colecção do jornal despertou o interesse pela BD.
EliminarBoas leituras!