A primeira – e grande! – surpresa deste livro é a parceria
autoral: André Diniz, no argumento, e o mestre brasileiro Flavio Colin, no desenho.
A razão? A existência, entre os dois, de uma diferença de 45 anos. No trabalho
comum, esse salto geracional não é de forma alguma visível.
Publicada originalmente em 2000, pela editora Nona Arte, de
André Diniz, Fawcett, recupera uma das
lendas associadas às pesquisas das cidades míticas da América do Sul.
Na sua origem, um facto histórico: a chegada ao Brasil, em
1925, do coronel Percy Harrison Fawcett, explorador britânico, e a expedição
que organizou com o filho, um amigo e um guia, para descobrir Muribeca, uma das
cidades lendárias associadas ao ouro.
Dela, pouco mais se conhece que existiu e partiu, já que
nenhum dos seus membros alguma vez regressou.
André Diniz, com este ponto de partida, elabora um relato em
que aborda as motivações do protagonista, a sua personalidade, o seu
relacionamento com os outros membros da expedição e com os indígenas de uma
aldeia e o fim – ficcional mas possível – que poderá ter tido.
Bem escrita, em ritmo moderado, a história prende o leitor
que – introduzido a Fawcett no prefácio que Diniz escreveu – avança página após
página, descobrindo mais sobre ele e esperando a revelação do que aconteceu ao
explorador.
Flavio Colin, com um traço cheio, generoso e expressivo,
recria com um preto e branco contrastante os perigos da selva amazónica e as
lendárias civilizações que são, afinal, mote, objectivo e utopia desta
narrativa.
Fawcett
André Diniz
(argumento)
Flavio Colin
(desenho)
Devir Livraria, Brasil, Outubro de
2010
160 x 230 mm, 56 p.,
pb, cartonado, R$ 13,50
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