Equilíbrios
Na sua nova vida aos quadradinhos, Michel Vaillant atingiu a velocidade de cruzeiro, num álbum - o primeiro da terceira temporada da série actual - em que continua a equilibrar a sua vida desportiva com a sua vida familiar e que também marca o seu regresso a Portugal, a par de uma outra surpresa.
Previsto para Janeiro último, em simultâneo com a edição francófona, a edição deste Duelos acabou por se atrasar devido à pandemia.
Se na fase inicial desta ‘nova temporada’ das aventuras de Michel Vaillant, houve um foco principal nas questões de relacionamento familiar - e mesmo exteriores a esse meio - desde o álbum anterior são de novo as corridas a ter a principal atenção dos autores. O que não significa que não haja neste diversos relatos paralelos, em especial aquele que, a dois tempos - se centra no pai Vaillant e que trará novidades relevantes para a organização familiar e empresarial do clã.
Apesar disso, acredito - continuo a acreditar - que a pendência dos argumentos para o lado competitivo é um passo (largo) em direcção aos fãs de sempre da série, mais interessados nas vitórias do campeão francês, do que propriamente na sua vida familiar mas, em termos narrativos, isso acaba por ser penalizador, com a história a perder diversidade e o seu lado mais humano, em especial quando, como neste álbum, temos várias páginas dedicadas (quase) em exclusivo a sucessivas classificações - e outras (mais) ao percurso das diversas classificativas.
Duelos, marca o regresso de Michel aos ralis e evoca uma outra situação, o confronto geracional - entre o protagonista e um jovem piloto da sua equipa - já várias vezes abordado no consulado de Jean Graton, que serve para Lapière. Benéteau e Dutreuil avaliarem o carácter de um e outro - e não resistirem a expor, mais uma vez, a superioridade moral do seu herói.
Este álbum, marca igualmente o regresso do piloto Vaillant a Portugal, para participar naquele que já foi em tempos o ‘melhor rali do mundo’, numa longa - mas anónima, pela falta de elementos identificadores na paisagem - sequência de 8 páginas. Que, curiosamente, é antecedida pela aparição de uma solitária bandeira portuguesa ‘perdida’ numa classificativa do Rali da… Suécia! Simples curiosidade ou erro de montagem (das pranchas) de Claude Hauwaert? [Em tempo útil: afinal é mesmo verdade, um leitor atento descobriu a foto original que serviu de base ao desenho, com a tal bandeira portuguesa no rali sueco. O link está nos comentários.]
Graficamente, este álbum apresenta um traço mais simplificado em relação aos iniciais desta nova vida, com muitos fundos quase vazios e alguns problemas na representação dos rostos, que, em minha opinião, são especialmente visíveis no que a Steve Warson diz respeito, ele que surge como ‘convidado inesperado de última hora’ para participar no ‘duelo’ final.
Michel
Vaillant #9:
Duelos
Denis
Lapière (argumento)
Bejamin
Benéteau
e Vincent
Dutreuil
(desenho)
Antoine
Lapasset (cores)
Claude
Hauwaert (montagem das pranchas)
ASA
Portugal,
Abril
de 2021
225
x 298 mm, 56 p., cor, capa dura
14,95
€
(imagens disponibilizadas pela ASA; clicar neste link para apreciar mais; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Curiosa imagem, talvez uma homenagem representativa do Português que anda pelos 4 cantos do mundo :)
ResponderEliminarBoa noite, a bandeira estava mesmo lá : https://rallystar.net/wrc-toyota-gazoo-racing-targets-a-third-sweden-triumph/
ResponderEliminarAhah! Isto é que é realismo! Obrigado, já introduzi uma adenda ao texto.
EliminarBoas leituras!