Acabado de editar pela Arte de Autor, o
segundo volume de “Spaghetti Bros.” continua a fazer desfilar
perante os nossos olhos a crónica quotidiana dos irmãos
Centobucchi: Amerigo, Frank, Antonio, Caterina e Carmela.
Ou, dito de outra maneira: o gangster,
o padre, o polícia, actriz e a dona de casa (que também é
assassina a soldo e prostituta de luxo). Ou ainda, o capital, a
religião, a lei, a cultura e o povo.
Unidos pelos laços de sangue, mas separados por tudo o mais, as traições que cometeram, os segredos que esconderam (ou descobriram), as mentiras que contaram, os irmãos Centobucchi, descendentes de italianos, em busca do sonho americano, na terra de todas as oportunidades - ou de todos os oportunistas? - nos conturbados anos 1930, vão desfilando perante os nossos olhos, como que numa farsa de Gil Vicente, com apurados tons de comédia, tragédia e crítica de costumes, movidos pelos fios invisíveis puxados pelos hábeis titereiros que são Carlos Trillo e Domingos Mandrafina.
A narrativa é sincopada, ao ritmo das histórias curtas de 8 páginas que, completas em si mesmas, ganham maior expressão quando lidas em sequência, formando como que um puzzle maior, alargado, que permite ver os defeitos e os podres de cada um, embora continuem presos à imagem que pretendem evidenciar, derreados pelos segredos que querem guardar, esmagados pelo peso das traições que cometeram e do conhecimento do que os seus familiares foram e são.
A um tempo desencantado e mordaz, violento e sórdido, o relato, servido por um preto e branco contrastante, parco nos traços mas muito expressivo e de grande legibilidade, vai-nos narrando o quotidiano de cada um, a forma como se vão cruzando, raramente para o bem, quase sempre para o mal - comum. Depois da apresentação da família no primeiro volume, desta vez a narrativa gira em torno do casamento de Amerigo, que ignora que a noiva o trai com um dos irmãos e que um dos seus sobrinhos está a par de tudo pois… quem sai aos seus, não degenera!
Spaghetti Bros
#2
Carlos Trillo
(argumento)
Domingos
Mandrafina (desenho)
Arte de Autor,
Portugal, Abril
de 2021
210 x 285 mm,
196 p., pb, capa dura
22,75 €
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Maio de 2021; imagens disponibilizadas pela Arte de Autor; clicar aqui para visualizar mais imagens ou nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Sou fã da família Centobucchi!
ResponderEliminarDa família, não sei... ;) Da série, sem dúvida!
EliminarBoas leituras!